3º Fórum InfraFM Indústrias
 

Sede por conhecimento

Simpósio Internacional de Operações em Facilities Hospitalares, promovido pelo HCor, compartilha tecnologias e melhores práticas em limpeza, segurança, tratamento de resíduos, gestão de excelência e lavanderia

Por Érica Marcondes

Lançar mão da inovação para uma operação eficaz com o propósito de atingir resultados de excelência e agilizar processos que se traduzem em ganhos financeiros e melhores cuidados aos pacientes. Esse tem sido um dos pilares trabalhados pela Gerência de Operações do Hospital do Coração (HCor), que realizou no dia 25 de agosto, em São Paulo, o I Simpósio Internacional de Operações em Facilities Hospitalares.

O objetivo do evento, que contou com a participação de 280 profissionais – entre diretores, gerentes, coordenadores, supervisores de operações e facilities, hotelaria e profissionais da saúde – foi auxiliar na propagação de algumas das últimas tecnologias e melhores práticas em limpeza, lavanderia, segurança, tratamento de resíduos e gestão de excelência.

“O investimento em inovação torna-se cada vez mais essencial. Ao reunir palestrantes nacionais e internacionais que muito têm a contribuir em seus segmentos de atuação, queremos gerar oportunidades para o aperfeiçoamento e atualização profissional, apoiando a disseminação de conhecimento relevante e a inovação na área da saúde. Estamos muito felizes com o retorno positivo dos participantes que já perguntam por uma segunda edição”, comemora Katia de Assis, Coordenadora da Gerência de Operações do HCor, responsável pela formatação do encontro.

Além da qualidade das apresentações, o participante teve acesso ao que há de mais tecnológico na área de Higiene. Houve demonstrações (até mesmo inéditas no território brasileiro) de equipamentos que prometem revolucionar a maneira de promover a limpeza e a desinfecção de ambientes e objetos.

Desinfecção através da luz ultravioleta

Arquiteto principal da Diversey Care, nos Estados Unidos, Rick Dayton demonstrou os diferenciais do MoonBeam™3, tecnologia de desinfecção UVC. Com três braços articulados e ajustáveis individualmente, o equipamento é portátil e foi projetado para desinfecção rápida e sob demanda de superfícies de alto contato em quartos de pacientes, acessórios fixos, teclados, monitores e estações de trabalho móveis. A luz UVC direcionada fornece desinfecção ideal a partir de 90 segundos. Além disso, sua tecnologia de sensor remoto desliga o dispositivo caso haja interrupções, assegurando que pacientes, colaboradores e visitantes não sejam expostos à luz UVC durante a operação.

Outra solução inovadora apresentada pelo executivo é o SKY 7xi®, que também utiliza a luz ultravioleta de alta densidade no espectro “C” com o máximo de proximidade para desinfetar completamente um dispositivo móvel. O raio penetra nas células de patógenos (como vírus, bactérias e esporos), quebrando a corrente do DNA no momento da multiplicação da célula, tornando o organismo inativo.

Já nos corredores…

Se tais tecnologias surpreenderam dentro do auditório, nos intervalos foi a vez da nova autolavadora de pisos Taski Intellibot (SWINGOBOT 1650TM), da Diversey, ideal para ambientes de saúde, educação, varejo e indústria.

Tecnologia e desempenho juntos que proporcionam eficiência operacional. São 17 sensores que captam os obstáculos (fixos ou móveis) para estabelecer uma rota alternativa, quando necessário, além de quatro modos de operação: manual (autolavadora convencional tracionada); modo spot (limpeza pré-definida para uma área determinada); modo área (para locais menores e sem a necessidade de estabelecer um mapa); e modo mapa (estabelecendo uma rota específica: corredores + salas, por exemplo).

Sua interface com o operador possibilita a criação de relatórios detalhados, incluindo hora do login, fim do turno de trabalho e as áreas limpas. Seus componentes de serviço podem ser facilmente acessados. Suas características incluem ainda uma área de trabalho com 74cm e rodo com 81cm para atender as mais diversas necessidades de utilização. Um painel de operação com tela sensível ao toque (com ícones) orienta o usuário sobre todas as funções, independentemente do idioma ou nível de habilidade.

Segurança patrimonial

Vice-presidente da Pelco Latinoamerica by Schneider Electric, Victor D. Merino destacou o alto impacto que as tecnologias têm na vida das pessoas e, principalmente, sobre os ganhos proporcionados pelas câmeras de alta definição e com visão 360 graus, e pelas ferramentas analíticas para o segmento da saúde. “Câmeras não desempenham somente o papel de segurança. Elas podem agregar e muito para o sistema de gestão como um todo”, lembrou.

Para ele, a forma como os resultados serão interpretados é a chave da questão. Gerar valor com a informação. E aí é possível prever uma integração cada vez mais forte e fundamental entre as áreas de Facility Management e Tecnologia da Informação.

Na prática, é identificar quantas e quais pessoas entram e saem desses ambientes, se há atitudes suspeitas etc. Essas informações podem gerar relatórios importantes que determinarão horários de pico e, consequentemente, tomadas de decisão para reforçar o atendimento, definir planos de evacuação (quando necessário) e elevar a satisfação dos usuários. Enfim, otimizar a operação.

Conseguir controlar remotamente a temperatura e/ou a iluminação é outro ponto a favor para ganhar tempo, dinheiro e segurança, assim como o abrir e fechar das portas, o acionamento de cortinas/persianas, gerenciar sensores e gases, sistemas acústicos e de vibração, de proteção contra incêndio, além do rastreamento de ativos. Segundo Merino, uma pesquisa recente realizada nos Estados Unidos detectou que uma enfermeira perde uma hora do dia procurando dispositivos como um estetoscópio, por exemplo.

Inovações no tratamento de resíduos

Gerente Executivo Nacional da Stericycle Brasil, Christian Medeiros falou sobre a evolução no tratamento e destinação de resíduos em serviços de saúde, que atualmente corresponde a 1% de toda a quantidade de resíduos gerados no Brasil ou 4,8 milhões de quilogramas por dia de resíduos para tratamento ou diretamente para aterros.

O desafio, segundo ele, está na diversidade dos materiais: infectantes, perfurocortantes, quimioterápicos, medicamentos vencidos, orgânicos e comuns, recicláveis, documentos confidenciais, pilhas e baterias, eletrônicos e os chamados materiais perigosos – complexidade na gestão de múltiplas cadeias de resíduos nos hospitais que leva a uma gestão dividida entre os vários departamentos, e ao grande risco de exposição a falhas ou processos pouco otimizados, sem falar no aumento das exigências ambientais por conta da poluição atmosférica.

Detalhou os novos tratamentos: processo de decomposição química (destilação seca) e processo de desativação térmica em meio líquido. Este último, por exemplo, promove a redução no volume e na umidade dos resíduos (seco ou com baixa umidade) – resíduo com poder calorífico. E ainda chamou atenção para o fato de que 21% dos acidentes de trabalho em hospitais e instituições de saúde ser causados por objetos perfurocortantes, expondo os profissionais ao risco biológico e implicação de custos diretos e indiretos para todo o sistema de saúde, que incluem o atendimento com profilaxia e tratamento, o absenteísmo e a perda de profissionais devidamente treinados e capacitados. 

“O Brasil é um dos poucos países a usar as caixas descartáveis, que apresentam uma série de pontos negativos, como montagem trabalhosa, demorada e imperfeita; impossibilidade de rastreamento; abertura que não protege a mão dos profissionais; entre outros. Diante desse quadro, a Stericycle vem propondo uma mudança no cenário: um sistema que substitui as tão conhecidas caixas de papelão descartáveis por coletores de plástico reutilizáveis. Trazem segurança, uma vez que ficam dentro de gabinetes trancados à chave; possuem tampas com travas especiais que só podem ser abertas com equipamento específico; e são transparentes, ou seja, é possível ver quando a capacidade do recipiente está chegando no limite máximo. Assim, é possível garantir mais segurança para pacientes, profissionais de saúde e funcionários que realizam a coleta. Temos reduzido para zero o número de acidentes relacionados ao descarte de perfurocortantes”, explicou Medeiros.

A novidade faz parte de um programa chamado SafeCycle, um sistema inovador de gerenciamento de perfurocortantes que altera todo o processo de descarte, coleta e transporte desse tipo de material. Segundo a empresa, a coleta passa a ser realizada dentro da área do hospital por funcionários treinados da Stericycle – atualmente, na maioria dos hospitais, a retirada das caixas de papelão e o transporte até os setores de armazenamento temporário e de expurgo são realizados pelos próprios servidores do hospital, como enfermeiros, técnicos de enfermagem, equipes de higienização e limpeza etc. Como são reutilizáveis, os recipientes plásticos passam por processos de limpeza e desinfecção devidamente controlados: análises para verificar e comparar a carga microbiana antes e depois do processo de desinfecção, seguindo rígidos padrões internos baseados em normas americanas para equipamentos de saúde”.

Prestação de serviços com excelência

Referência em todo o mundo sobre como encantar clientes, o case Disney foi apresentado sob as lentes de Facility Management por Alexandre Espindola, um dos maiores especialistas no modelo de gestão da The Walt Disney Company no Brasil. 

Você sabia, por exemplo, que:

• No Magic Kingdom, toda a operação de FM acontece no subsolo, em uma área de 65 mil m2 com túneis a vácuo de ar comprimido que transportam os resíduos?

• A quantidade resíduos reciclados/ano é de 24 mil toneladas sem o envolvimento de terceiros?

• Trata-se do maior guarda-roupa do mundo, com 2,5 milhões de peças?

• São quatro grandes lavanderias automatizadas para 150 milhões de quilos de roupa por ano?

• Há o escaneamento peça por peça, levando a uma evasão de uniformes a praticamente zero?

• São cem mil pessoas diariamente no parque para cuidar da Limpeza?

O sucesso vem da forte filosofia de separar o palco dos bastidores. Confira algumas das dicas de como empresas de todos os portes e segmentos podem se inspirar no jeito Disney de encantar clientes:

1) Tenha atenção precisa aos detalhes. Cuide das pequenas coisas e surpreenda por meio delas;

2) Construa experiências. Cada contato com o cliente não deve ser apenas uma relação de troca, mas sim uma oportunidade de viver uma experiência memorável com ele;

3) Entregue mais do que ele veio buscar. Vá além, tudo que você conseguir entregar a mais vai permitir que ele perceba mais valor e não lhe compare apenas pelo preço;

4) Use a empatia no atendimento. Walt Disney falava que precisamos vestir a pele do cliente e é necessário envolver-se com seus problemas;

5) Crie o fator “Uau!”. Faça um mapeamento dos momentos de contato e combustão. Crie ícones-marcos para que ele possa dizer “Uau!”.

Lavanderia do futuro

O tema “Lavanderia” foi apresentado por dois profissionais da área. Sam Kielman, Regional Manager da Pellerin Milnor Corporation, forneceu vários exemplos de sistemas de lavanderias em operação nos Estados Unidos, que se adéquam a necessidades como: redução de mão de obra, túneis que utilizam menos água que uma extratora e modelos que podem ser instalados em áreas com pé-direito mais baixo.

Já Andrea Chiavacci, Gestor de TI e Qualidade da Servizi Italia, falou das inovações no processamento e distribuição de roupas. A última palavra no assunto é o controle de peças utilizando a tecnologia Radio-Frequency IDentification (RFID), em processo de implantação no Grupo NotreDame Intermédica (GNDI), por meio de dois fornecedores: Lavsim (da Servizi Italia) e Atmosfera (da Elis). Saiba mais no quadro da página 39.

Gestão de resultados

Gerente de Operações do HCor, responsável por uma área de 55 mil m2, Domenico Caruso compartilhou um case repleto de inovações quando o assunto é limpeza hospitalar. Oportunidades para reduzir custos com pessoal, produtos químicos e água; modernizar os processos de limpeza; reduzir riscos de acidentes; promover a sustentabilidade ecológica; reduzir o absenteísmo; e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para isso, fazer uso da nanotecnologia foi uma das sacadas: incorporar uma engenheira química na equipe trouxe entendimento sobre os processos químicos. Ou seja: apenas quebrando as moléculas, foi possível ter água alcalina (que faz papel de detergente) capaz de limpar com eficiência e sem o uso de outros produtos, ou água ácida (desinfetante). Detalhe: não mancha nem danifica o piso, evita que o colaborador tenha contato com produto químico e ainda retira da rua o caminhão que serviria para transportar o material.

Com a mecanização, a economia foi de 89% com apenas uma máquina. Foi possível reduzir de uma hora para 18 minutos o tempo de limpeza de uma área de corredores de 240 m2. Já com a gamificação, houve o maior engajamento das pessoas, estímulo positivo à competitividade entre os agentes da limpeza, valorizando-os e otimizando os processos e a superação das metas. 

“O facility manager e o hospital como um todo precisam ter coragem. Estar abertos às novas tecnologias que podem agregar valor à operação, às pessoas e aos negócios”, resumiu ele.

Lavanderia com tecnologia RFID

Atualmente, o Grupo NotreDame Intermédica possui 17 unidades hospitalares, dois prontos-socorros e 70 centros clínicos que utilizam serviços de lavanderia. “Nosso enxoval é 100% locado, através de dois contratos com controles que utilizam a tecnologia RFID”, conta Hermes Zanona, Gerente Corporativo de Infraestrutura do GNDI.

A gestão do contrato está sob a responsabilidade da Gerência de Administração de Serviços e Facilities, por meio da Coordenação de Higiene e Limpeza à frente de toda a operação. Nas unidades hospitalares, a operação local é executada pela equipe de rouparia que responde para a coordenação de Hotelaria de cada local, em média três funcionários por unidade hospitalar. Mensalmente são lavadas 298 toneladas de roupas de todo o grupo.

O novo sistema, que utiliza a tecnologia RFID, consiste em peças de roupas com chip embarcado, que permite a leitura através de antenas pré-instaladas na lavanderia em todos os processos de higienização, e nas unidades onde o GNDI tem antenas na entrada da rouparia, na mesa de distribuição dos quites e nos expurgos onde saem a roupa suja.

Foram seis meses de projeto interno para o estudo de custos e quantificação e padronização, e três meses de implantação. Além disso, são dois contratos divididos logisticamente em região A e B, que atendem todas as unidades da GNDI.

Os principais pontos que levaram à decisão de um projeto de 100% de locação foram:

• Diminuição nos custos quando somados: a aquisição de enxoval, prestação de serviços de higienização (lavagem) e custos administrativos (compra, estoque, logística, distribuição) dos enxovais próprios. “Nosso estudo permitiu baixar custos da ordem de 12%”.

• Quantidade correta de roupas nas unidades. “No modelo anterior tínhamos sobras e faltas, pois o tempo de reposição dos enxovais próprios nem sempre acontecia no prazo necessário, fazendo com que algumas unidades mantivessem estoques além do necessário e outras com falta para completar a operação diária”.

• No modelo 100% locado, tem-se um rol pré-definido de trocas por dia da unidade e o controle de leitura do chip em todo o processo (lavanderia x rouparia x distribuição interna da unidade x lavanderia), permitindo que a roupa suja retirada no dia anterior retorne nas mesmas quantidades de peças limpas no dia seguinte; além da diminuição de custos administrativos.

“Também teremos uma operação profissional, com controles informatizados que facilitarão tomadas de decisão, estatísticas confiáveis, informações on-line de todas as unidades de forma individual ou consolidadas, além de agilidade em ajustes na operação para aumento e diminuição de quantidades, quando necessário”, complementa Zanona”.

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