O setor de Recursos Humanos foi um dos que mais sentiram a transformação no ano de 2020. Mais do que nunca, a gestão de pessoas se tornou mais importante do que um pacote de benefícios atraente. E a partir dessas evidências, a tecnologia e um planejamento estratégico devem se tornar prioridade do RH das companhias em 2021.
Um estudo divulgado em 2020 pela Great Place to Work apontou que o maior desafio do setor de RH é estruturar processos tradicionais. Em uma era digital, existe a falsa impressão de que a maior parte das empresas já está inserida nessa transformação. Mas a realidade é que existem diferentes níveis de maturidade e necessidades.
Copiar modelos prontos de gestão não será eficaz se antes não houver uma análise ou consultoria e um planejamento baseados nos valores e cultura de cada organização.
Trabalho híbrido
O trabalho remoto, que parecia estar se consolidando em todo o mundo e uma estratégia adotada por 46% das organizações durante a pandemia, aos poucos vai dando espaço para um regime híbrido, que agrega dois conceitos que tem dividido parte das empresas.
Enquanto o primeiro diz respeito a um modelo de trabalho que é realizado parte no escritório e a outra parte à distância, o segundo defende que híbrido também pode significar trazer toda a experiência do regime presencial para o home-office ou qualquer outro espaço fora das dependências da empresa, sem, necessariamente, envolver visitas esporádicas.
Um estudo conduzido pela Open Mind Brazil, em 2020, aponta que 85% dos entrevistados pretendem implantar em suas empresas um misto de home office e trabalho presencial em 2021.
No entanto, mais da metade dos trabalhadores já está quase que 100% do tempo fora do escritório, apontando que há uma tendência para um trabalho híbrido que não exige mais o espaço físico. Nesse sentido, investimentos em tecnologia e segurança precisam acompanhar essa expectativa. Para tanto, é imprescindível pensar fora da caixa e investir em ferramentas que não só permitam que o funcionário exerça suas atividades à distância, mas que façam com que ele se sinta dentro da empresa. Isso é especialmente relevante na contratação de novos profissionais.
Onboarding online
O onboarding, ou, em tradução literal, o embarque do colaborador na empresa, é uma prática que vem sendo preterida em função dos novos processos seletivos que, durante a pandemia, passaram a ser realizados de maneira remota e, muitas vezes, para assumir vagas também à distância.
Essa imersão, em seu significado integral, pressupõe muito mais do que as boas-vindas, mas um período destinado à demonstração dos valores e cultura organizacional, deixando claro ao profissional os princípios que norteiam todas as decisões.
Afinal, causar uma boa impressão não se trata apenas de empatia, mas de integrar o profissional ao time e fazer com que ele se sinta parte da empresa. Tais práticas comprovadamente reduzem o turn over, que é, aliás, o quarto maior desafio enfrentado pelo RH, de acordo com a pesquisa da GPTW.
Ciência de Dados
Embora o Big Data não seja uma novidade, e tanto empresas como profissionais já olham para a gestão dos dados como um ativo valioso, são poucos os profissionais de RH que consideram que suas empresas são boas em capitalizar os insights da análise de pessoas. Apenas 29% têm essa percepção, segundo o último relatório do LinkedIn Global Talent Trends.
Os dashboards ou interfaces de apresentação de indicadores permitem não somente obter indicadores, mas gerenciá-los de forma que eles tragam insights relevantes, principalmente para ações na área de gestão de pessoas.
Mais do que analisar, a ciência dos dados permite traçar programas e metas para melhorar a interação, a produtividade e a participação do profissional, identificando problemas antes que resultem em demissões voluntárias ou baixo desempenho.
Registros já existentes nas empresas escondem informações importantes que podem traçar um perfil e uma visão mais estratégica do colaborador. Unir esses dados com inteligência será o grande desafio do setor de recursos humanos em 2021 e a automação uma grande aliada.
Employee Experience
A maior parte das tendências listadas diz respeito a pessoas e dados. Isso porque nenhuma companhia tem sucesso sem uma equipe engajada e comprometida com os mesmos objetivos.
Muito se fala na experiência do consumidor durante uma compra, mas, assim como o cliente, o empregado precisa ter uma boa referência da empresa em que trabalha. Jacob Morgan, autor do livro The Employee Experience Advantage (As vantagens do Employee Experience, em tradução livre para o português), defende categoricamente que a percepção dos colaboradores impacta não só na marca da empresa como empregadora, mas como marca de consumo.
Nesse sentido, surge o profissional do RH do futuro, que não é mais só um especialista em avisos de férias, rescisões e folhas de pagamento, mas, principalmente, um líder em diversidades, que tem como principal tarefa melhorar o clima organizacional, atrair profissionais e reter talentos.
Processos manuais tendem a se tornar obsoletos, dando lugar aos portais que fazem esse trabalho de maneira automatizada, enquanto os verdadeiros líderes cuidam de pessoas.
Paulo Oliveira é Coordenador de Marketing da Apdata
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