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De estagiária à presidência: a trajetória de Fernanda Aragão na EQS

Desafios, tecnologia, ESG e o momento do setor de manutenção predial no país

Por Léa Lobo

De estagiária à presidência, a trajetória de Fernanda Aragão na EQS


​Aos 40 anos, Fernanda Aragão Lopes carrega duas décadas de trajetória dentro da mesma empresa — e o peso de liderar um time de 8 mil colaboradores em uma das companhias mais relevantes do setor de engenharia de manutenção do país. À frente da EQS Engenharia, ela é prova viva de que gestão, resiliência e inovação podem (e devem) andar juntas. Em entrevista exclusiva ao portal InfraFM, Fernanda revelou como construiu essa carreira de forma orgânica, enfrentando desafios técnicos, culturais e geracionais — sem jamais perder o foco nas pessoas.

“Comecei aqui aos 18 anos, quando a EQS era uma empresa familiar com 60 colaboradores. Fui crescendo junto com ela, passando por áreas comerciais, administrativas, operacionais e financeiras”, lembra Fernanda. O marco mais importante de sua carreira foi a entrada de um fundo de investimento em 2018, que impulsionou a profissionalização da companhia e exigiu dela uma guinada completa na forma de liderar. “Deixamos de olhar só para a produção de caixa e passamos a operar com governança, auditorias e foco em EBITDA (ou LAJIDA em português, significa "Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). Foi um verdadeiro reset.”

​Infraestrutura inteligente e gestão nacional

Com presença em mais de 5 mil cidades brasileiras, a empresa atua em contratos de infraestrutura predial nos segmentos de telecomunicações, indústria, bancos e setor público. Seu foco é manutenção — elétrica, hidráulica, refrigeração, civil e até linhas de transmissão — e, cada vez mais, contratos integrados em que a empresa se posiciona como parceira estratégica.

“A demanda do cliente mudou. Hoje ele quer um fornecedor que resolva tudo. Foi por isso que nos adaptamos e expandimos nosso escopo para facilities services, como limpeza e portaria, embora com forte viés técnico”, explica Fernanda.

A tecnologia tem papel central nesse modelo. A EQS é desenvolvedora do ArenaGo, um software próprio de gestão operacional que digitalizou os processos da empresa e elevou a performance técnica. “Com ele, sei em tempo real onde está cada técnico, o que ele fez, por onde passou. A IA já nos ajuda a verificar fotos de antes e depois das preventivas. E estamos integrando ainda mais recursos”, conta.

ESG como atitude genuína

Muito antes do ESG virar sigla da moda, a EQS já praticava ações ambientais e sociais com impacto concreto. De descarte consciente de resíduos a programas de voluntariado e combate à violência, a cultura ESG está enraizada na companhia. “Fomos pioneiros em buscar certificações e boas práticas. Nosso papel social é enorme: são 8 mil colaboradores, o que impacta indiretamente a vida dessas pessoas. Isso não pode ser negligenciado”, afirma a presidente.

Fernanda também destaca o desafio de fazer com que os valores da empresa cheguem com clareza até o colaborador mais distante, inclusive nos rincões do Brasil. “Queremos que a mensagem de cultura, segurança e propósito alcance até aquele que está lá no Acre. Para isso, estamos investindo em comunicação regionalizada e em padrinhos locais.”

​Pessoas no centro, sempre

O maior desafio para Fernanda, contudo, não é técnico. “É gestão de pessoas”, dispara. “A nova geração tem outra visão: não quer só salário. Quer propósito, quer bem-estar, quer flexibilidade. A legislação está mudando com a NR1, mas nós já nos antecipamos com programas de saúde mental, treinamentos e acompanhamento psicológico.”

Com foco em manter talentos e preparar líderes mais sensíveis, a EQS aposta em iniciativas personalizadas, em tecnologia de apoio emocional e em capacitação contínua. “Estamos formando gestores que saibam equilibrar técnica e empatia. Queremos pessoas contratadas por competência e promovidas por desempenho, mas com cultura forte e valores alinhados.”

O que vem pela frente

Fernanda vislumbra grande crescimento no próprio mercado em que já atua — engenharia de manutenção — e vê oportunidades especialmente em aeroportos, portos e mineração. “Nosso setor é gigantesco e ainda pouco consolidado. Dá para crescer muito, inclusive dentro dos próprios clientes, oferecendo soluções mais integradas.”

Com os olhos no futuro e os pés fincados na realidade do presente, ela encerra com um recado direto aos contratantes de serviços: “Escolham empresas sérias, que investem em pessoas, que pagam em dia e cuidam dos seus. Porque quando você contrata alguém como parceiro, ele passa a ser uma extensão da sua empresa. E os valores precisam estar alinhados.”


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