Por Érica Marcondes

O que aconteceria se você rebatesse uma bola de beisebol a 90% da velocidade da luz? Qual a velocidade máxima permitida para passar de carro por uma lombada sem morrer? Se os robôs causassem o apocalipse, quanto tempo a humanidade duraria? 

Essas e outras charadas – parte do famoso blog do garoto prodígio da NASA, Randall Munroe, e que deu origem ao livro “E se? Respostas científicas para perguntas absurdas” – foram a inspiração para revestir em forma de adesivo as paredes internas do banheiro unissex (a pedido dos próprios usuários) e são apenas um dos motivos que fazem do novo laboratório de inovação de 700m2 da Serasa Experian, em São Paulo, uma instalação realmente “fora da caixa”.

Localizado no 13º andar do Edifício Central Vila Olímpia (Alameda Vicente Pinzon, 51), o DataLab é uma unidade dentro do grupo focada na análise do uso de novas fontes de dados, combinado com algoritmos de inteligência artificial e a aplicação de técnicas tradicionais ou inovadoras. Quando necessário, além do desafio de pesquisa aplicada, também realiza o trabalho de ida e avaliação de mercado para o serviço ou produto criado, operando como uma startup junto a consumidores e empresas.

Nada mais natural então que o objetivo do novo espaço seja extrapolar a função de um ambiente de trabalho. “Tudo foi pensado para que a equipe se inspire e, principalmente, para permitir que os nossos visitantes, clientes e 50 cientistas de dados que farão uso do laboratório possam ter uma experiência memorável”, destaca Marcelo Pimenta, Diretor do DataLab, durante o tour com a INFRA.

Para isso, a personalização foi um ponto forte do projeto assinado pelo escritório Melina Romano Interiores. “Baseado no briefing altamente detalhado pela área de Engenharia da Serasa Experian, nossa proposta envolveu espaços funcionais, carregados de tecnologia e inovação, de uma maneira integrada. Setorizar sem compartimentar”, destaca a Designer de Interiores, Melina Romano. 

Outra questão importante, segundo ela, foi materializar um projeto capaz de atender públicos que trabalham em diferentes turnos. “A primeira ideia foi trazer conforto – traduzido na madeira (100% reciclável), nos tons claros e até mesmo no formato das salas. Para este efeito, fizemos bom uso do pé-direito duplo e utilizamos também a ideia das caixas de exportação. Em resumo esse espaço, nada mais é, do que as garagens de tecnologia onde nascem os projetos inovadores”.

Lounge inusitado

Logo na entrada, é possível se surpreender com uma estrutura que mistura estante e arquibancada, complementada por pufes geométricos e mesas de apoio que facilitam o dia a dia de quem quer trabalhar, bater um papo ou até mesmo fazer uma refeição rápida. Mas o protagonista mesmo dessa recepção é a réplica quase que em tamanho real do DataLab Truck, um caminhão que percorre as cidades brasileiras para levar a missão e expertise da área.

“O espírito do DataLab Truck é explicar assuntos, algoritmos e soluções complexas de maneira simples e lúdica. Lá são apresentados protótipos em desenvolvimento que fazem parte do portfólio da Serasa, além de promover debates sobre qualidade de dados e modelagem, entre outros assuntos”, emenda Pimenta, que também fala com orgulho do truck posicionado no lounge (um pedido seu à Área de Engenharia) que é ao mesmo tempo recepção, cozinha e dotado de dispositivos como visão computacional e assistente de voz que permitem uma interação tecnológica. Sem falar que durante a festa de inauguração para os clientes seu teto serviu de palco para a banda. “E o resultado foi incrível”, garante ele. (Assista ao teaser que disponibilizamos no nosso canal TV Facility)

Já no staff...

Além de salas de reuniões, outras menores de concentração, mesões e lockers muito charmosos, lousas interativas, um laboratório de Internet das Coisas e uma espécie de jardim com grama sintética de onde é possível contemplar toda a área de staff, o espaço nada convencional ganhou também uma área chamada jungle, rede de 80 metros quadrados localizada sob o teto de vidro das salas de clientes que pode ser usada para leitura, descanso ou reunião informal. Modulares, lembrando o desenho de uma residência e com fortes propriedades acústicas, as salas de empresas permitem que até cinco clientes possam trabalhar lado a lado, simultaneamente, mantendo a qualidade e o sigilo das informações.

“Estamos preparados para atender companhias que queiram desenvolver soluções de ponta a ponta. Normalmente, nossos clientes passam ao menos três meses dentro do DataLab junto com os nossos cientistas de dados e engenheiros de software para desenvolver novas tecnologias que tragam mais competitividade aos negócios”, conta Pimenta ao explicar o Synergy, um programa prático de imersão em pesquisa e desenvolvimento.

Os nomes das salas – Iron Maiden, Pink Floyd, Led Zeppelin, Jimi Hendrix e David Bowie – só reforçam a forte identidade dos “donos da casa” e suas preferências. Pensadores inovadores da história, que influenciam a equipe de alguma forma, também estão retratados em quadros suspensos no alto do local. Assim como as referências encontradas no painel com facilitação gráfica localizado na recepção, que mistura parte da árvore de neurônios do anatomista espanhol Santiago Ramón y Cajal com representações neuronais artificiais utilizadas para aprendizagem de fala, conhecimento de padrões de imagens ou palavras. 

É um convite à interação tecnológica, que também pode ser apreciada ao percorrer a escada que leva à sala de descompressão – com sofás, jogos e videogames para todos os gostos e idades. Durante o trajeto e com a ajuda de um aplicativo de realidade aumentada desenvolvido especialmente para este fim, o visitante pode interagir com as 29 referências “escondidas” nos traços que revestem as paredes, a exemplo dos primeiros registros de arte em uma caverna na Austrália, ou descobrir como o próprio cientista de dados desenvolve seu raciocínio a partir de uma determinada problemática.

“Com o Marcelo, a nossa área de Engenharia é sempre muito desafiada. E isso é muito saudável. Assim como em outras mudanças de space planning, o nosso prazo foi bastante enxuto (um mês de projeto e 70 dias de obra executada com propriedade pela Lock Engenharia), e o resultado é surpreendente. Aprendemos muito, desde a fase de estudos para a escolha do imóvel (que levou em conta facilidades de serviços e comércio no entorno, mobilidade, segurança porque muitos usuários trabalham de madrugada e laje com pé-direito duplo), até a escolha dos fornecedores e a implantação efetiva do laboratório. Ter um cliente que sabe o que quer, com todos os detalhes especificados no briefing, agilizou e facilitou todo o processo; tivemos inclusive um saving no final do projeto. Posso garantir que em nove anos de Serasa Experian esse é o case mais ‘fora da caixa’ que já gerenciamos. Foi o que mais nos inspirou e mostrou que podemos ir além. Estamos muito orgulhosos do novo espaço”, conclui a arquiteta Aline Navarrete, Coordenadora de Engenharia.

O laboratório de inovação DataLab em São Paulo é o terceiro centro de inovação da Experian no mundo, junto com Londres (Inglaterra) e San Diego (Estados Unidos). 

É ou não é um ambiente instigante voltado à construção de soluções inteiramente inéditas e disruptivas? Vale, com certeza, uma visita!

Leia aqui a matéria na versão digital, com fotos do escritório.