Medidas de compliance, anticorrupção e promoção da integridade evoluem

Perspectiva é de saltar de 24% para 65%, até 2020, parcela das organizações que adotam lista de 15 boas práticas corporativas

Notícia publicada em 13 de dezembro de 2018

Há uma evolução consistente na adoção de práticas de compliance, anticorrupção e promoção da integridade corporativa pelas empresas que operam no País, aponta o estudo "Integridade Corporativa no Brasil - Evolução do Compliance e das Boas Práticas Empresariais nos Últimos Anos", realizado pela Deloitte e pela ICC Brasil, com 211 organizações. O levantamento identificou que, até 2020, 65% das empresas entrevistadas adotarão ao menos 15 práticas de compliance, em meio a um cenário marcado por investigações como a Operação Lava Jato em curso e a recente entrada em vigor de regulamentações relevantes, como a Lei Anticorrupção e a Lei de Governança em Estatais.

A pesquisa, elaborada entre junho e outubro de 2018, avaliou a aderência das empresas a 30 práticas e identificou que as participantes estão em fase de plena adoção de 15 delas. De forma geral, as empresas apresentam uma evolução, já que, entre 2012 e 2014, apenas 24% aderiam a essas mesmas práticas e, entre 2015 e 2017, esse percentual chegou a 46%, com a perspectiva de alcançar 65% até 2020.

Alguns exemplos dessas práticas são a adoção de indicadores de conformidade, o comprometimento da alta administração com a efetivação de boas práticas, a condução de investigações internas, a definição de medidas disciplinares, controles financeiros, a implementação de canal de denúncias anônimas, código de ética e conduta, auditoria externa, auditoria interna e avaliação de riscos de forma periódica e documentada. Auditoria interna (68%), auditoria externa (73%), código de ética e de conduta (62%) e comprometimento da alta administração (61%) continuam sendo as iniciativas mais adotadas. Os principais desafios apontados pelas empresas estão no aumento de escopo das áreas de compliance, no monitoramento de terceiros e das atividades cotidianas. 

Um terço das organizações entrevistadas experimentou algum evento de fraude ou irregularidade entre 2012 e 2017, conforme o levantamento. Em mais da metade dos casos, a ocorrência foi descoberta por meio de denúncia interna ou por processos de controles internos, o que revela a relevância que as organizações pesquisadas estão direcionando ao fortalecimento das linhas de defesa no processo de governança corporativa. "Os resultados mostram um significativo avanço e refletem um compromisso das empresas com a melhor gestão de seus riscos, mas significam também que, apesar da evolução, temos uma jornada a percorrer ainda para o fortalecimento de pilares importantes do processo de compliance", comenta Alex Borges, sócio-líder da área de Risk Advisory da Deloitte.

Muitos esforços estão em curso. Entre as medidas em fase de implementação (2018 a 2020), cabe destaque para controles financeiros (adotados por 71% das entrevistadas), avaliação de risco (67%) e programa de compliance concorrencial (41%). "A ideia desse estudo é reconstruir a credibilidade das empresas brasileiras no exterior, e, consequentemente, mostrar sua disposição em atender seus parceiros de negócio. Por isso, o compliance não pode ser visto como um custo, mas sim como um ativo que contribui para o crescimento dos negócios", comenta Gabriel Petrus, CEO da ICC Brasil.

Quando perguntadas sobre quais seriam os principais desafios nessa área, as empresas participantes apontaram, em relação ao período de 2012 a 2014, para aspectos estruturais, como ausência de pessoal e de infraestrutura tecnológica. Os desafios emergentes que vêm sendo endereçados traduzem uma preocupação de que o compliance, de fato, esteja integrado à estratégia e possa trazer valor para a organização. "A adoção de novas tecnologias e a sofisticação de processos e sistemas trazem novas oportunidades na gestão de riscos e prometem ser o alicerce dos avanços que estão por vir", completa Daniel Feffer, Chairman da ICC Brasil.

Compliance impacta positivamente no resultado financeiro

A contribuição do compliance no resultado financeiro é admitida pela maioria das organizações: 84% reconhecem essa correlação. Entre os riscos, a maior preocupação é com a imagem da companhia (item indicado por 71%), seguido por sustentabilidade do negócio (70%), proteção do valor da empresa perante incertezas do cenário político e econômico (51%), exigências regulatórias locais (47%) e internacionais (36%), entre outras. "Nesse sentido, a documentação e implementação de processos e de sistemas de controle ganham destaque e devem concentrar os investimentos para os próximos anos", afirma Ronaldo Fragoso, sócio da área de Risk Advisory e líder de Risco Regulatório da Deloitte. 

Comunicação de casos que apresentam irregularidades

Quanto aos casos de irregularidades investigados pelas próprias empresas, valem destaque situações de denúncia interna (57%), processos de controles internos (51%), revisão de gerenciamento (25%) e denúncia externa (25%) como os principais canais de comunicação de fraudes. Os casos mais relatados são de pagamentos irregulares e comissão de fornecedores, conflitos de interesse, favores pessoais e presentes inapropriados.

Amostra e metodologia do estudo

O levantamento, elaborado entre junho e outubro de 2018, contou com a participação de 211 organizações atuantes nos setores de manufatura, serviços e infraestrutura. Do total, mais de um quarto tem receita líquida superior a R$ 10 bilhões e 36% são de capital estrangeiro ou misto.

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