A evolução dos green buildings

Por Adriano Sartori*

A trajetória de crescimento dos empreendimentos com certificação LEED é comprovada não apenas pelo volume de construções certificadas, mas também pelo grau de certificação atingido. Vale lembrar que o primeiro edifício certificado do País foi uma agência bancária e um dos mais recentes é também o maior e mais moderno complexo de escritórios da América Latina, o São Paulo Corporate Towers, que atingiu pontuação suficiente para posicioná-lo entre os cinco empreendimentos mais sustentáveis do mundo.

A CBRE, líder mundial em consultoria de Real Estate acompanha de perto esse progresso. Os edifícios sustentáveis são uma forma de contribuirmos com o meio ambiente e com a sustentabilidade do planeta. Na mesma medida, podemos dizer que tais empreendimentos elevaram a indústria da construção civil a outro patamar e lançaram um novo olhar sobre a maneira como esses edifícios são comercializados.

No início, muitos desenvolvedores, com exceção daqueles internacionais já acostumados a certificarem empreendimentos em mercados mais maduros, se questionavam a respeito do investimento a ser feito em comparação com o retorno esperado, afinal, uma década atrás, o valor de desenvolvimento dos green buildings era consideravelmente superior em relação ao dos edifícios não certificados.

As dúvidas existiam também do lado dos ocupantes, muitos se questionavam se os aluguéis dos green buildings seriam mais elevados e quais seriam os benefícios no curto e médio prazos. Para muitas empresas, tais edifícios eram vistos como algo premium, mas não algo necessário e que pudesse fazer grande diferença.

Os obstáculos transpostos para chegar onde estamos hoje envolveram várias frentes. A indústria da construção, pouco desenvolvida para atender aos pré-requisitos exigidos para se obter uma certificação, foi se adaptando aos poucos, sendo que os materiais para obra e a logística necessária foram revistos. Os gerenciadores agregaram às equipes de projetistas os consultores para certificação LEED. Os arquitetos e projetistas em geral passaram a especificar novos materiais e a projetar de forma mais consciente.

Enquanto isso, os consultores imobiliários aprendiam como repassar ao usuário final, ou seja, os ocupantes, o propósito e as vantagens de um green building. A começar pela economia no custo de operação, uma vez que edifícios certificados possuem custos operacionais inferiores aos não certificados por conta da grande preocupação com o consumo consciente de produtos e insumos, o que contribui para a redução do custo condominial.

A indústria da propaganda também teve um papel importante. Rapidamente, muitas empresas perceberam que estar em um empreendimento certificado garante imenso valor agregado justamente por associar a marca a ações sustentáveis e por transmitir aos colaboradores e clientes uma mensagem inequívoca que a empresa compartilha dos mesmos princípios de sustentabilidade.

As administradoras de condomínios também tiveram que se moldar a esse novo mercado. Atualmente, mais de 50% dos empreendimentos com classificação Triple A administrados pela CBRE são certificados. Aos poucos, esses números vão crescendo e se tornando cada vez mais significantes. Nossas pesquisas apontam ainda maior velocidade de absorção desses empreendimentos e, consequentemente, menor taxa de vacância em comparação aos edifícios não certificados de mesma categoria.

Do mesmo modo, os locatários compreenderam as vantagens de certificar seus próprios espaços internos. Após o crescimento e consolidação dos edifícios certificado Leed Core & Shell (Envoltória e Estrutura Principal) , observamos hoje o grande aumento pela procura da certificação Commercial Interiors (CI), demandada justamente pelos ocupantes e voltada para escritórios de alto desempenho, o que representa uma forte tendência para os próximos anos.

Há dez anos, pregávamos a necessidade de os empreendimentos serem certificados, pois, assim como ocorreu em outros países, acreditávamos que o mercado caminharia nessa direção e que os empreendimentos não certificados já nasceriam com poucas chances de competir e gerar os retornos esperados quando prontos, simplesmente porque correriam o risco de ser julgados como obsoletos ou descartados justamente por aqueles ocupantes que, uma década atrás, ainda tinham dúvidas e hoje buscam e priorizam os green buildings na escolha de suas novas sedes.

Pensar em empreendimentos sustentáveis é se preocupar com o futuro. É escolher se engajar e oferecer uma pequena contribuição para o planeta. Ações como ocupar escritórios em empreendimentos “verdes” podem impactar a vida de muitas pessoas, principalmente a dos colaboradores. É uma cultura que deve cada vez mais se alastrar e proporcionar frutos a todos os envolvidos.

* Adriano Sartori é Vice-presidente da CBRE no Brasil

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