Segurança viária: como empresas podem agir diante das quase 100 mortes diárias no trânsito

Painel reúne especialistas para abordar como o gestor de frotas pode usar dados, tecnologia e políticas internas para reduzir acidentes e promover uma cultura de segurança no trânsito

Por Redação

Segurança viária: como empresas podem agir diante das quase 100 mortes diárias no trânsito

Foto: Canva.com/IvanSpasic


O Brasil registra cerca de 100 mortes por dia no trânsito, segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). No estado de São Paulo, de janeiro a março de 2025, foram contabilizadas mais de 2 mil vítimas fatais em acidentes, conforme dados do Infosiga-SP.

Diante desse cenário, a segurança viária foi tema do painel “Segurança no Trânsito: Inovações e Tecnologias”, realizado durante o evento Frotas Conectadas. O encontro reuniu representantes de empresas de tecnologia, logística, direito e organizações do setor público para tratar das possibilidades de prevenção de acidentes com o uso de soluções digitais e mudanças nos processos internos das empresas.

Durante as apresentações, os painelistas abordaram a importância da atuação das empresas na prevenção de comportamentos de risco, especialmente nas organizações que operam frotas. Um dos pontos centrais foi a figura do gestor de frotas, responsável por integrar sistemas de monitoramento, conduzir ações educativas com os motoristas e implementar políticas que estabeleçam padrões de conduta no uso de veículos corporativos.

Fabiano Reis, CEO da Sillion, destacou que, mesmo com a presença de sistemas de telemetria e alertas embarcados nos veículos, os comportamentos de risco persistem entre os condutores: “a maioria dos acidentes ainda acontece, mesmo com dispositivos embarcados, porque as pessoas são negligentes com relação à informação que a própria tecnologia traz para elas.”

Paulo Renato Jotz, diretor da Creare Sistemas, apresentou exemplos de tecnologias que monitoram comportamentos como sonolência, uso de celular, ausência de cinto de segurança e distrações visuais. Segundo ele, os dados gerados precisam ser analisados de forma sistemática pelas empresas: “Na medida que você começa a monitorar e exigir que o seu motorista não use o celular ao volante, e tem uma mensagem que o sistema fala ‘não use o celular ao volante’, isso pode ser reforçado positivamente com prêmios e reconhecimento.”

O painel também discutiu a formalização de condutas por meio de políticas de frotas. Vinicius March, da Jusfleet, defendeu que a prevenção de acidentes deve começar na definição de regras e treinamentos internos: “A ideia é evitar uma multa, evitar um acidente. Então tudo o que a gente puder fazer pensando na prevenção, a gente vai desenhar na política de frotas nesse sentido.” Ele também destacou que a estruturação de contratos e processos permite que as empresas adotem medidas preventivas antes da ocorrência de incidentes.

A participação de Paulo Guimarães, presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), trouxe a perspectiva da formulação de políticas públicas baseadas em evidências. Ele relatou experiências com estudos que utilizam telemetria em áreas urbanas para mensurar o uso do celular por condutores e as variações de velocidade, como forma de identificar padrões comportamentais. “A política pública brasileira necessariamente precisa ser construída a partir de dados e evidências, e a tecnologia é essencial para isso.”

O painel foi moderado por Rafaela Cozar, da Roda Brasil e do Sindicamp, que abordou a importância da comunicação interna das empresas e a necessidade de inserir o tema da segurança viária na rotina das equipes, por meio de campanhas e orientações permanentes.

Os dados apresentados durante o painel apontam que mais da metade dos acidentes têm origem em falhas humanas, segundo o Ministério dos Transportes. A atuação do gestor de frotas, aliada ao uso de tecnologia e à padronização de condutas, foi apresentada como um caminho para redução de riscos operacionais e preservação da integridade dos motoristas e da coletividade.

Empresas que operam com transporte e logística passam a ser inseridas diretamente na agenda da segurança viária, não apenas como usuárias da malha viária, mas como agentes responsáveis por estabelecer critérios objetivos para o uso dos veículos sob sua gestão. Entre os pontos destacados no painel estão o uso de sensores embarcados, sistemas de vídeo com inteligência artificial, treinamento de motoristas, comunicação de alertas em tempo real e bonificação por desempenho seguro.


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