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Kei Cities reúne empreendedores globais em São Paulo

Evento "Living Labs", realizado no Cidade Matarazzo, debate o futuro e tem assinatura de acordo para fomentar tecnologia e inovação aplicada a novos modelos de cidades

Da esq. p/ dir., Haroldo Machado Filho (Nações Unidas), Leonardo Bichara (Banco Mundial), Tarek Al Masri (Kei Cities e SGA) e Natalia Olson (Kei Cities) debatem Living Labs e transformação das cidades

Um grupo de empreendedores internacionais transformadores, dedicados a projetos de cidades inteligentes e sustentáveis, esteve reunido em São Paulo (SP) para debater sobre o futuro das cidades.  No evento "Living Labs: Oportunidade de inovação para as cidades", representantes do Cidade Matarazzo, Therme Group, Future of Cities e Kei Cities assinaram um acordo de colaboração para unir forças na área de tecnologia e inovação e projetar as comunidades do amanhã.

O encontro foi realizado em setembro no Cidade Matarazzo, marco arquitetônico localizado na região central de São Paulo e considerado o novo símbolo da capital paulista. Na ocasião, estiveram presentes Alexandre Allard, fundador do Cidade Matarazzo; Patricia Ellen, co-fundadora da Aya Earth Partners e ex-Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo; Tarek Al Masri, cofundador de Kei Cities e fundador e diretor da SGA; Mikolaj Sekutowicz, CEO da Impact One; Robert Pittman, membro do Conselho de Kei Cities; Leonardo Bichara, economista agrícola sênior do Banco Mundial; Haroldo Machado Filho, coordenador residente para parceiras e financiamento para o desenvolvimento das Nações Unidas no Brasil; o cacique Biracy Yawanawá, da Aldeia Yawanawá; e o artista e designer Refik Anadol.

Esse grupo, formado por especialistas qualificados e mundialmente reconhecidos, têm testado e implementado soluções tecnológicas avançadas com vistas a um novo modelo de cidade. Juntos, formam uma aliança estratégica que providencia acesso a financiamento para que novas tecnologias possam emergir nos espaços urbanos, além de ampliar o impacto das soluções existentes. "Se não nos unirmos agora, nada será suficiente para superar desafios", disse Patricia Ellen.

O evento também abordou a importância dos chamados Living Labs, ecossistemas de inovação aberta centrados nos habitantes, além de destacar Aguaduna - projeto em desenvolvimento por Kei Cities e SGA no litoral norte do Estado da Bahia, na região Nordeste do Brasil (mais detalhes abaixo).

O objetivo dessas iniciativas é reverter o impacto das emissões de carbono nas megalópoles, além de proporcionar mais saúde e bem-estar para as populações do planeta. Essas e outras metas sustentáveis se materializam não só em Aguaduna, mas também em outros projetos ao redor do mundo que fazem parte do pipeline de Kei Cities.

Patricia Ellen, cofundadora da Aya Partners: "Se não nos unirmos, nada será suficiente"

Cidades resilientes e sustentáveis

Em comum, esses empreendimentos do futuro buscam impulsionar a aplicação de novas tecnologias em grande escala dentro de um novo modelo de cidade - mais resiliente, inteligente e sustentável - com a finalidade de atingir marcos ambiciosos da agenda climática. Todos eles seguem o conceito de Living Labs, que tem como base a cocriação de ecossistemas junto com seus habitantes, integrando processos de pesquisa e inovação em comunidades e ambientes da vida real.

Na prática, os Living Labs colocam o cidadão no centro da inovação, explorando ao máximo novos conceitos e soluções de tecnologia da informação e comunicação (TIC) de acordo com as necessidades e aspirações dos contextos, culturas e potencialidades criativas de cada local.

Juntas, essas novas cidades reúnem soluções que vão desde biocombustíveis ao tratamento e recuperação de água. Outras tecnologias incluem reciclagem de lixo, fertilizantes naturais, fazendas verticais, geração e armazenamento de energias renováveis, mobilidade, materiais de construção sustentáveis e purificação do ar - entre outras ações que poderão ser testadas nos próximos anos.

"É importante desenvolver uma infraestrutura que proporcione recursos fundamentais como água limpa e ar despoluído. Precisamos reunir a tecnologia necessária para criar cidades mais avançadas e sustentáveis, sem deixar de lado a conexão com o meio ambiente. Inovações tecnológicas e natureza precisam trabalhar juntas", disse Mikolaj Sekutowicz, da Impact One.

O próprio Cidade Matarazzo, local do evento, é um complexo centenário apontado como exemplo de visão de uma cidade totalmente integrada e com zero emissões. O fundador Alexandre Allard explicou que o espaço adota o conceito "ReWild", que defende que a emissão zero precisa se tornar realidade desde agora em cidades novas e já existentes. "É preciso curar as cidades e seus habitantes pela reconexão das pessoas à natureza, à qual pertencem desde a origem", disse. Ele resgatou um dado importante da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, segundo a qual as cidades concentram 80% das emissões de carbono.

Cidade Matarazzo, local do evento: visão de cidade 100% integrada e com zero emissões

O evento

Os debates foram abertos por uma mesa redonda com reflexões sobre como as pessoas viverão nas cidades do futuro. Segundo Roberto Pittman, de Kei Cities, as novas gerações de cidades precisam ter como foco serem ecoeficientes e com emissão de carbono neutra, já que esta é uma forma de criar um futuro melhor para seres humanos e para o planeta. "Quando criamos ecossistemas urbanos do zero, temos a chance de testar novas tecnologias. Assim evitamos erros comuns do passado, quando novas soluções eram implementadas nas cidades sem pensar no futuro e sem levar em conta a sua conexão tão necessária com a natureza", afirma.

Na sequência, aconteceu o painel "Living Labs: um ponto de partida para impulsionar a inovação das cidades". Um dos desafios endereçados por esse conceito, que remete a ecossistemas de inovação aberta, é a manutenção da estabilidade climática. "Desenvolver novos modelos de cidades também é uma questão de ampliar a segurança do clima. Afinal, como se sabe, as cidades são onde a batalha climática podem ser largamente vencidas ou perdidas", afirmou Haroldo Machado Filho, coordenador residente das Nações Unidas no Brasil. "É importante convencer as pessoas sobre a importância de todas essas inovações conceituais e tecnológicas em benefício das cidades. Embora isso requeira um planejamento de longo prazo, é preciso começar agora as negociações com empresas e governos", disse Leonardo Bichara Rocha, do Banco Mundial.

O público presente também conheceu mais detalhes sobre Kei Cities, empresa de tecnologia e desenvolvimento que projeta, opera e certifica sistemas urbanos resilientes. A companhia, com sedes em Barcelona, Luxemburgo e Salvador, se associa a outras empresas privadas líderes em seus segmentos para desenvolver ecossistemas globais de inovação colaborativa, utilizando ferramentas para operar sistemas urbanos de forma integrada. São seis as áreas de atuação abrangidas: infraestrutura verde, impacto ambiental, impacto social, serviços digitais, mobilidade e inovação.

Educação especializada

Além do acordo de colaboração firmado na ocasião, Kei Cities também anunciou a assinatura de memorando de entendimento com o SENAI CIMATEC. O objetivo é promover a integração da instituição com Aguaduna, abrindo caminho para oferecer à cidade sustentável serviços, pessoal, estrutura, laboratório, know-how e capacidades de pesquisa, desenvolvimento e produção de inovação. O centro de ensino técnico também irá disponibilizar serviços tecnológicos a parceiros do projeto, incluindo empresas e instituições econômicas e sociais.

Dessa forma, o SENAI/CIMATEC estará envolvido nos processos de inovação que permitirão incluir atividades de economia circular em Aguaduna, abrangendo todas as etapas - desde a sua concepção e desenvolvimento até a implantação e, em um nível mais avançado, outras atividades nas áreas de educação, saúde e pesquisa. Uma futura parceria com uma instituição de ensino especializada fomentará a produção de conhecimento sobre cidades inteligentes.

Aguaduna

Vislumbrando para o futuro um pipeline de empreendimentos na Europa e na África, Kei Cities já atua em seu primeiro projeto em implementação: Aguaduna. Trata-se de uma Living Lab localizado no município de Entre Rios (BA), no litoral norte do Estado da Bahia, e que lidera uma nova geração de cidades inteligentes e sustentáveis.

Além de ser um novo modelo de cidade resiliente, Aguaduna terá um centro de inovação turística, empresarial e tecnológica. Uma cidade em completa harmonia com a paisagem tropical natural ao seu redor, cujo desenvolvimento, além de ser integrado às comunidades locais, é viabilizado por meio da atração de investimentos estrangeiros dedicados ao seu progresso. Entre os grandes parceiros estratégicos que já fazem parte do projeto estão Siemens, SegurPro, Enel X, Cetrel, Atos e Organização Mundial do Turismo (UNWTO).

Desenvolvido com o apoio de equipes multidisciplinares na Espanha, Brasil e Estados Unidos, Aguaduna tem a preservação ambiental e a promoção da economia local entre as suas prioridades absolutas. Com uma área total de 1.000 hectares, o projeto espera beneficiar cerca de 380 mil pessoas, direta e indiretamente, em Entre Rios e região.

"Desenvolvemos um modelo de cidade que pode ser replicado em qualquer lugar do mundo. Trata-se de um Living Lab que pode ajudar a humanidade a recuperar o equilíbrio socioambiental perdido ao longo de décadas de crescimento não planejado de espaços urbanos", afirmou Tarek Al Masri, de Kei Cities e SGA.

Segundo Tarek, a colaboração é a única forma de construir ecossistemas de inovação aberta, já que isso depende de um trabalho conjunto que reúne a iniciativa privada e o poder público. "Estamos mudando a nossa perspectiva para que mais investimentos sejam direcionados para novos modelos de cidades. Projetos como o de Aguaduna representam uma oportunidade para avançarmos em infraestrutura sustentável, além de desenvolver um conceito de mobilidade limpa e inclusiva", disse.

Fotos: Divulgação / Kei Cities



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