Ecossistema de crescimento

Peter Kawamura, Head de Facilities e Real Estate do Grupo Movile nos conta como vem liderando projetos de workplace para o grupo

Por Paula Caires

Em um modelo de gestão democratizada e horizontal, pautada no colaborativismo, área de Facilities Management e Real Estate do grupo Movile, que também integra as áreas Procurement e Office IT, converge os diferentes valores das unidades de negócio do grupo, traduzindo-os em projetos de workplace, como agente catalisador de sucesso para o core business de todos. São seis novos sites em apenas 3 anos

Ecossistema. O termo emprestado da ecologia que, em resumo, significa um conjunto de seres e seu meio ambiente, interrelacionados e interdependentes, é o utilizado pelo Grupo Movile para se autodefinir como “algo composto por agentes diversos que se conectam e que, coexistindo, criam novas formas de ser, agir e pensar”. É essa relação de interdependência que traduz o conceito de #fastertogether e está por trás de toda cultura da empresa de tecnologia líder na América Latina, que já congrega os aplicativos iFood, PlayKids, Wavy, Sympla, Zoop e MovilePay e que já costuma figurar na lista de unicórnios brasileiros (startups que atingem uma avaliação de mercado de US$ 1 bilhão), apesar de não divulgar o seu valor real.

É também esse conceito que permeia a atuação do Head de Facilities e Real Estate, que integra a função de Procurement, responsável pelas compras e relação com fornecedores, e Office IT, responsável pelo suporte em tecnologia, Peter Kawamura. Há três anos, ele vem liderando projetos de workplace para o grupo com o desafio de, por um lado, levar às empresas o know how da holding, sem, no entanto, impor mudanças top to down. “Cada um tem sua cultura, seus valores e acho que isso é o mais legal. Cada um fica com a sua cara, pois tem suas identidade e autonomia preservadas. Replicar é fácil. Entender tudo isso, respeitando as diferenças de cada unidade de negócio é o grande desafio”, destaca ele.

O primeiro projeto foi o da nova sede da holding em São Paulo, com o escritório de arquitetura SCAA e realização pela Omma Arquitetura Engenharia e Construções, entregue em março de 2016 – um espaço de quase 2 mil m que inspira, comunica e fortalece o DNA da marca em cada detalhe.

Fazendo um tour circular pelo espaço, é possível caminhar pelos valores da companhia – gente, foco no cliente, inovação, resultados, meritocracia e ética. “É um projeto que partiu das necessidades do cliente, representado pela presidência e pela diretoria de recursos humanos, com a missão de externar no espaço físico os valores. Por isso, ele é composto como um storytelling, no qual tudo tem um porquê, nada é por acaso”, explica Kawamura.

As estações de trabalho são abertas, com características iguais para todos. Todos mesmo, incluindo o Presidente, já que ele faz questão de estar sempre acessível e, como é já conhecido entre os colaboradores, tem uma gestão bem democratizada ao ponto de “gostar de ser questionado, e não obedecido”. “Por que é open space? Porque todo mundo tem que trabalhar junto. Não temos sala para C-level. Não existe! É tudo aberto e tudo igual. E essa é uma boa prática que replicamos em todas as unidades”, explica o Head de Facilities.

O quadro dos sonhos é outra ideia que traz o espírito colaborativo do “fastertogether” e materializa a importância de sonhar grande. Nele, cada colaborador pode colocar o sonho pessoal que gostaria de realizar, o prazo para tal e o selo conquistado quando se atingi tal objetivo. Em prateleiras, garrafas de espumantes rotuladas com metas reforçam o conceito de mirar algo grande, correr atrás juntos e comemorar.

São singularidades como essas, soluções que fazem sentido, que tornam o projeto de cada unidade de negócio único. Não apenas no que tange à arquitetura, mas na própria maneira de planejar, executar e geri-lo. Por exemplo no caso do iFood, em Osasco/SP, um espaço de 13 mil m entregue em agosto de 2018 (tema de matéria publicada na edição maio/junho da Revista Infra), o projeto seguiu o modelo turnkey, tendo como parceira a IT’S Informov. A Movile fez as vezes de consultoria, atuando na parte de real estate, projeto, obra e entrega, mas não como executora. Já no Zoop, no Rio de Janeiro/RJ, a holding atuou como consultora de real state. O projeto foi assinado pelo SCAA Arquitetura com execução da ACE Construtora. “Ouvir e buscar entender o que posso fazer de melhor para cada unidade de negócio, junto com os demais profissionais são habilidades que fui desenvolvendo e o grande aprendizado é a importância de respeitar o espaço e a cultura de cada um”, comenta Kawamura.

Os dois projetos entregues mais recentemente, que são o Hub de tecnologia em São Carlos/SP e o novo espaço da PlayKids, em Poços de Caldas/MG, são exemplos do quanto o DNA de cada unidade do grupo é o foco do projeto, assim como a realidade e o momento de cada uma, que são sempre respeitados. “Cada unidade de negócio tem seu orçamento e grau de maturidade e temos que respeitá-los, otimizando os recursos. Nosso mindset é trabalhar com o que temos, da melhor forma”, destaca o profissional.

Entregue em agosto desse ano, o hub em São Carlos reúne profissionais de tecnologia e desenvolvedores de unidades do grupo e, por isso, trazia em si o desafio ainda maior de ser um espaço de integração que incentivasse a troca de conhecimentos, mas que também representasse a identidade e a unicidade de cada um.

O espaço foi criado no sistema built to suit (BTS) a partir de uma parceria com o coworking onde a Movile era locatária de uma pequena sala de 25 m. “Queríamos aproveitar o clima do local, o coworking “Onovolab” instalado em um galpão antigo, de 40 anos, onde funcionava uma indústria têxtil. O espaço, portanto, como contextualiza Kawamura “já congregava diversas empresas de tecnologia, o que nos permitiu um excelente benchmark, além de reunir estudantes das melhores faculdades que operam na cidade”.

Para viabilizar o projeto de um espaço inovador com as características que o negócio, o público e as metas do grupo demandavam, coube à Movile inovar e propor um modelo de negócio inédito até então para o coworking. Assim, foi criado um espaço exclusivo e totalmente personalizado de 600 m. 

O layout foi pensado em um formato “helicoidal”, de modo a ligar organicamente todas as estações de trabalho com flexibilidade entre as mesas, que, por sua vez, são “componíveis” por squads, ou seja, encaixáveis umas às outras para configurações diversas, além de serem “rasbicáveis” para que nenhuma ideia escape ao momento. Quadros móveis por todo o espaço em dia com as metodologias ágeis de trabalho e a mesa “Arduina” equipada com impressora 3D para realização de protótipos são outras particularidades implantadas para atender às necessidades do público.

Paralelamente, tudo converge ao centro, onde as partes se conectam em uma grande mesa central. Trajetória simbolizada pela estrutura elétrica aparente, com luzes de led, que passam a sensação de movimento. “Ninguém gosta de fios aparecendo, mas na área de tecnologia não é bem assim. Por isso, a tomada fica em cima da mesa, pois eles querem tudo fácil e acessível. E esse é o diferencial da nossa forma de atuação. Compartilhamos os nossos aprendizados, mas estamos muito abertos a ouvir e a aprender sobre cada um”, explica Kawamura.

No mezanino foi criado um palco com arquibancada para sediar os encontros de troca de experiências e conhecimentos (os meets up), uma área de reunião com pufs e um espaço de descompressão que, assim como na sede, é sala do “don’t panic” (sem pânico). “A chamamos de salinha do Hobbit (personagem fantástico da série homônima baseada no livro The Hobbit de J. R. R. Tolkien) porque ela tem uma entrada pequena, que obriga a pessoa a se abaixar”, conta Kawamura ao passar, com brilho nos olhos, por cada item do espaço. Para ele, “o maior reconhecimento foi quando o head do projeto disse que realmente havíamos entendido o que ele queria. Foi uma satisfação para todos nós da equipe, pois dentro de nossos valores, somos muito meritocráticos”.

Para a Play Kids a primeira fase (de um total de três) foi entregue em novembro desse ano, unificando três espaços em um. São 145 estações de trabalho em formato open space, com uma vestimenta completamente diferente. Temas infantis reforçam a identidade da marca, espaços abertos seguem a linha de todo o grupo, que preza por um trabalho colaborativo, e o guia dos sonhos ganhou sua versão própria. “O projeto é feito, executado e gerenciado todo internamente, com a contratação de fornecedores locais, sem construtora e sem escritório de arquitetura. Deixamos da melhor forma possível, reforçando a identidade deles, mesmo tendo um budget mais enxuto”.

 Na Zoop a ideia já foi trazer o lado de fora para dentro, com áreas abertas, grandes janelas e muita luz natural. A árvore do conhecimento trouxe o conceito estreado na sede do grupo, mas com suas próprias formas, enquanto a sala de treinamento foi algo inédito em relação aos projetos anteriores, por uma necessidade específica da unidade de negócio.

Ao todo, foram seis sites em cidades diferentes, somando mais de 19 mil m, nos últimos três anos, tendo a área de Facilities Management como uma plataforma de integração e compartilhamento de experiências e conhecimento, atuando como agente catalisador de inovação e crescimento, pois, como representa uma das mensagens do Grupo Movile, juntos não somos apenas mais fortes, mas também mais rápidos.

O olhar do FACILITY MANAGER

Com 16 anos de experiência em facilities, para Kawamura o profissional é “a ponte entre o projeto e a prática, pois traz o olhar diferenciado para a gestão”. É esse olhar peculiar e técnico que dá fundamento às escolhas, desde a seleção dos locais, que leva em consideração à facilidade de acesso das pessoas e a infraestrutura do ambiente externo, até a definição de layout e tipos de materiais a serem utilizados. “Não é questão de gosto, nem de vontade, é questão técnica e de estratégia”, destaca o profissional.

Foi com o embasamento que a profissão confere que ele conseguiu aprovar a implantação de um Data Center no meio de um escritório, o que facilitaria a expansão do mesmo, com economia e agilidade, apesar da resistência inicial do cliente.

A partir desse mesmo olhar, o revestimento da sede é feito de uma espécie de tecido (flotex), de superfície plana em substituição à trama dos carpetes convencionais, que garante o conforto acústico do carpete, com menor necessidade de manutenção, menos trabalho de limpeza e menos risco à saúde. “Integrando o projeto, tem várias coisas de facilities que conseguimos mitigar”. São coisas simples, que fazem toda a diferença, como uma tomada no lugar certo para facilitar o serviço de aspiração, uma torneira no lugar ideal ou a criação de espaço para depósito de limpeza, que faz muita falta no dia a dia. “Depois, fica muito mais fácil fazer a gestão de tudo isso”, resume Kawamura.

A habilidade de se relacionar também é essencial a uma atuação tão diversificada e dinâmica, seja para ouvir diferentes clientes ao mesmo tempo, gerir equipes diversificadas, fornecedores e manter um bom relacionamento com os diversos públicos. “Relacionamento é fundamental”, cita Kawamura, lembrando as adaptações e melhorias que conseguiu junto ao condomínio da sede em São Paulo. “Provocamos o condomínio e conseguimos várias coisas, como melhorias no fluxo de entrada e saída de pessoas e no bicicletário, que existia, mas não tinha local para deixar a bicicleta, e esse era um espaço que havia sido solicitado pelos nossos colaboradores.

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