Uma pesquisa realizada pela FIA e FEA/USP sobre o home office forçado pela Covid-19 revelou que 70% dos empresários pretendem seguir a prática após o fim isolamento. Realizado entre os dias 27 de maio e 3 de junho, o estudo mediu a percepção de trabalhadores alocados em cargos de média e alta gestão nesses primeiros três meses da pandemia. Apesar de trabalharem mais do que oito horas por dia e de contarem com pouco suporte de infraestrutura, 7,5 em cada 10 executivos afirmam ter uma percepção positiva da experiência. Mas, para o diretor de projetos da AKMX Arquitetura Corporativa, Romulo Maia Calheiros, as relações sociais não deverão permanecer distantes e intocáveis e os espaços abertos de convivência e interação, assim como os escritórios, não deixarão de existir.
"Não acreditamos nesta perspectiva. Precisamos renovar o nosso olhar e conhecimento sobre a evolução dos escritórios. Sabemos que novas práticas ganharam notoriedade, mas novos termos nascem diariamente nas constantes reuniões virtuais e se misturam com aqueles um tanto esquecidos pelo universo corporativo. Com segurança, prudência e energia, o time AKMX continua a todo vapor. Temos novos escritórios saindo do papel, o que prova que a convivência física deve perdurar", afirma. "Vivemos agora o desafio de nos condicionar a uma evolução acelerada em intelectualidade, espaço e relação interpessoal. Não só de más notícias se vive durante e pós-pandemia. É hora de retomar nossa rotina seja ela normal como antes ou como é agora", ressalta.
Ainda segundo a pesquisa, 47% dos entrevistados afirmam que não contam com nenhum equipamento ergonômico, como cadeiras, suportes para computador e bases para os pés. A infraestrutura de trabalho em casa é, em sua maioria, de propriedade do profissional, assim como as despesas decorrentes com internet (93%) e energia elétrica (97%). Até mesmo o computador corporativo não é realidade para 39% dos trabalhadores.
Para o especialista que possui certificação alemã em ambientes corporativos, o home office se tornou a melhor solução para garantir a segurança de todos diante do grande compartilhamento que era feito e não necessariamente de forma segura, mas ela tem ressalvas. "Esse conceito começa a ser reavaliado com a retomada da economia, pois as empresas têm características muito peculiares e a prática nem sempre atende a todos. Estamos no meio de três etapas bem importantes para o mercado: todo mundo em casa, retomada consciente e pós-pandemia", explica.
"Vemos algumas discussões sobre mudanças radicais nos escritórios, mas qualquer decisão precipitada pode afetar funcionários, clientes e parceiros. Por outro lado, o racionamento ou fracionamento de pessoas nos escritórios, horários menos rígidos e o aumento nos protocolos sanitários são mudanças que vieram para ficar", afirma Romulo.
Segurança
O levantamento ouviu 1.566 pessoas, sendo que 64,4% são de pós-graduados e 42% atuam em posições de alta gestão, como presidente, diretor, gerente, coordenador ou supervisor, recebendo um salário bruto médio acima de R$ 9 mil. A maioria dos pesquisados (58,3%) não trabalhava em home office antes da pandemia. Agora, sete em dez trabalham cinco dias da semana em casa e exercem suas atividades em um cômodo da residência que é compartilhado com outras atividades domésticas.
Para o diretor, novas rotinas poderão ser criadas, mas todo cuidado é pouco ao avaliar soluções definitivas. "Os laços afetivos ainda são essenciais e não existe receita pronta para tudo. O que faremos são ambientes mais seguros, aliados à tecnologia. Nossa atuação na AKMX, por exemplo, sempre foi personalizada. Pessoas e empresas são únicas e essa é a tendência que vai perdurar", conclui.
Foto: Acervo AKMX