Um novo rumo para facilities em hospitais

Fórum realizado pela INFRA na 24ª edição da Hospitalar em São Paulo mostra que quanto maior o desafio, maior a oportunidade para facilities em Hospitais

Por Larissa Gregorutti

Integrado à Hospitalar Feira + Fórum, um dos eventos mais importantes do setor de saúde, a Revista INFRA promoveu no dia 16 de maio, no Auditório Expo Center Norte – São Paulo, o Fórum INFRA de Facilities Management no Ambiente Hospitalar. Na presença de cem profissionais que atuam na gestão de contratos de serviços e infraestrutura das instalações de edificações de saúde, Léa Lobo, Gestora do evento e Diretora de Redação da Revista INFRA, mencionou durante a abertura que o propósito desse encontro foi mostrar a importância do gestor de facilities em promover a melhor eficiência da infraestrutura hospitalar, proporcionando lucro para o negócio e o bem-estar dos usuários.

Confira a seguir como foi a participação dos painelistas que dialogaram sobre a complexa operação das atividades de facilities em ambientes hospitalares, apresentaram cases de inovação implantados em hospitais, oportunidades de mercado e novas tecnologias.

Gerenciamento de Facilidades em hospitais

Prof. Dr. Moacyr Eduardo Alves da Graça, MBA/USP – GF

Apresentando um panorama sobre a atividade, o Prof. Dr. Moacyr Eduardo Alves da Graça comentou que o Gerenciamento de Facilidades (GF) em hospitais tem suas particularidades e que a boa gestão está na capacidade de interpretar risco, na habilidade de verificar o que pode acontecer e como cuidar do ambiente hospitalar. Segundo Graça, os processos têm de ser eficientes, e para isso é preciso fazer o planejamento, ou seja, a definição de fins e de meios conjuntamente, levando em conta os envolvidos. Além disso, é preciso atender as quatro frentes de gestão estratégica do Facility Management (FM) e do Corporate Real Estate Management (CREM): dar suporte a proposta da área; suporte ao trabalho; desenvolver cadeia de valores; e, por fim, treinar pessoas e criar matéria-prima para sustentar diferenciação, porque nenhum hospital resiste se ele não enxergar o futuro. É preciso também gerenciar os 6Ws – World, Work, Worker, Workforce, Workspace e Workplace. O FM tem de estar orientado para usabilidade do ambiente construído e o CREM precisa criar servibilidade para o prédio. Nesse contexto, o ambiente hospitalar deve estar organizado em serviços administrativos; serviços de suporte – não médicos; e serviços médicos, e deve, por fim, conhecer a estratégia da organização e fazer com que ela interaja com a estratégia do CREM e FM, para que haja valor agregado e a operação hospitalar funcione.

O sucesso das atividades de Facilities

Prof. M. Eng. Paulo Eduardo Antonioli, MBA/USP – GF

Em sua apresentação, o Prof. M. Eng. Paulo Eduardo Antonioli comentou que o ambiente hospitalar não sobrevive se não for bem gerenciado, por isso é preciso fazer o planejamento das ações operacionais de modo que possa garantir o sucesso do negócio e suas atividades desenvolvidas. Ressaltou que o Gerenciamento de Facilidades é uma função da organização que integra pessoas, espaços e processos dentro do ambiente construído, e que ele deve ser executado no nível estratégico, definindo os objetivos da organização, políticas e meios para atingir as metas; no nível tático, planejando e gerenciando as estratégias para a entrega da ação operacional; e no nível operacional, com a execução das atividades de maneira rotineira, para suportar a organização. Explicou que o ambiente hospitalar é uma edificação complexa que precisa estar operando com qualidade para o tratamento médico do paciente, mas que para isso, é preciso entregar todos os serviços de suporte para o Gerenciamento de Facilidades cuidar. E dessa forma, finalizou que quanto maiores forem as exigências dos negócios (elevadíssimas em ambientes hospitalares) maiores serão as vantagens oferecidas pelo GF.

Inovação na limpeza hospitalar

Domenico Caruso, Gerente de Operações do HCor

Instituição filantrópica, centro de referência na América Latina, com área total de 55 mil m², Domenico Caruso apresentou os recentes projetos implantados no Hospital do Coração para melhorar a eficácia e eficiência da higienização, dos quais destacamos:

a) Limpeza mecanizada de pisos: reduziu custos com pessoal, produtos químicos, água, riscos de acidentes e absenteísmo; proporcionando melhoria da qualidade de vida dos colaboradores; entre outras vantagens.

b) Projeto de detergente e desinfetante a partir de água pura: a partir de uma máquina, foi possível gerar água alcalina utilizando simplesmente água e sal grosso. A parte alcalina é usada como um detergente para limpar o piso do hospital sem deixar resíduos; fabricado no ambiente de trabalho; e reduzindo a pegada de carbono.

c) Projeto de treinamento: os auxiliares de limpeza precisavam conhecer quais os princípios ativos dos produtos utilizados no hospital, e que eles não têm cor, cheiro, e não fazem espuma. Por isso, foi implantado com ajuda de uma engenheira química o projeto de gamificação, que faz uma avaliação personalizada via computador, permite identificação de pontos fracos para treinamento focado e faz auditoria pós-treinamento teórico com prática em local de trabalho. Em poucas semanas, o HCor saiu de 11,8 reclamações/mês no quesito limpeza, para 5.

Tecnologia antimicrobiana aplicada a produtos

Fernanda Mourão Lopes, Gerente da Flexform

Sobre a alta rotatividade de pessoas em condições de saúde adversas em áreas de alto fluxo nos hospitais, clínicas e laboratórios, Fernanda Mourão mencionou que os principais impactos que existem nesses locais é que são áreas de difícil higienização; que necessitam de manutenção contínua; altamente propícias às contaminações cruzadas; com índices alarmantes de infecções contagiosas. Segundo a Anvisa, essas áreas de alto fluxo são as áreas de espera categorizadas como apoio logístico e toda área de atendimento, onde se faz a triagem dos pacientes. Cerca de 14% dos pacientes internados no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), contraem algum tipo de infecção hospitalar a cada ano. Todavia, existem três tipos de tecnologias antimicrobianas que podem ser aplicadas a produtos, reduzindo o risco de contaminação cruzada: antibióticos, antimicrobianos de desinfecção e antimicrobianos incorporados. Dentre essas três tecnologias, a Incorporada pode ser aplicada em tecidos sintéticos; em resinas (tintas, pisos vinílicos e cerâmicos, películas em painéis de madeira) e em plásticos (assentos, interruptores, puxadores, canetas etc.). Outro benefício é a proteção continuamente ativa durante toda vida útil do produto, além de reduzir a manutenção, pois preserva a aparência e impede manchas causadas pelos microrganismos.

Desafios da mobilidade urbana

Sergio Breyer, Diretor na Indigo Estacionamentos

Para falar sobre tecnologia, Sergio Breyer apresentou o case do Hospital Albert Einstein, onde existem 305 profissionais que manobram 100% dos carros dos clientes. No complexo, chegam aproximadamente 2.500 veículos por dia, resultando no total de cinco mil manobras por dia e 150 mil manobras por mês, havendo assim 150 mil exposições de sinistro da organização do hospital. Para alcançar o nível de serviço necessário, foi preciso solucionar os problemas causados por grandes engarrafamentos no entorno do hospital. Se fez então uma logística para entrada e saída de veículos completamente diferente, começando assim a descomprimir alguns pontos. Nesse processo, foi criado um lounge com serviços de conveniência na entrega de veículos, para que o cliente tenha uma boa experiência. Outro ponto forte foi implantar um projeto de sinalização inteligente, proporcionando otimização do fluxo de veículos nos estacionamentos, além da automação do estacionamento com utilização de painéis de gestão e monitoramento do fluxo de veículos. O resultado desse processo foi o aumento do índice de satisfação do cliente, a redução do número de sinistros nos estacionamentos e a redução de despesas referente a mão de obra e indenização materiais.

Impacto dos indicadores na operação hospitalar

Philippe Enaud, CEO da Vivante

Para falar sobre o tema, Philippe Enaud apresentou o case do Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro em Belo Horizonte, em que a Vivante assumiu juntamente com a Andrade Gutierrez e a Gocil Segurança e Serviços, por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), a concessão do hospital para realizar investimentos (com o valor de R$ 230 mm) + prestação dos serviços não assistenciais. Com um contrato de dois anos para realizar obras no edifício hospitalar e 18 anos para operar serviços não assistenciais, a totalidade dos serviços não assistenciais estão sendo realizados pela SPE dentro de um contrato de performance, com uma remuneração mensal de parcela fixa de 60% e uma remuneração de parcela variável de 80%, que depende do índice de desempenho dos mais de 80 indicadores e objetivos avaliados diariamente por uma auditoria externa, para acompanhar e medir a performance dentro dos KPI’s e SLA’s definidos no momento da contratação. O índice de desempenho depende da performance dos índices de qualidade, de disponibilidade e de conformidade, levando em consideração a satisfação do paciente e dos profissionais. Segundo Enaud, a gestão por indicadores muda realmente a cultura operacional e o alinhamento das equipes médicas e operacionais dos hospitais.

Oportunidades de PPP de saúde

Daniel Figueiredo, Diretor da Lunak Consultoria

Segmento de mercado promissor para a área da saúde, segundo Daniel Figueiredo, a Parceria Público Privada (PPP) é um contrato de concessão na modalidade patrocinada ou administrativa, assinado entre o poder público e uma entidade privada, conforme a Lei n. 8.987/95 e a Lei n. 11.079/04. As modalidades de concessão são:

aConcessão comum: 100% da receita do privado é proveniente da receita que o usuário paga. Além disso, a concessionária paga uma outorga para o governo para poder explorar o ativo no período determinado.

b) Concessão patrocinada: receita proveniente do usuário não é suficiente para manter o negócio, então o governo tem que complementar o aporte.

c) Concessão administrativa: receita do privado é 100% proveniente do governo, esse é o caso da saúde. A lei se aplica nos modelos de concessão patrocinada e concessão administrativa, com prazo contratual de cinco a 35 anos e valor mínimo do contrato R$ 20 milhões. Figueiredo comentou que hoje existem 101 contratos de PPP assinados no Brasil, sendo 11 na área da saúde divididos em dois grandes blocos, o bloco de investimentos – Capex; e o bloco de serviços ou de custeio – Opex. E finalizou informando que ainda existe potencial de PPP para hospitais com contratos com alto valor/margem, longo prazo, garantias de pagamento do poder público, entre outros.

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