Ana Paula Cassago
 

Como tornar as empresas mais inclusivas

Longe de serem totalmente inclusivas, as empresas pecam não apenas pela falta de estrutura, mas principalmente pela falta de um olhar mais amplo sobre o tema

​Graças a uma discussão cada vez mais ampla sobre o tema, as empresas têm procurado se adaptar e têm, com isso, se tornado mais diversas e inclusivas. Geralmente, porque seguem a Lei de Cotas, criada em 1991, e que prevê a obrigatoriedade da destinação de 2% a 5% das vagas nas empresas que tiverem mais de 99 funcionários. Mas será que isso é suficiente?

Segundo a gestora Clécia Aragão O., estamos longe de sermos um mercado inclusivo, especialmente porque, como sociedade, ainda tratamos a inclusão como sendo o movimento de trazer a pessoa com alguma deficiência ou necessidade específica, para "dentro" do universo da normalidade: "ainda nos consideramos diferentes e isso não é inclusão", enfatiza.

À frente de um movimento que busca promover "inclusão para todos", Clécia explica: "diria que o maior desafio da inclusão é o medo de lidar com as diferenças e a negligência ao desenvolver o respeito para com o outro, a falta de ampliar a visão de mundo para um olhar humano e amoroso, desafiar o próprio autoconhecimento e expandir a consciência para um mundo melhor e para a valorização a vida."

O termo inclusão já é amplamente difundido e, ainda assim, vivemos em um mundo que nos separa e rotula. "A grande questão das empresas", segue Clécia, "é a adequação a uma regra e não a busca por uma real inclusão". A empresária credita isso a uma visão ainda muito restrita do que é inclusão: "não somos iguais, daí a necessidade de mais respeito às diferenças. Respeitar que sou diferente é acolher a liberdade de ser diferente do outro e aceitar a liberdade de escolha do outro".

Para ela, uma das soluções seria trocar a ideia de inclusão como a conhecemos pelo da liberdade, de um modo amplo e irrestrito: "falar de inclusão ou qualquer outra causa é falar de liberdade, de ir e vir sem julgamento, de ser diferente e ser respeitado, de ser aceito independe da condição física ou alguma limitação, seja ela congênita ou adquirida. Esse seria um grande avanço".

Clécia é uma referência no assunto desde 2008. Já esteve à frente de projetos como o Livro ilustrado de Língua Brasileira de Sinais, um dicionário de Libras, uma das primeiras publicações abrangentes do setor. No seu currículo estão duas revistas do segmento de inclusão de pessoas com deficiência, uma voltada a assuntos gerais e outra com foco na inclusão educacional, e a primeira edição da Mostra Casa e Corporativo Acessíveis Projeto & Estilo, mostra de arquitetura com foco exclusivo em projetos de desenho universal, realizada em parceria com o Shopping D&D, em São Paulo. 

Hoje, ela está à frente de uma empresa que trabalha exatamente para ampliar o olhar sobre a inclusão, coisa que ela leva da vida para o mundo corporativo: "é até clichê repetir que toda mudança de comportamento acontece quando o gestor da empresa vive o que ensina, ou que a 'mudança tem que vir de cima', mas é a mais pura verdade. Discursos não provocam mudanças. As empresas precisam promover vivências e tornar o assunto da diversidade, da inclusão e da equidade algo natural e usual", afirma.

Clécia finaliza reafirmando seu compromisso em ampliar esse olhar para o universo da gestão: "acredito muito em uma empresa de corpo, mente e alma, que vive uma verdadeira 'metanóia', pois só uma gestão humanizada e equânime é capaz de agir de forma inclusiva. Acredito ser esse o primeiro princípio viver o que se ensina, inclusive dentro das empresas".

Foto: Divulgação



Veja também

Conteúdos que gostaríamos de sugerir para a sua leitura.

Envie os nossos conteúdos por e-mail. Utilize o formulário abaixo e compartilhe os link deste conteúdo com outros profissionais. Aproveite e escreve uma mensagem bacana.

Faça uma busca


Palestra SESC

Mais lidas da semana

Operações

Padrões da qualidade do ar: o que muda com redefinição da ABNT?

Saiba como atualizações impactam bem-estar em ambientes climatizados.

Mercado

Com 26 anos de experiência, Jani Oliveira é a nova FM da Rumo

Profissional foi responsável por apoiar estruturação da área de FM da Heineken no Brasil.

Operações

Como GLP no Brasil inovou na gestão de parques logísticos

Rômulo Otoni, Diretor de Operações da GLP no Brasil, discute desafios, avanços tecnológicos e práticas sustentáveis que impulsionam a liderança da empresa no mercado logístico.

Operações

Qual é a importância de ESG na Limpeza Profissional?

Entenda a evolução da agenda ESG no mercado e como implementar práticas sustentáveis em artigo exclusivo de Ricardo Vacaro.

Sugestões da Redação

Revista InfraFM

Repensar a gestão das instalações de trabalho

Tendências inovadoras e sustentáveis se destacam na pesquisa da Aramark, que traz as transformações no Gerenciamento de Facilities em 2024.

Revista InfraFM

Maior encontro de FM da América Latina: do invisível ao indispensável

InfraFM realizou quatro encontros em evento único, com mais de 5,5 mil participantes.

Revista InfraFM

Insights das palestras do 19º Congresso InfraFM

Acompanhe um resumo das palestras e explore as inovações sustentáveis e estratégias avançadas no campo do Facilities Management.

Revista InfraFM

Inovações que transformam foram cases de sucesso dos expositores

Nas Arenas Soluções para FM, foram apresentados conteúdos com cases de sucesso dos expositores, que destacaram serviços, tecnologias e pessoas.

 
Dúvidas sobre os EVENTOS?
Fale com a nossa equipe pelo WhatsAPP