O centro de São Paulo pode ser considerado como a maior representação das diferenças e contrastes do Brasil. O cinza dos prédios, das calçadas, do asfalto, contrapõe a arquitetura e construções que contam a história da maior metrópole brasileira. A região abriga o Patteo do Collegio, o charmoso e imponente Theatro Municipal, o Mosteiro de São Bento e a Igreja de São Francisco, para citar apenas alguns importantes pontos central.
Nos anos 90, é iniciado o processo de revitalização do local, impulsionado principalmente pelo setor privado e apoiado pelo poder público. O processo iniciou a valorização histórica do espaço como também um movimento de reocupação social e cultural. Uma das edificações, que marcam e preservam a história é o da B3.
Porta de entrada da B3 (Site João Brícola) - Sua fachada, imponente e única, ostenta uma enorme porta de ferro contornada por 13 grandes moedas douradas que contam um pouco da evolução ao longo do final do século 19 e início do século 20, passando pelas moedas desde a época do Império até a República, com o Cruzeiro. Dentre todas elas, a mais recente é a de 20 centavos de Cruzeiro, dos anos 1940. |
A B3 é uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com atuação em ambiente de bolsa e de balcão. Sociedade de capital aberto - cujas ações (B3SA3) são negociadas no Novo Mercado -, a Companhia integra os índices Ibovespa, IBrX-50, IBrX e Itag, entre outros. Reúne ainda tradição de inovação em produtos e tecnologia e é uma das maiores em valor de mercado, com posição global de destaque no setor de bolsas.
Fundada em 23 de agosto de 1890 por Emílio Rangel Pestana, a B3 acompanhou, em seus mais de 100 anos, o desenvolvimento e amadurecimento do mercado brasileiro e criou um ambiente em que as transações podem ocorrer de forma transparente.
Em março de 2017, a BM&FBOVESPA e a Cetip se uniram com um propósito em comum: trabalhar para conectar, desenvolver e viabilizar o mercado financeiro e de capitais. Junto com os seus clientes e a sociedade, potencializar o crescimento do Brasil. Foi aí que surgiu o novo nome B3 e um novo capítulo de sua história.
E nesse capítulo pós fusão, o corpo diretivo da B3 tinha um novo desafio que era o de consolidar as culturas de cada negócio em uma cultura única e assim aproximar as pessoas e consolidar a marca de dentro para fora.
Para Ulisses Antônio Miziara, Superintendente de Facilities da B3, foi necessário executar o retrofit nas instalações prediais para disponibilizar um espaço moderno, funcional e diferente de tudo que os colaboradores já tinham vivido em suas antigas empresas. Assim, com um estudo de viabilidade, a primeira decisão passou pela análise de opções de alugar um novo site, comprar um prédio pronto e reformar, construir um novo edifício ou retrofitar os existentes. Com base em análises financeiras e resultado de pesquisas com os funcionários, a opção foi por reformar os sites já ocupados na região central da cidade de São Paulo.
Ao longo de sua existência, a B3 teve a opção de se mudar para tradicionais avenidas que formam o atual centro econômico do Brasil, porém se manteve fiel a sua história e continuou com as instalações da sede nos endereços que já ocupava: Praça Antônio Prado e Rua XV de Novembro, além de reforçar sua presença na região com a aquisição do Edifício João Brícola, no centro antigo da cidade de São Paulo.
Para a B3, permanecer ali é uma forma de contribuir para o processo de valorização e revitalização da região e, também, é uma maneira de reforçar seu legado e retribuir tudo o que a região representou ao longo de tantos anos.
Miziara nos conta que o retrofit teve início nos três primeiros sites da B3 e que em 2020, com a aquisição do edifício João Brícola, teve início a modernização deste equipamento, que tem previsão de entrega para maio de 2022.
Para um projeto grandioso, os desafios são vários, mas o principal deles, além de se tratar de edificações tombadas como patrimônio histórico, foi o de reformar totalmente os dois principais sites, operando normalmente. Outro ponto de atenção constante além dos impactos e conforto dos usuários, foi a garantir a disponibilidade do datacenter. "Sob o ponto de vista de TI tivemos desafios importantes. Já na área de Facilities, a transformação foi enorme, não só pelo aspecto de obsolescência dos equipamentos, como também pelas limitações construtivas dos prédios. Superar este desafio somente foi possível graças ao conhecimento das instalações pelas equipes internas, do perfil dos usuários de cada prédio, além do conhecimento da criticidade do negócio, o que permitiram a realização das obras com o mínimo de impactos no trabalho, em conjunto com a projetista e construtora", explica Miziara.
Tecnologia que compõe o novo espaço da B3 - ao entrar no térreo e ter acesso a um andar totalmente tecnológico, com a presença de telões, iluminação diferenciada e muita tecnologia, o visitante passa a ter contato com a essência da B3: ao mesmo tempo que carrega uma história de sucesso, retratada nas suas paredes externas. |
O Superintendente de Facilities nos conta que os andares não tinham identidade, padronização ou áreas de convivência. As áreas eram compartimentadas e com posições fixas de trabalho, ou seja, cada andar parecia uma empresa diferente. Com o retrofit, as instalações passaram a ser flexíveis e desenhadas para promover a integração das pessoas.
Os benefícios da modernização dos equipamentos prediais não foram somente para a região central da cidade e seu entorno, mas também para o capital humano da B3 que passou a usufruir de escritórios com ambientes abertos, descontraídos, sem lugares fixos e com mobiliário moderno e padronizado em todos os sites modernizados, facilitando assim a consolidação da marca e da experiencia B3. Áreas de convivência em todos os andares convidando e facilitando a integração entre pessoas. Equipamentos de ar condicionado, elétrica, controles e multimidia de última geração, dando mobilidade e reduzindo o consumo de energia e água.
O retrofit foi tão representativo, que em 2021 o projeto foi escolhido pelo Prêmio Master Imobiliário, premiação criado pela Fiabci-Brasil e Secovi-SP. Reconhecido como o maior prêmio do setor, que se traduz numa homenagem que a indústria presta a seus mestres e ao alto nível de arquitetura, engenharia, construção, divulgando nacional e internacionalmente, os conceitos inovadores e as experiências bem-sucedidas que possam servir de modelo para o desenvolvimento global das atividades do setor imobiliário.
TRANSFORMANDO OS MAIS DE 44 MIL M2
A A|W desenvolveu o retrofit dos prédios com o objetivo de construir a experiência de marca da B3 de dentro para fora. Isso incluiu a adaptação do espaço para um novo jeito de trabalhar. E, uma vez definido que a B3 permaneceria no mesmo endereço, a A|W deu início ao projeto de retrofit para os prédios, que totalizam 44.165,63 m2, que permitem aos profissionais trabalhar em ambientes abertos, que privilegiam áreas de criação coletiva e colaboração.
Muita iluminação natural, retirada do forro, distribuição do mobiliário e estações de trabalho fora de padrões convencionais são algumas das ações que trouxeram mais jovialidade ao prédio. O resultado é uma arquitetura moderna nas fachadas acompanhada por um ambiente de trabalho no mesmo estilo, aderente às mais recentes tendências mundiais e com alto nível de tecnologia embarcada. Uma nova casa que transparece a busca constante por inovação e melhores práticas.
Respeitando seus elementos tombados, a A|W propôs um projeto de revitalização, com resgate das características originais do edifício, permitindo acesso ao público para utilização e visitação das áreas tombadas comuns, bem como adequação da estrutura para as tecnologias e legislação atuais. Dessa forma, essa se tornou mais uma obra capaz de integrar o empreendimento ao entorno e à sociedade.
Para atender às principais demandas da B3 com o retrofit, a A|W começou com um estudo de mais de seis meses de investigação estrutural para avaliar as condições reais das instalações. Foram identificadas diversas questões que resultaram em um projeto de reforço e reconstrução estrutural, inclusive com reforço de fundações, já que por ser muito antigo e por receber um novo uso, era preciso avaliar criteriosamente as condições e necessidades atuais.
Os caixilhos externos da fachada principal também foram restaurados, além de terem recebido um novo caixilho por trás, ficando com duas linhas de caixilhos. Também no primeiro momento, houve a substituição e adequação da quantidade e dimensão dos elevadores, instalação de nova escada de emergência.
A Athié Wohnrath também fez um estudo para identificar a cor original do prédio e, assim, retornar ao padrão inicial. Para isso, a pintura do edifício foi descascada por 7 camadas de tintas diferentes.
Por se tratar de um prédio tombado, muitas das intervenções da fachada são restaurações da arquitetura já existente. Sancas, lustres e outros elementos que compõem a parte exterior do prédio são de responsabilidade de uma equipe de restauradores especializados neste tipo de intervenção, para que tudo fique de acordo com a configuração inicial do prédio.
Já para atender às novas demandas do mundo pós-pandemia, o projeto de retrofit da B3 foi pensado para valorizar, ainda mais, a segurança e o bem-estar das pessoas que trabalham e passam por ali. Os andares receberam sistemas de controle de acessos individualizados, enquanto o sistema de ar-condicionado foi modulado por andar.
O projeto ainda prevê circulações verticais e sanitários dimensionados para a ocupação máxima do Edifício João Brícola, além de terem a possibilidade de medições de consumos de energia e água individualizados por andares.
Para a A|W, a modernização da B3 em pleno centro de São Paulo trouxe novas oportunidades para a região. Além de o térreo do edifício ter se tornado um novo ponto turístico na capital, totalmente aberto à população, as pessoas passaram a ter uma nova referência de modernidade em um edifício antigo e, agora, totalmente retrofitado.
A restauração da parte externa do edifício faz com que ele continue coerente com a paisagem urbana, apresentando a história daquele espaço e oferecendo uma experiência totalmente cultural e inovadora a seus visitantes.
EQUIPE B3
O projeto de retrofit no B3 foi conduzido pelo time de FM, liderado por Ulisses Antonio Miziara, Engenheiro eletricista formado pela Unesp com mais de 30 anos de atuação em Facility Management, predominantemente à frente da gestão de times multidisciplinares. Ocupou cargos como engenheiro de campo, coordenador de manutenção e gerente nacional de operações, atualmente trabalha como Superintendente de Facilities na B3, onde ingressou em 2009.
Respeitando seus elementos tombados, a A|W propôs um projeto de revitalização, com resgate das características originais do edifício, permitindo acesso ao público para utilização e visitação das áreas tombadas comuns, bem como adequação da estrutura para as tecnologias e legislação atuais. Dessa forma, essa se tornou mais uma obra capaz de integrar o empreendimento ao entorno e à sociedade.
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