Notícia publicada em 8 de fevereiro de 2019
A qualidade do ar é um assunto bastante recorrente, principalmente nas grandes metrópoles. Além da poluição atmosférica, que já causa grandes problemas respiratórios, outro ponto que tem despertado a atenção da população é a questão dos poluentes que encontramos em ambientes internos. São vários fatores que também podem causar riscos à saúde, além dos microorganismos e bactérias encontradas no ar, produtos de limpeza, fumaça, tinta, poeira, cloro, cigarro, entre outros, podem interferir no bem-estar do ocupante.
Engana-se quem pensa que o ar fica contaminado apenas em locais totalmente fechados ou edifícios que já estão em uso, como em casa, na escola ou no trabalho. Muitos não sabem, mas as atividades exercidas em uma obra - lixamento e perfuração de paredes, serrar telhas e tubulações hidráulicas, pintura, verniz ou até mesmo escavações, só para citar alguns exemplos - podem gerar agentes nocivos ao ar. Tais agentes atacam o aparelho respiratório dos trabalhadores e podem contribuir para o surgimento de doenças ao longo do tempo.
No Reino Unido, por exemplo, estudos mostram que 40% dos cânceres originados no ambiente de trabalho correspondem ao ramo da construção civil. Por lá, o índice de vítimas fatais é maior até que o causado por acidentes. O tipo mais comum de câncer no canteiro de obras é o pulmonar, causado especialmente pela exposição à sílica e ao amianto. Vale ressaltar que a aspiração de qualquer tipo de partícula, mesmo a menos danosas, em grande quantidade, pode causar outros males, como deficiência respiratória.
Além disso, um ambiente adequado sem poluição e risco de contaminação pode gerar economia ao empreendimento. Um funcionário doente é prejuízo para a obra, gerando atraso e custo adicional em todo projeto. Sem falar nos problemas com o entorno: as partículas podem causar problemas respiratórios aos vizinhos e, em casos mais extremos, pode ocasionar o embargo da obra.
A saúde de todos os ocupantes também é um ponto de atenção. Muitas obras e reformas são realizadas com a presença de moradores ou funcionários. Mesmo com o ambiente de obra supostamente isolado, a poeira repleta de microorganismos danosos à saúde vai chegar aos demais ambientes. No caso de prédio de uso coletivo, o problema é ainda mais grave.
Atualmente, já existem no mercado soluções eficientes que funcionam de forma ativa, reduzindo a poeira e outros materiais particulados que ficam em suspensão no ambiente de uma obra. Sua ação vai até o problema promovendo a polarização e a decantação das partículas, após deixá-las mais pesadas que o ar retirando-as do ambiente.
O setor da construção civil foi um dos mais atingidos pela crise econômica que afetou o Brasil nos últimos anos, porém se projeta para 2019 um possível crescimento. A expectativa é de que os empresários retomem a confiança e alavanquem a economia com novos investimentos. Diante dessa nova perspectiva, é preciso estar atento ao mercado e suas exigências.
Vemos constantemente um bombardeio de projetos e edifícios com o apelo sustentável, mas é preciso ficar claro que estar ecologicamente correto começa no inicio do processo. Temos que criar, oferecer e proporcionar um ambiente saudável antes do ocupante final. Tudo começa na obra. E as empresas precisam zelar pela saúde de seus colaboradores para que eles estejam aptos para a próxima empreitada.
Henrique Cury é diretor da EcoQuest do Brasil e membro atuante do Qualindoor, Departamento Nacional de Qualidade do Ar Interno da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA)
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