Notícia publicada em 11 de março de 2019
Levantamento do Green Building Council Brasil aponta o país como um dos protagonistas no movimento de construções sustentáveis, em 2018. De janeiro a dezembro, foram 88 registros (três vezes mais que o ano anterior) de empreendimentos que pleitearam a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ao GBC, organização que concede o selo às edificações de acordo com critérios que estimulam a eficiência energética nestes locais. No acumulado, o país possui 1.345 registros, sendo 533 certificações, em 25 estados mais o Distrito Federal.
Hoje, o país ocupa a quarta posição no ranking mundial de construções certificadas LEED, a frente de 162 países e atrás apenas da China, Índia e Canadá.
O ano passado também ficou marcado pela diversificação do perfil de imóveis que solicitaram o registro. Antes predominado por edificações comerciais de alto padrão, o selo passou a ser requisitado por outros perfis de edificação. Em 2018, as tipologias com maior número de registros foram: prédios comerciais, centros de distribuição, restaurantes, escritórios, shoppings, escolas e hospitais.
Os números do GBC Brasil, respaldados por centenas de casos de sucesso, a relação entre custo e reduções, testemunho das lideranças, e o recente estudo feito por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Odilon Costa e Wesley Silva, apontam que as construções verdes são a melhor opção de negócio no mercado imobiliário. Os dados da pesquisa mostram que o reconhecimento de uma construção comercial como sendo sustentável, em São Paulo, promove uma valorização por metro quadrado na comercialização do aluguel de 4% a 8%.
"Através das certificações, conseguimos contribuir para que as equipes priorizem inovação tecnológica e de processo visando maximizar a eficiência, além de conciliar o desenvolvimento com aspectos ambientais, interesses coletivos e melhor experiência no conforto dos ocupantes", afirma Felipe Faria, diretor executivo do GBC Brasil e presidente do Comitê dos GBCs das Américas pelo World Green Building Council.
Ainda de acordo com Faria, o movimento de construções sustentáveis demonstrou alta resiliência durante o recente período de desafios econômicos e políticos que afetou a construção civil. Já para este ano, estima-se um crescimento de 40% comparado ao ano anterior, sendo que, em janeiro de 2019, já foram registrados 10 novos projetos.
GBC Brasil Zero Energy
A pedido das Nações Unidas, o GBC Brasil e outros nove GBCs aceitaram o desafio de promover edificações autossuficientes. Nesse contexto, com o auxílio de especialistas e suporte do Instituto Clima e Sociedade, em 2017, o GBC Brasil criou a Certificação GBC ZERO ENERGY. O conceito é atestar que em 12 meses corridos de operação a conta entre energia produzida e consumida pela edificação não passe de zero. Tratam-se de edificações altamente eficientes do ponto de vista energético, com geração de energiaon site ou off site, e ainda se permite a compra de até 10% de Certificados de Energia Renovável (REC), que comprovam a natureza da energia que a edificação utiliza. No ano passado, foram oito pedidos de registros para esta modalidade, cinco delas já certificadas. Em dois anos, são 19 projetos registrados, com sete certificações.
GBC Casa & Condomínio
Criada para ser empregada em projetos para o setor residencial, a ferramenta possui alguns pilares fundamentais que tem atraído a atenção de investidores e desenvolvedores a investirem neste tipo de empreendimento: conforto, saúde e bem estar; economia operacional e manutenção; verificação adicional de qualidade; e vantagens econômicas para investidores e proprietários. No ano passado, o GBC Casa registrou nove empreendimentos. No total, são 41 projetos registrados, sendo oito projetos certificados Já o GBC Condomínio obteve seis registros no mesmo período. No acumulado, são 19 projetos registrados, um deles certificado.
O destaque em todo Brasil é a cidade de Curitiba, apelidada por especialistas do setor como "fenômeno" nesta categoria, por concentrar o maior número de pedidos de registros no comparativo às demais regiões. Só na Capital paranaense são 12 pedidos de registros, somando as duas certificações.
"A força do GBC Brasil e a credibilidade do movimento demonstram fortes indícios que o empreendimento residencial no futuro próximo experimentará as mesmas vantagens econômicas que comprovadamente as edificações corporativas LEED possuem no segmento corporativo", alerta Felipe Faria.
Ambientes internos mais confortáveis e certificação para prédios existentes
Apenas no ano passado, o GBC Brasil registrou 22 empreendimentos na categoria LEED ID+C, voltado especialmente para projetos internos em escritórios comerciais, lojas de varejo e estabelecimentos de hospedagem, como hotéis, motéis, pousadas ou qualquer outro estabelecimento que forneça alojamento.
A certificação voltada para o interior demonstra que o movimento está mais próximo ao indivíduo, sendo que os pré-requisitos e créditos dessa modalidade de certificação promovem ambientais mais saudáveis e confortáveis ao ocupante.
Já o LEED O+M, criado para certificar edificações já existentes, ou seja, que já são estabelecidos, mas que desejam se adaptar ao padrão "green building" por serem ultrapassados e por serem grandes consumidores de água e energia, recebeu 39 pedidos de registro.
Foto: SAP Labs Latin America (RS), certificado LEED New Construction em 2011 | Divulgação