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O impacto das tecnologias emergentes no mundo e suas oportunidades

3º Congresso FEI de Inovação destaca o papel fundamental da tecnologia para uma vida de qualidade além dos cem anos no trabalho, saúde e bem-estar

Por Larissa Gregorutti

Conteúdo publicado em 4 de dezembro de 2018

Para discutir sobre temas que impactam diretamente o futuro da sociedade, o Centro Universitário FEI realizou nos dias 16, 17 e 18 de outubro a 3º edição do Congresso de Inovação e Megatendências 2050 e trouxe ao centro do debate a relação da tecnologia com o trabalho, a saúde e o bem-estar.

Realizado no campus da instituição, em São Bernardo do Campo (SP), o evento contou com painéis, debates e a participação de CEOs, presidentes, membros do governo, acadêmicos selecionados de grande destaque, jornalistas e profissionais de diferentes companhias, e foi transmitido on-line para um público externo de mais de 3.200 internautas.

Com base no tema, em 2050 seremos dez bilhões de habitantes no planeta. A tecnologia terá papel fundamental frente aos desafios que virão. Qual o nosso papel neste cenário para melhorar a qualidade de vida? Essa foi uma das questões levantadas durante o Congresso que segundo Prof. Dr. Fábio do Prado, Reitor do Centro Universitário FEI, abordou tendências que ao mesmo tempo inquietam pelo desconhecimento e incerteza, fascinam pela novidade e grandiosidade dos resultados já anunciados e experimentados: “Nesta edição, o tema nos estimula a refletir de que forma a informação digital e as novas tecnologias tem transformado o ambiente de trabalho contribuindo para a longevidade da vida e para o bem-estar das gerações futuras. É natural que esse tema traga para o contexto o uso de conceitos como Inteligência Artificial (IA), aprendizagem de máquina, Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things – IoT), Big Data, realidade virtual, realidade aumentada, robótica, manufatura auditiva, sequenciamento genético, entre tantos outros, com foco na forma como tais tecnologias ocuparam novos espaços nas vidas das pessoas. No centro de discussão estará a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar, sem os quais nada disso teria o menor sentido, e os limites éticos da aplicação das novas tecnologias.”

Confira a seguir os principais destaques do Congresso FEI de Inovação que a Revista INFRA selecionou para esta edição, com a visão de profissionais que atuam em diversas frentes do mercado de trabalho e vivem o impacto diário dessas transformações tecnológicas.

O futuro do mercado de trabalho

Logo no primeiro dia de congresso, Mauro Kern, Vice-Presidente Executivo de Engenharia da Embraer comentou sobre o impacto que a tecnologia está causando no mercado de trabalho, desenvolvendo máquinas que realizam tarefas que antes eram realizadas por pessoas. A pergunta que fica, segundo o Especialista, é: “O trabalho das pessoas vai desaparecer?”

Segundo Kern, hoje 57% dos empregos estão vulneráveis por conta da automação. Com isso novos talentos serão requeridos e habilidades terão que se transformar. “O Fórum Econômico Mundial tem tratado desse assunto e caracterizou algumas das habilidades que o profissional do futuro precisará ter”, comentou o Vice-Presidente, que especificou as habilidades a seguir:

• Criatividade humana: sempre haverá um ser humano para desenvolver algoritmos por trás das máquinas. A criatividade continuará sendo requerida.

• Inteligência emocional: como a gente vive e lida com outros seres humanos que estão nessa mesma jornada vai fazer muita diferença. Hoje nas empresas, pessoas são contratadas por habilidades e demitidas por atitudes. Como se relacionar de forma positiva e construtiva, faz toda diferença.

• Tomadas de decisões: são os marcos que definem o desenvolvimento e fazem com que projetos sejam realizados no tempo certo.

• Colaboração e comunicação: é preciso aprender a desenvolver principalmente a habilidade de comunicação, porque ela complementa uma cadeia de eventos. Trabalharemos em times, redes de equipes, por isso ambas são habilidades que os jovens precisam ter.

• Compartilhar conhecimento e ensinar: cada um, à medida que recebeu determinado conhecimento, torna-se responsável para transmiti-lo para aqueles que o cercam, isso é definitivo para o futuro do nosso trabalho.

E concluiu, “Temos um futuro extraordinário à nossa frente, em que nós somos os protagonistas. Estamos vivendo uma época como jamais se viveu na humanidade, tudo está melhor e a tendência é positiva. Nós olhamos para o futuro e vemos incertezas, e isso cria instabilidade. Porém não podemos ficar parados, devemos estar em constante movimento, para aproveitar cada momento com prazer”.

Para saber se essa revolução digital e cognitiva aumentará o desemprego, Octávio de Barros, Sócio da Quantum4 Soluções de Inovação compartilhou que a nova globalização faz com que negócios que antes eram verticalizados, sejam cada vez mais horizontalizados.

As empresas estão sendo instadas cada vez mais a investirem fora de seu negócio para não serem atropeladas pela realidade. Além disso, a sociedade está caminhando para uma era pós-industrial, em que a indústria se fortalece à medida que incorpora serviços de valor em suas atividades.

Segundo Barros, antes, a globalização era baseada pelo comércio de bens e mercadorias; hoje, ela é marcada pelo fluxo de dados, de informações e de serviços, ou seja, depende essencialmente de plataformas tecnológicas.

O desafio nesse sentido é que Brasil não fique parado no tempo e desenvolva suas próprias plataformas digitais, pois ao se distanciar dessa agenda veloz de digitalização, mais difícil será lá na frente para a recuperação da economia do País.

“Estamos migrando de um mundo da ‘economia de posse’ para a ‘economia da experiência’. Então, hoje há uma necessidade da personalização da experiência, ou seja, eu não preciso mais ter um carro, eu preciso usar um carro, não preciso ter uma casa, eu preciso usar uma casa, e assim por diante.” Explicou o Especialista, que pontuou que foi dessa mesma forma que surgiu à ideia do compartilhamento.

Sobre o aumento do desemprego, Barros esclarece que estão faltando 160 mil profissionais na área de Data Analytics. Então conclui, esse será um mundo desafiador, onde haverá desemprego, porém, haverá também muitas oportunidades relevantes na área de tecnologia. Para não ficar para trás, será preciso se atualizar sempre.

A educação do profissional do amanhã

Para falar sobre a qualidade das atividades que desempenharemos no futuro, o Prof. Dr. José Cláudio Securato, Presidente da Saint Paul mostrou como as escolas devem encontrar o caminho da mudança para a transformação digital.

Segundo o Presidente, o modelo clássico de ensino não funciona mais, assim como o modelo clássico de varejo, da indústria e de hospitais, que não fazem mais sentido porque o mundo passa por uma transformação digital que faz com que a dessincronização entre os mercados seja cada vez mais forte e mais acelerada.

Será preciso sair do modelo fabril e trazer a personalização dos serviços, tendo em vista que as mudanças da sociedade e da cultura empoderam as pessoas e fazem com que elas sejam protagonistas sobre suas vidas e que o trabalho seja mais colaborativo.

Porém, ressalta,  a educação precisa refletir todas essas mudanças tecnológicas, econômicas, sociais e de cultura, assim como outros setores da economia também precisam.

Como exemplo de ações desenvolvidas pela Saint Paul, Securato mencionou o conceito One Learning, em que o modelo de aprendizado deve ser constante e orgânico, e não de forma estática e fracionada. Além disso, o aprendizado é proposto em micromomentos, conforme a demanda, e a certificação dos cursos é de micro certificações, que vão compor o formato que a pessoa quiser.

Para concluir, o aprendizado se dará com a troca de conhecimento com o próximo, em que as pessoas estarão conectadas umas com as outras para resolver problemas. E a Inteligência artificial será a melhor forma de conseguir se relacionar com o conteúdo, além de obter traços da personalidade, através de algoritmos, que consegue mostrar qual a melhor forma de aprendizado de cada pessoa específica.

“Dessa forma, a tecnologia no ambiente educacional será um meio para realizar a mudança que as pessoas precisam, pois ela permite fazer coisas que nunca antes foram feitas”, concluiu Securato.

Impactos da tecnologia na saúde

Sobre como os avanços tecnológicos podem trazer benefícios e também riscos para a área da Saúde, o segundo dia do Congresso contou com o tema da tecnologia a favor da longevidade.

André Cézar Medici, Economista Sênior do Banco Mundial, apontou sobre as principais mudanças que estão acontecendo na área da saúde: do conceito de volume para o conceito de valor.

“Hoje, com o triplo objetivo da saúde no futuro, é necessário dar conta de melhorar a saúde não só do individuo, mas da população, oferecer o melhor cuidado para o paciente e reduzir os custos.” E essa trilogia, comenta o Economista, leva a uma quarta questão: a da qualidade, que multiplica a relevância da saúde pelo resultado. Então, quanto maior a relevância, maior o resultado alcançado e menor o desperdício, chegando perto do conceito de qualidade desejado.

Dentre os requisitos tecnológicos para que se possa alcançar uma vida mais longa, Medici acredita que esses requisitos estão associados a uma série de processos e uma série de inovações. Primeiro a ideia de Big Data e Analytics, em que será preciso ter cada vez mais dados e mais utilização dos dados na medição dos resultados, dos custos, e na medição da performance.

A segunda questão é a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas. O IoT tem como objetivo especifico reduzir o custo do trabalho para obtenção da informação em saúde através da utilização das próprias máquinas e equipamentos.

“Por isso, nos próximos 50 anos, 60% das profissões em saúde vão ser diferentes do que são hoje, novas profissões vão ser criadas e profissionais em nível tecnológico vão ser incorporados”, finalizou o Economista.

Dando sequencia ao tema proposto, José Luiz Gomes do Amaral, Presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) complementou que para alcançar a saúde eterna, é preciso quebrar barreiras para estender os limites cronológicos da vida, além dos 130 anos com bem-estar físico e espiritual.

O desafio, explicou Amaral, não é chegar aos 131 anos, mas sim fazer com que mais pessoas consigam ampliar a sua expectativa de vida com qualidade.

Para isso, informa que é preciso pensar em cada ação que se desenvolve dentro desse planeta e qual o impacto que ela produz na saúde. Além disso, é preciso verificar se nós gerenciamos a saúde com competência, se temos pessoas qualificadas, se medimos o desempenho dessas pessoas, e nos perguntarmos, do ponto de vista da operação, se os nossos profissionais são qualificados.

E concluiu, “Para a tecnologia oferecer o que queremos, temos que dominá-la. O desenvolvimento tecnológico não tem limites, porém não podemos esquecer as premissas da ética e a rapidez com que as coisas evoluem, pois quem não avançar nesse processo de inovação, não ficará apenas parado, vai retroceder”.

Algumas das tecnologias e tendências a favor da saúde mencionadas por Renato Marcos Endrizzi Sabbatini, CEO e Presidente do conselho do Instituto Edumed, apontam que a medicina está caminhando para cuidar mais da saúde do que da doença.

As principais doenças que ainda afetam os seres humanos serão controladas, como o câncer, doenças degenerativas e genéticas, que hoje tem poucas possibilidades de cura. Vai existir um prontuário, em que todas as informações do paciente estarão centralizadas e disponibilizadas para os médicos.

Através do estudo do genoma, explica Sabbatini, cada paciente saberá qual medicamento responde melhor a um tratamento e qual a dosagem certa para cada pessoa. Isso inclusive já é aplicado no tratamento do câncer de mama, por exemplo.

Além disso, dez tecnologias são consideradas as mais importantes em ciência e saúde, comenta o CEO: computação cognitiva, IoT, realidade virtual aumentada, dispositivos médicos vestíveis e implantáveis, impressão tridimensional, tecnologias não invasivas ou microinvasivas, genômica personalizada em tecnologia e precisão, nanotecnologia, robótica e, finalmente, a tal da biônica.

O próximo passo, ressalta Sabbatini, chamado de singularidade, será a união da máquina com o corpo, em que dispositivos inteligentes serão implantados no corpo humano para medir a glicose, o colesterol, sódio, potássio, entre outros, tudo em tempo real.

O bem-estar em 2050 será tão diferente de hoje?

Para finalizar, Ricardo Sennes, Sócio-Diretor da Prospectiva apontou no ultimo dia do Congresso o que a vida futura vai exigir de cada um de nós.

Segundo apresentado, em 2010 foi a primeira vez na história que o mundo começou a ter um maior número de pessoas vivendo nas áreas urbanas do que em áreas rurais.

Países como China, Índia e África, daqui 50 anos, vão passar pelo mesmo processo de ver a maioria da sua população rural transitar para as cidades. Esse movimento, explica Sennes, será um choque não só no ponto de vista das famílias, mas na organização dessas cidades, como: transporte, saúde, educação, empregabilidade, e todas as dimensões em cheque.

O ponto para refletir sobre o bem-estar do ser humano para 2050 é como parte desse contingente populacional vai se beneficiar ou não dessa quarta revolução, por exemplo, do ponto de vista de empregabilidade.

“O grosso da urbanização na história da humanidade foi atraído por trabalhos industriais, pois era um emprego de baixa qualificação. Então você conseguia fazer essa transição razoavelmente fácil, apesar da pobreza. Mas com a quarta revolução a dinâmica não será a mesma, pois não haverá a mesma oferta de empregabilidade”, comenta o Diretor.

Esse será um problema da humanidade, mas também será uma oportunidade de desenvolvimento da tecnologia, em que o mundo estará caminhando para um crescimento da população mundial de renda média. Para enfrentar essa situação, será preciso gerar soluções de transporte, saúde, educação, entre outras soluções para atender toda essa massa de pessoas.

Então, conclui Sennes, dentre os desafios para se pensar o bem-estar do ser humano daqui a 50 anos, estão os desafios da empregabilidade, da produção, da densidade urbana e da transição demográfica maciça acelerada.

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