Nos últimos dias temos acompanhado uma série de mudanças para tentar barrar o contágio do Covid-19. E a maior adesão ao home office para atender a necessidade de isolamento é uma delas. Afinal, as empresas não podem parar e a alternativa tem sido enviar os funcionários para trabalharem em casa.
Se por um lado essa prática é benéfica (pela redução do estresse decorrente do trânsito, menos emissão de poluentes, mais proximidade com a família e maior liberdade profissional), por outro ela requer cuidados por conta dos problemas que podem decorrer do isolamento social, perda da privacidade e falta de condições materiais e tecnológicas para exercer as atividades.
Sim! O aumento ostensivo e a celeridade para se implantar o home office nos últimos dias alertaram para uma realidade: a maioria das empresas tem esbarrado em uma série de obstáculos. É o que mostra uma reportagem da Tilt (UOL).
Falta preparo tecnológico. Faltam computadores e regras para uso seguro de ferramentas digitais. Também é preciso não colocar as informações de clientes e dos próprios trabalhadores em risco.
"Já está faltando computador. Não tem aluguel de notebook disponível", disse ao canal Amélia Caetano, consultora do Instituto Trabalho Portátil, que cria programas de trabalho remoto e tem entre seus clientes empresas como Braskem, Basf e Banco Votorantim.
Segundo ela, a chegada de novos clientes cresceu 50%. Já as empresas que têm contrato pediram para acelerar a implantação dos programas de trabalho remoto. Normalmente, isso leva um ano, para que as diversas áreas permitam aos poucos que seus colaboradores trabalhem em casa.
A reportagem cita dois cenários: algumas empresas estão traçando planos de contingência, para distribuir os equipamentos disponíveis ou liberando acesso a serviços já existentes. "Se há 1 mil funcionários e 500 notebooks com acesso remoto, distribuem esses equipamentos dentro das áreas após um mapeamento de quais cargos têm de continuar a trabalhar sem interrupção", comentou Amélia.
A corrida para alugar máquinas para colocar o home office em prática o mais rápido possível tem ampliado a demanda de empresas como a Locatech e a Convex, que fornecem computadores a grandes empresas. Mesmo depois de alugar 1,8 mil notebooks na última semana, a empresa comprou outras 1,7 mil máquinas, e mesmo assim há uma demanda de 6 mil computadores.
Outro alerta da reportagem é para o fato de que não basta ceder um computador ao funcionário. De acordo com a consultora do Instituto Trabalho Portátil, é preciso ainda configurar um acesso remoto, o VPN, para que seja possível consultar sistemas dentro do servidor da empresa. Sem falar que programas de gestão, os ERPs, precisam de licenças especiais para acesso remoto.
Na contramão...
Na CI&T a história é outra. Parceira na transformação digital das marcas mais valiosas do mundo com práticas de Design, Metodologia Agile e Filosofia Lean, a empresa tem estreita relação com as tecnologias e não teve problemas na hora de liberar seus colaboradores para o home office.
A curiosidade fica por conta de algumas demandas. Como muitos desses funcionários são jovens e vivem em repúblicas ou apartamentos menores, a solicitação foi uma ajuda de custo para adquirir cadeiras ergonômicas e até mesas. Enquanto a empresa estuda modificações nas políticas para atender esse pedido, a orientação (enquanto o trabalho nos escritórios era permitido) era para que as pessoas sentassem longe umas das outras, além do reforço por parte da equipe de limpeza e conservação, que tem papel fundamental na higienização de superfícies, por exemplo.
De modo geral, a conclusão a que podemos chegar é de que levar funcionários para o trabalho remoto exige um alto nível de maturidade corporativa em relação a tecnologias, processos e regras de confidencialidade das informações.
*Com informações da Tilt (UOL)
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