Por Leonardo Cozac*
O radônio é gás invisível, insipido e inodoro originário pelo decaimento do urânio e do tório, dois dos elementos radioativos mais abundantes na crosta terrestre. Ao contrário do que se pensa, átomos de urânio e tório podem estar presentes em todo o tipo de material geológico. Isso significa que toda fração de terra, areia, brita, calcário, mármore, granito etc. contém alguma fração destes elementos radioativos. A quantidade destes elementos em cada material é única e depende de diversos fatores geológicos, ambientais e até mesmo tecnológicos.
Algumas características fazem do radônio um problema de saúde pública em todo o mundo. Ele é um gás radioativo, de origem natural, abundante em toda crosta terrestre e suas características químicas fazem dele um gás nobre, isto é, o radônio é um elemento que não reage com nenhum material sob condições normais de temperatura e pressão. Esta característica faz do radônio um gás invisível a todos os mecanismos e equipamentos utilizados em sistemas de tratamento do ar. Faz dele invisível para nosso sistema imunológico. Não há maneira de filtrar, precipitar, capturar ou destruir o radônio. A única maneira de combater este inimigo em ambientes confinados se dá por ações de prevenção, as quais não serão abordadas neste artigo.
O radônio presente em um ambiente confinado tem sua procedência atribuída a três principais vias de emanação: o solo (sobre o qual o imóvel foi construído), a água (advinda de aquíferos profundos ou até mesmo poços rasos) e os materiais utilizados na construção e decoração (areia, cimento, cerâmica, pedras ornamentais, esculturas, arquivos de decoração etc.). Desses três, o solo é o fator de maior contribuição.
Ao ocorrer um decaimento radioativo, um átomo de 226-rádio se transforma em um átomo de 222-radônio. O radônio formado se desloca para a superfície terrestre por meio de fenômenos de difusão. Ao chegar a superfície, ele se dispersa naturalmente não oferecendo riscos à saúde. Contudo, ao encontrar um ambiente confinado (um imóvel) o radônio é pré-concentrado tornando-se um contaminante letal.
De acordo com Robson Petroni, químico da Conforlab “o grande problema relacionado ao radônio é o fato de que ele é um gás inerte, imperceptível ao nosso sistema imunológico e emissor de uma radiação alfa altamente energética. A radiação alfa é utilizada para fins terapêuticos na destruição de células tumorais. Contudo, a mesma radiação que destrói um tumor, destrói uma célula sadia ou causa sua disfunção. Ao causar uma disfunção em uma célula, pode haver a incidência de um tumor.”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o radônio é o segundo maior causador de câncer de pulmão em seres humanos, perdendo somente para o hábito do tabagismo. Estudo realizado na região da Galícia, na Espanha, obteve uma forte correlação para a incidência de câncer de cérebro com uma maior concentração de radônio no ambiente. Pesquisadores da Suíça correlacionaram a concentração de radônio com o aumento de casos de tumor maligno de pele.
No Brasil, pesquisadores da UFRN correlacionaram a concentração de radônio com o aumento de casos de aborto espontâneo para indivíduos residentes da cidade de Lajes Pintadas (RN). Além disso, diversos estudos têm sido realizados para a investigação da correlação de radônio com o número de casos de câncer de estômago e até mesmo com mutações genéticas observadas em insetos.
De acordo com estimativas da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency), a US EPA, o radônio é responsável por cerca de 21 mil mortes anuais somente nos Estados Unidos. Pesquisas realizadas na União Europeia apontam o radônio como responsável por cerca de 20 mil mortes anuais. Dados oficiais da Statistics Canada (StatCan) atribuem ao radônio cerca de 3.200 mortes todos os anos. O Brasil não divulga dados oficiais referentes ao número de mortes atribuídas ao radônio. Isto se deve à falta de dados relacionados à concentração deste elemento em todos os municípios federativos e à dificuldade de padronização de uma metodologia analítica.
Estudo recente e inédito realizado pela Conforlab em imóveis localizados na região metropolitana da cidade de São Paulo apontam que de 70 ambientes analisados, cerca de 11% apresentaram concentração de radônio acima dos limites recomendados pela US EPA (4 pCi/L). Neste mesmo estudo, a concentração média de radônio para os ambientes estudados foi 2,6 ± 1,1 pCi/L (onde a incerteza corresponde a um desvio padrão para um intervalo de confiança de aproximadamente 68%).
“Ao contrário do que muitos pensam existe radônio no Brasil (e em todos os lugares). A dúvida que devemos levantar não é se há radônio em ambientes confinados, mas sim o quanto há de radônio em ambientes confinados. Uma curiosidade que observamos neste estudo foi de que a concentração de radônio pode variar em diferentes ambientes dentro de um mesmo imóvel. Esta variação pode estar associada com a frequência de uso do ambiente e, principalmente, com suas condições de conservação. Ambientes que apresentam ralos, rachaduras ou problemas de impermeabilização parecem ser mais susceptíveis ao acúmulo de radônio. Em função disso, concluímos que não existe outra maneira de saber qual a real concentração de radônio em um ambiente sem que se faça uma análise detalhada. Um ambiente pode apresentar resultados conformes e outro ao lado apresentar elevadas concentrações do gás.”, completa Robson Petroni da Conforlab.
A Conforlab é especialista na análise e monitoramento de radônio no Brasil, prestando serviços há mais de 20 anos em assuntos relacionados a análises ambientais. Possui laboratórios acreditados na norma NBR ISO/IEC 17025 e foi a primeira empresa nacional certificada pelo programa ELITE para análises de Legionella sp.
Para o Sócio Diretor da Conforlab, o Engenheiro Leonardo Cozac, “nossa empresa sempre busca inovações em assuntos de qualidade do ar interno. Foi assim, com pesquisa e análise da bactéria Legionella sendo o 1º laboratório no hemisfério sul certificado pelo CDC/EUA no programa ELITE. E agora, a empresa traz ao País a tecnologia de análise de Radônio, tendo, contudo, a preocupação ética de conduzir uma pesquisa em verificar se realmente esse gás está presente nas casas, residências e demais ambientes no Brasil.”
* Leonardo Cozac, Engenheiro e Sócio Diretor da Conforlab