Análise setorial da educação superior privada do Brasil

Em sua 12ª edição a análise setorial 2019, apresentada em dez capítulos pela Hoper Educação, sinaliza que o mercado educacional mudou e mudará ainda mais, e que o futuro aluno está mais criterioso em suas escolhas

Por Léa Lobo

Conteúdo publicado em 25 de setembro de 2019

Otimização do campus para as gerações que estão chegando, virtualização do negócio (crescimento do EaD), novas regulamentações do MEC, incremento de novas tecnologias, abordagem inédita sobre retenção de alunos. Esses são somente alguns dos fatores a serem pensados com cuidado e profundidade quando falamos no novo mindset do Gestor Profissional das Instituições de Ensino Superior (IES), e que interferem diretamente na atividade de gestão da infraestrutura e dos serviços dos edifícios educacionais.

Essas temáticas, na verdade, são uma breve amostra do que poderá ser encontrado na Análise Setorial da Educação Superior Privada Brasil 2019, lançada pela Hoper Educação em agosto. Em sua 12ª edição, o material apresenta análises e informações relevantes, atualizadas e estratégicas para o aprofundamento no estudo do mercado educacional brasileiro.

A análise setorial viabiliza aos gestores de IES, investidores e pesquisadores do setor, condições de ampliarem suas avaliações sobre o desenvolvimento do mercado educacional brasileiro. Apresenta ainda, segundo a ótica de inteligência de mercado e da experiência de mais de duas décadas da Hoper Educação, as prospectivas para o setor.

A 12ª edição está dividida em dez capítulos

1) Panorama da Educação Superior no Brasil – Números e Prospectivas.

2) Nova onda da EaD no Brasil: Sucesso e Crise Simultâneos.

3) Cenário das Práticas de Precificação na Educação Superior.

4) Pesquisa Inédita sobre Indicadores da Gestão Financeira de IES.

5) Configuração dos Grupos Consolidadores no Mercado Educacional Brasileiro.

6) Gestão da Permanência Eficaz: Mitigando a Evasão na Educação Superior.

7) Indicadores de Sustentabilidade Acadêmica.

8) Planejamento Patrimonial e Sucessório para Instituições Educacionais.

9) Novo Mindset do Gestor Profissional da IES.

10) Novo Contexto da Educação Básica no Brasil.

Acompanhe agora, uma rápida entrevista com o CEO da Hoper Educação, William Klein que conversou com a INFRA para comentar um pouco mais sobre a análise do mercado educacional.

Destaque alguns pontos relevantes da pesquisa.

No primeiro capítulo da Análise Setorial vamos do mercado para o ponto que interessa ao nosso cliente. Ou seja, um panorama da educação superior, estatísticas e números de cursos, matriculados, ingressantes, prospectivas do tamanho do mercado. O que fazemos é sintetizar o que acontece no mercado da educação superior, que hoje tem mais de oito milhões de alunos nas graduações presenciais e à distância. Chegamos a esse número com o impulso muito grande do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), especialmente entre os anos 2012 e 2015. Mas o Fies foi perdendo força quando mudou suas regras na virada do ano de 2014 para 2015. Nos últimos quatro anos, as matrículas continuaram a crescer, mas puxadas pela modalidade à distância. Tem existido uma migração do aluno da modalidade presencial para a modalidade a distância, então as instituições estão cada vez mais investindo e se desenvolvendo para crescer dentro desta modalidade.

A modalidade a distância vem trazendo cada vez mais cursos também?

Hoje tem um grande debate no País sobre os cursos na área da saúde, pois eles geralmente tem um ticket médio alto. Ou seja, as instituições precisam se organizar bastante para ter bons cursos na área da saúde, uma área que não é fácil de transportar para a Educação à Distância, o que faz com que tenha poucos cursos da área para EaD. Outro ponto, são os cursos de Direito, que até então não eram à distância e começam a ser estruturados também para essa modalidade, já que é mais simples de fazer isso. Quando o curso de Direito for liberado para a modalidade EaD, estimamos uma entrada de 16 mil alunos já no primeiro ano (gráfico abaixo).

Por que motivo você acha que cresceu o Ensino à Distância?

Cresceu porque é bem mais barato, mais acessível. Para o aluno brasileiro da educação superior, 50% deles é de baixa renda, é um aluno que precisa trabalhar para poder pagar suas contas, então ele geralmente vai estudar quando ele consegue e, às vezes, ele tem dificuldade até para estudar à noite. Então, a Educação a Distância surge como uma possibilidade de altíssima flexibilidade, são poucas agendas presenciais, e quando o curso é 100% on-line, ele vai apenas para a prova, assim o aluno cursa uma graduação no horário que ele tiver disponível.

Falamos de oito milhões e 300 mil alunos de universidade. Quantos deles são à distância?

Dados de 2017 do MEC mostram que 1.420.000 estudantes são ingressantes da modalidade presencial e 900 mil na modalidade EaD. Ou seja, 2/3 são os ingressantes da EaD e os ingressantes do presencial diminuíram. A base de matriculados do Ensino à Distância cresce cada vez mais e hoje são mais de 1.600.000 estudantes na EAD, e outros 4.700.000 no presencial (gráfico pág. 26).

A crise econômica tirou muita gente da universidade?

A crise econômica no setor de educação pode ser apresentada com os mesmos números de desempregados. Há uma relação direta da empregabilidade e das matrículas na educação superior. Toda a vez que se recupera empregabilidade, que a economia está melhor, a gente ganha na educação superior. Já na educação básica é diferente, porque o aluno consegue sair da educação privada e ir para a pública muito rapidamente, pois tem vaga gratuita para esta migração, já na educação superior é o inverso.

A rentabilidade das universidades vem do aluno dentro da sala de aula, certo?

Em épocas de crise você precisa ter uma gestão eficiente para o menor custo possível da IES. A questão é que há uma grande evasão de alunos ao longo dos cursos. Por exemplo, se 30 estudantes começam o curso e dez abandonam no meio do caminho. Um curso com uma mensalidade de R$ 500,00, dez alunos pagam por mês R$ 5.000,00, eles pagam R$ 60 mil reais/ano, então se a universidade perdeu dez alunos, ela abre mão de uma verba de R$ 60 mil reais... Essa conta simples não era tão importante no passado, os mantenedores olhavam apenas para os ingressantes, agora, com o mercado tão concorrido, precisam olhar para a gestão da permanência, não podem perder esse recurso que custou caro para captar.

Nunca vimos tanta publicidade sobre cursos, como hoje em dia...

O mercado de educação está vivendo o seu período de maior concorrência em toda a história. Os grandes grupos educacionais já importaram o marketing agressivo de outros setores como o de tecnologia. Você chega em uma cidade e tem muitos polos educacionais um ao lado do outro. É fácil ver este fenômeno nas cidades com mais de 250 mil habitantes você vai ter sempre pelo menos dois ou três polos de EaD na região do terminal de ônibus, onde estão os potenciais alunos. E qual deles o aluno vai escolher? .... você fala: o aluno não vai saber o que fazer, aí as universidades entrão numa guerra marqueteira pela diminuição de custos, e em muitos casos todos perdem: o aluno e a universidade que não consegue pagar as contas.

O que mais você gostaria de destacar, que é importante para o setor?

Os gestores das instituições continuam trabalhando na nova modalidade de gestão, em que não se preocupa só com a captação dos alunos mais também com a permanência desses alunos. Essa gestão se dá por duas frentes importantes: 1. relacionamento humano; e 2. infraestrutura e serviços. A guerra dos valores das mensalidades acaba por trazer mensalidades parecidas. Mas como o aluno escolhe? Depois do valor da mensalidade que ele pode pagar, a localização da universidade, se o curso é presencial e/ou a distância e as opções diversas dada pelas instituições. E aí ele começa a checar a qualidade, que pode ser elencada por critérios subjetivos. Tem os amigos que indicam; parentes que estudaram lá; nota de avaliação do curso no Ministério da Educação (MEC); resultado de empregabilidade; perenidade da instituição, o aluno pensa, por exemplo: “daqui dez ou vinte anos, eu vou mostrar um certificado de graduação dessa faculdade, será que terá valor? Essa faculdade vai existir daqui a 20 anos?”. Enfim, o grande diferencial é que o aluno de hoje sabe escolher muito bem o que ele quer: tecnologias? Boa infraestrutura? Bons serviços? E aí também entra a área de vocês que é o Facilities Management, que está o tempo todo procurando espaços que atendam às demandas individuais de seus clientes, cada vez mais criteriosos por melhor custo/benefício.

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