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Uma operação que roda!

A gestão da Roda Rico tem como objetivos proporcionar alegrias e experiências únicas aos visitantes, sem perder de vista a segurança.

Gestão da Roda Rico

Foto: Divulgação

Por Léa Lobo

Quem ainda não viu no Parque Cândido Portinari uma instigante roda-gigante? A Roda Rico, que começou a funcionar em dezembro em São Paulo chegou para somar às atrações turísticas e ao skyline da cidade. Ela está localizada em uma área de 4,5 mil metros quadrados, no Parque Cândido Portinari, ao lado do Parque Villa-Lobos. A atração é gerida pela Interparques, empresa especializada em parques e atrações turísticas. O equipamento foi inspirado na London Eye, que é uma das maiores do mundo, com dimensões maiores do que ícones do turismo mundial como as versões em Paris,Toronto e Chicago.

A roda-gigante integra o programa Novo Rio Pinheiros, conjunto de ações do Governo para revitalizar a região. “Essa é uma parceria da iniciativa privada com o Governo do Estado de São Paulo que vai valorizar a região e investir em melhorias de um dos lugares de maior movimento na cidade, estando próximo a centros empresariais e com mercado imobiliário enriquecido”, afirma.

Cícero Fiedler, CEO da SPBW. “Teremos, ainda, um programa de educação socioambiental para jovens, que apresentará as características geográficas da região, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030”, completa.

Para Adriana Levisky, arquiteta responsável pelo projeto, o novo equipamento turístico tem o potencial de criar identidade, gerar um marco visual e paisagístico e, para além disso, criar uma possibilidade de visualização e de relação com a cidade e seus rios de um ponto de vista não usual: a cidade vista de cima.

O passeio na Roda Rico tem duração de 25 a 30 minutos, mas o espaço conta com muitas outras atrações para o público, como operações de bebidas, pipoca, sorvete e açaí e espaços instagrameáveis. São 42 cabines equipadas com ar-condicionado, monitoramento por câmeras, interfones e wi-fi. A estrutura também terá iluminação cênica, que pode ser personalizada para cada situação, se tornando parte da vista da cidade. O espaço também é pet friendly, proporcionando aos visitantes levar seus animais domésticos de pequeno e médio porte.

Para destacar a importância do dia a dia da gestão da roda-gigante, convidamos Marcelo Mugnaini, Diretor de Operação na Roda Rico para compartilhar como é a gestão do equipamento, acompanhe:

Gestão da Roda Rico - Marcelo Mugnaini

Quem é o Marcelo Mugnaini?
Sou paulistano (50) com mais de 20 anos de carreira no setor automobilístico com experiência nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento do Produto, Desenvolvimento Estratégico de Fornecedores, Negociações Comerciais pela Área de Compras, Desenvolvimento de Concessionárias, Soluções e Estratégias de Pós-Venda para Peças, Serviços, Pneus e Seguros. E desde fevereiro de 2022 vim para o mundo do entretenimento que é uma mudança radical.

Como chegou na Roda Rico?
Eu já tinha contato com os acionistas (SPBW – São Paulo Big Wheel), com quem já tive a oportunidade de trabalhar por anos. Eles também tinham negócios de representações de marketing no setor automobilístico dos quais eu era o responsável. Eu estava morando em Santa Catarina quando eu recebi o convite e, apesar de adorar Santa Catarina, trabalhar neste projeto e na área de entretenimento, era um convite irrecusável.

Como é trabalhar no mundo do entretenimento?
Mudar radicalmente para o entretenimento é muito gostoso, pois tem muitas oportunidades. Anteriormente, eu trabalhei com eventos no setor automobilístico. Trabalhei com o Salão do Automóvel, inaugurações e lançamento de produtos etc. Esta experiência que já envolvia a satisfação de clientes é um dos pontos que a gente trabalha muito forte aqui, estruturando toda essa realidade. O grupo já tem experiência, já tem outra roda-gigante, como a de Balneário Camboriú e temos outros empreendimentos voltados para o turismo. Tive a oportunidade de conhecer, de vivenciar um pouco deste setor e ganhando mais aprendizado. Embora seja um desafio grande, montar e cuidar de uma grande obra de engenharia como essa é encantador e eu estou me divertindo.

O projeto é da Rico Investimentos e a gestão é da SPBW?
Não, na verdade tudo começou com o projeto da revitalização do Rio Pinheiros porque a Secretaria de Infraestrutura do Meio Ambiente, que é detentora dos parques, tinha interesse de colocar uma atração na região. Daí surgiu a licitação onerosa da roda gigante da qual o grupo Interparques foi o ganhador da licitação. Ou seja, o poder público cede o direito de exploração do parque em troca de uma remuneração pré-estabelecida. Do outro lado, o grupo XP Inc., será a detentora dos “naming rights” da atração, que nada mais é do que o direito sobre a propriedade de nomes, uma prática bastante comum entre empresas, que compram ou alugam o nome de algum estabelecimento, espetáculos culturais e/ou esportivos trocando para o nome da própria empresa. Além da exposição da marca, uma das principais motivações é a de estabelecer uma conexão orgânica e direta com um público cada vez maior, a partir de experiências únicas.

Por que o nome Roda Rico?
A roda-gigante é para todos os públicos, todas as classes e para todas as tribos. A Rico chegacom essa ideia, com essa pegada, de ser uma coisa mais de entrada para todos os públicos, para todas as pessoas que queiram entrar nessa área de investimento, numa conta digital, como é o caso que temos com uma fintech, como a XP. E junto deles nós também temos a AXA que é uma seguradora francesa que entrou como patrocinadores e certificadores da parte de seguros.

Como é gerenciar o dia a dia da operação?
Vou começar pelo processo de checklist, onde há uma verificação de toda a roda. Ele é feito em dois módulos para o módulo um, que é o de manutenção, fazemos todas as verificações técnicas necessárias, como as preventivas, as corretivas e tudo que temos em nosso planejamento, da troca de uma lâmpada até a verificação, por exemplo, se o gerador funciona no estágio de back-up, como podemos atender um resgate de emergência. Tudo isso nós fazemos diariamente e em três turnos. Então, a manutenção acontece durante o dia, na parte da manhã, no turno da tarde e no turno da noite. Muitas coisinhas que acontecem durante o dia, por exemplo, queimou uma lâmpada tanto do empreendimento quanto da roda, a gente tem esse tempo de correção para fazer a noite. E a manutenção, todas as segundas-feiras e terças-feiras pela manhã, a gente utiliza esse tempo, esse dia para fazer os serviços mais pesados.

A manutenção do ar condicionado é um deles?
Sim. Vamos imaginar que o ar condicionado deu um problema numa cabine. Cada cabine é igual a um quarto de hotel. A única diferença que temos é como se fosse um split, um ar condicionado central, eu tenho comandos centralizados, mas cada cabine tem a sua máquina e seu ar-condicionado, eles são isolados. Então vamos imaginar que eu tenho que trocar um compressor, mexer em algum circuito eletrônico do próprio ar-condicionado. Aí eu tenho durante o dia esta operação mais pesada e aquelas verificações pesadas a gente faz durante esse dia de manutenção e da mesma forma temos o módulo dois, que é o operacional.

Como está planejado este segundo módulo?
Este processo cuida da operação desde a venda do ingresso até a chegada do cliente, o embarque e desembarque dele, aqui também temos um checklist operacional. Querendo saber seus pontos, o sistema está funcionando, se está operando se os leitores de código de barra estão funcionando, se é dinâmica das pessoas, se a pipoca vai ficar com aquele sabor maravilhoso, se o chope está saindo gelado, ou seja, acompanhamos esta experiência do cliente diariamente. Além disso, temos o monitoramento da própria roda e de sua utilização. Não sei se todos conhecem, mas a roda-gigante tem uma dinâmica de carregamento e descarregamento, ela é uma gangorra na verdade. Dessa forma, não adianta colocar uma cabine atrás da outra com as oito pessoas (capacidade por cabine) porque ela não vai fazer o movimento giro. Porque ela tem um peso muito concentrado lá. Então, às vezes, as pessoas não entendem que precisamos fazer essa distribuição do peso e permitir que a roda funcione com carga balanceada e com muita segurança.

Quanta energia é necessária para funcionar tudo?
Hoje temos a concessionária Enel, lembrando que condominialmente estamos dentro do parque. Trabalhamos com 16 motores elétricos - que é ecologicamente correto - para fazer a movimentação da roda. Obviamente que conseguimos, em um regime de emergência, trabalhar com menos motores, que estão acoplados ao aro movimentado pela lateral. Temos o transformador e geradores, tudo customizado para a nossa aplicação. Nesta época de verão com muitas chuvas, às vezes temos quedas de energia. Por isso, fazemos as verificações diárias, para saber se tudo está funcionando do jeito certo. A ainda temos mais um gerador de backup, exclusivamente para o painel de controle, onde podemos fazer, por exemplo, a condução da roda numa situação exclusivamente de resgate.

Colaboradores são próprios ou terceirizados?
Basicamente são colaboradores próprios, por CLT. Temos um quadro em torno de 100 pessoas, sendo que terceirizamos limpeza e segurança, com especialistas. Inclusive na segurança, compartilhamos com a mesma empresa do parque, pois temos sinergias de gestão, de acompanhamento e de atividades simultâneas que nos ajudam bastante. Os demais colaboradores da parte de alimentação, bebidas, operacional, marketing, compras, RH, manutenção, tudo isso fica por conta própria. Os técnicos de manutenção são nossos, são profissionais com habilidade em eletroeletrônica. Temos muitas coisas de automação na roda, semelhantes a linhas de produções de uma fábrica, por conta do funcionamento de portas, de cabines, questionamentos mecânicos, os motores etc. Temos muita coisa mecânica também na parte de estruturas que precisa desse acompanhamento do embarque e desembarque. Então, as pessoas foram contratadas com algumas qualificações, como resgate, rapel, para se precisar de alguma uma emergência eles saibam como proceder.

Gestão da Roda Rico - equipe

No início de fevereiro, toda a equipe se reuniu para conversar sobre os principais marcos nos primeiros dois meses de operação. Cada área reforçou os principais indicadores e informou aos atendentes como eles podem tornar a experiência dos visitantes ainda mais mágica.
Foto: Divulgação

Quais os protocolos principais no contrato de segurança? 
Começando pela de segurança, pois a roda está integrada ao parque. Precisamos zelar por tudo. No primeiro andar, por exemplo, temos a lojinha do souvenirs, a parte de alimentação, sorveteria, cafés, pipoca e, por ser uma área aberta, temos que trazer a segurança. Então, o principal protocolo é garantir que essas pessoas estejam num ambiente seguro e que sejam bem atendidas, porque em geral as empresas de segurança elas são mais focadas para atender resistências e aqui os profissionais precisam ser mais receptivos para atender ao cliente, com alegria e sem hostilidade. Inclusive os seguranças portam as câmeras e áudios individuais para que possamos monitorar a qualidade do atendimento. Aqui é como nos aeroportos, para embarcar antes eu preciso passar no raio-x. Não é possível subir somente para tirar uma foto. Aqui é que nem o aeroporto, processos são fundamentais para garantir o bom funcionamento.

E quanto a limpeza e higienização?
Temos um trabalho imenso para deixar uma área pública limpa. Aqui, caiu uma pipoca já estamos limpando. A preocupação é de que a área esteja limpa, que seja receptiva, que seja agradável e temos esse cuidado, não só com o elemento, com a roda, com o negócio, mas que tenhamos um ambiente propício a isso. Um exemplo, uma criança derruba um balde de pipoca inteiro cair no chão na área do parque, onde clientes estão passando, a primeira ação é repor o balde de pipoca pra criança e, na sequência, rapidamente limpamos o acesso. Já com as cabines, até em virtude dos protocolos de pandemia, continuamos até hoje com a higienização das cabines em todo o desembarque, antes que o próximo público entre para ocupação.

Existe algum projeto para ampliar essa área de entretenimento?
Sim. Até por curiosidade, durante o processo da montagem, nós tínhamos uma estrutura metálica grande, estrutura de onze metros de altura, é um pórtico metálico que usamos para fazer a montagem. No final das contas íamos nos desfazer dela e tivemos a ideia de utilizá-la como uma parede de escalada, que com ajustes, poderemos receber até o campeonato mundial.

A roda-gigante acaba sendo mais um cartão de visita da cidade, certo?
Sim. Inclusive ficamos muito contentes, porque recentemente numa pesquisa do Estadão,sobre quais os novos ícones da cidade de São Paulo, a Roda Rico ficou em primeiro lugar. Enfim, temos tantas atrações interessantes, mas vemos que realmente falta uma identificação clara para São Paulo, pois geralmente os pontos que chamam atenção é a avenida Paulista, às vezes o MASP, a Ponte Estaiada, que são simbólicos. Nós nos baseamos muito na realidade da London Eye, que está sempre entre as tops 5 mais visitadas. As rodas-gigantes têm seu charme e por isso uma aceitação muito boa, as pessoas olham a roda sempre com muita simpatia. A roda foi recebida de braços abertos pelo paulistano.

O que está deixando você mais feliz com essa gestão?
O que mais me encantou não só por ele ser um projeto único e diferenciado, mas é uma coisa diferente, afinal não é em qualquer momento que temos a oportunidade de montar uma roda gigante. Como interesse, como desafio, como o próprio desenvolvimento do projeto. Inclusive ficou muito legal, sendo muito satisfatório ter essa participação. Mas uma das coisas que é muito bacana é que também trabalhamos com a experiência do visitante. A gente quer trazer novas experiências e as reações nas alturas são diferentes para cada um. A reação durante o dia, outra durante a noite, durante o pôr do sol. Trabalhamos para trazer alegrias, mais experiências diferenciadas. Este momento de estar na roda-gigante e no espaço do parque tem que ser mágico e realmente especial. É o discurso dos acionistas sempre foi assim. Temos que perguntar para o pessoal se foi animado, mas você foi na roda? As pessoas falarem de boca cheia, eu fui, olha, fui lá com tal pessoa, aproveitei e fiz isso, fiz aquilo, tem que ser alguma coisa, que marque, tem que ser uma experiência que fique registrada. Nós queremos experienciar com valor e esse é um desafio enorme, porque para cada um a experiência é diferente. Então, como fazer isso customizado um público de três mil pessoas por dia, como é que você faz com que todo mundo que sai da pista daqui, saia feliz, alegre sai com uma essa experiência de vida pra contar? Então, esse é o grande desafio e é o que mais me motiva a estar trabalhando com alegria das pessoas, é trazer uma experiência legal e fazer com que as pessoas que estejam trabalhando aqui tenham o privilégio de ter essa troca. Que é uma troca, se eu deixo alguém feliz, aquela felicidade reverbera aqui e as pessoas agradecem.

Todo mundo tira foto e tudo isso vira marketing para o negócio. É a questão da comunicação dos acessos ao Wi-Fi?
Temos wi-fi para os visitantes e procurarmos sempre deixar isso mais refinado possível para que a experiência do postar e respostar funcione. Então, estou aqui na roda, faz a live, faz o TikTok, posta no Instagram. Isso é uma dinâmica que vemos que funciona muito bem, nós temos área instagrameáveis, inclusive do próprio patrimônio da Roda Rico, tem toda a letra caixa aqui muito bem posicionada encaixar a roda na foto. Temos também a área da AXA: Eu amo São Paulo. É estamos cada vez mais buscando selecionar esses pontos para tornar cada vez o espaço mais instagramável. E teremos ainda no Show de Luzes, que estamos refinando o processo e queremos fazer em breve um anúncio desse adicional de imagem, ainda com mais destaque.

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