A pandemia da Covid-19 e suas consequências nos fizeram duvidar do amanhã: negócios interrompidos, lojas fechadas, a sensação de que nada mais seria como antes. Foram muitas as incertezas, os desencontros, os abraços adiados, mas foi também com a pandemia que aprendemos a valorizar pequenas coisas, que sempre estiveram lá, como o lugar onde moramos, o carinho da nossa família, o privilégio de estar ao lado de quem a gente ama. Nunca foi tão importante ter um espaço para dividir experiências.
A pandemia mostrou que as pessoas querem ter o que é seu. Não à toa, em 2020, apenas em São Paulo, foram comercializadas nada menos que 51.417 unidades residenciais novas, um recorde na série histórica iniciada em 2004 pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). Mesmo com as ações de isolamento social, que obrigaram muitos estandes de vendas a fecharem as portas, 2020 registrou alta de 4,5% sobre o 2019, ano que já era considerado excepcional para o mercado, com 49,2 mil unidades vendidas.
É claro que, se for considerado apenas o número de lançamentos, houve retração de 8% no ano, visto que, com as incertezas geradas sobretudo pelos meses parados, muitas incorporadoras decidiram adiar novos projetos. Esse movimento, no entanto, se reverteu a partir de outubro e novembro, quando o mercado de lançamentos começou a voltar mais intensamente. Não por acaso, o Secovi, que antes previa uma estabilidade nas vendas em 2021, agora estima uma alta de 5% a 10% neste ano.
Juros baixos
Não foi só a pandemia que impulsionou o mercado imobiliário. Nunca antes o Brasil teve juros tão baixos para a compra da casa própria. Com isso, o investimento em imóveis voltou a fazer sentido. Esse é um movimento que deve se repetir pelos próximos anos, porque, ainda que a expectativa seja de uma pequena alta dos juros, o cenário permanece bastante convidativo para a compra de imóveis. A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projeta alta de 21% na concessão de crédito em 2021, considerando recursos tanto do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) quanto do FGTS.
Com mais crédito, ganha não apenas o consumidor, mas toda a cadeia do setor imobiliário. O apetite do comprador faz incorporadoras planejarem novos lançamentos, movimentando todo setor, que vai desde construtoras e consultorias de arquitetura e engenharia a imobiliárias e agências de marketing e propaganda, que pensam e executam soluções criativas para cativar consumidores no estande de vendas.
Essa é uma etapa importante sobretudo para o mercado de alto padrão, que depende diretamente da experiência do showroom e do encantamento do cliente para fechar a compra. Com uma demanda menos urgente, a venda de imóveis mais caros tem relação direta com a experiência no showroom. É por isso que ações como a executada pela Not So Impossible Media para o Parque Global, em São Paulo, fazem a diferença.
Experiências
Produtora que espera inovar em projetos de publicidade, conteúdo, storytelling e live experience, a Not So Impossible Media desenvolveu para a Bueno Netto e a Related Brasil um complexo de experiências virtuais interativas para o maior empreendimento imobiliário da América Latina. Com valor geral de venda (VGV) estimado em R$ 11,5 bilhões, o Parque Global vai abranger cinco torres residenciais, shopping center e empreendimento de uso misto que inclui complexo de saúde e hotel.
A showroom experience pensada pela Not So Impossible Media foi concebida como uma mostra de arte, um complexo tecnológico e imersivo de quatro ambientes que, juntos, apresentam as instalações e residências do Parque Global de maneira criativa. O primeiro ambiente traz 34 monitores posicionados em forma de mosaico, formando uma tela que ocupa duas paredes com luzes de LED e áudio 5.1, contando a história do empreendimento. O segundo ambiente abriga uma maquete de 120 m² de todo o Parque Global e uma tela de 180 graus de quatro metros de altura, permitindo que o cliente possa vivenciar cada espaço do empreendimento. As outras duas salas apresentam as soluções sustentáveis do projeto e, também, vistas dos apartamentos do 10º ao 45º andar, ampliando a sensação de imersão.
Tudo para fazer com que o cliente possa ter uma experiência de viver no espaço, criando conexões que beneficiem a decisão de compra. As ações, inclusive, trouxeram resultado imediato: já no primeiro mês de lançamento, 80% das unidades foram comercializadas, sendo dois terços delas para famílias e apenas um terço para investidores, deixando claro que a experiência no ponto de venda é fundamental para garantir a compra de unidades mais caras.
O que fica claro é que, em um mercado dominado por altas cifras, investimentos bilionários e de longo prazo, a experiência do showroom precisa ser reinventada. A pandemia e os juros baixos dão uma força para a decisão de compra, mas a iniciativa de sair de casa cada vez mais dependerá do que temos a oferecer ao cliente. Menos números, mais experiências. Mais memórias e menos maquetes estáticas. Estamos todos vivendo a expectativa de anos incríveis para o mercado imobiliário. Vendas, lançamentos. Mas, sem colocar o cliente no centro do nosso planejamento, seguiremos vendendo projetos por valor de metro quadrado.
Giancarlo Barone e Paulo Blassioli, fundadores da Not So Impossible Media
Foto: Divulgação