Por Larissa Gregorutti
"Muito mais que alavancar negócios, o Grupas está fincado em três pilares: pessoas, processos e produtos, sendo que em primeiro lugar está o relacionamento com as pessoas em um ambiente de camaradagem, que deve ser cada vez mais fortalecido", pontuou Severiano Santos ao presidir mais uma reunião do Grupo de Profissionais de Facilities, que aconteceu no dia 27/9, na sede da Dow Química em São Paulo.
Com o tema "O trabalho do FM focado nas pessoas", especialistas convidados apresentaram as competências sociosemocionais para gerir com eficácia um time mais feliz e mais produtivo, e informações sobre a Certificação WELL, ferramenta de bem-estar que está revolucionando a gestão do workplace.
Na abertura do encontro, a Gerente de Facilities Andrea Braune e EHS Delivery Technician, Fabiano Pereira da Silva, ambos da Dow Brasil, apresentaram o trabalho desenvolvido pela empresa com foco no cuidado e bem-estar de seus colaboradores.
Com destaque para a questão de segurança, Silva comentou o incidente que aconteceu no México e que movimentou a sede latinoamericana da empresa no Brasil.
"Na madrugada do dia 8/9, recebemos uma ligação informando sobre o terremoto, e que seria preciso localizar viajantes que estavam representando a Dow no exterior. Como acessar essas pessoas era a questão". Então desde às 4h da manhã, profissionais da área de segurança deram início a um trabalho intenso para localizar os 127 visitantes que estavam no México.
Segundo Silva, graças a um serviço de viagens da empresa, foi possível ter acesso rápido a uma lista com o telefone de todos que estavam no local. Porém, como nenhum deles imaginou que a empresa estaria preocupada em localizá-los, alguns desligaram os celulares e outros deixaram o aparelho de lado para procurar abrigo, o que resultou em um trabalho de 15h para encontrá-los.
"Foi um grande desafio, e um imenso aprendizado pessoal", ressaltou o especialista em segurança. Após esse incidente, a empresa criou uma ferramenta de comunicação indireta em cenários de crise. Também passou a indicar que os profissionais mantenham os telefones atualizados, tenham atenção ao celular, especialmente em momento de emergência, e que ao realizar uma viagem, que o profissional comunique data e local de destino, facilitando o resgate, se necessário.
Competências socioemocionais
Segundo o Prof. Ms. Almir Vicentini, o desafio educacional hoje no Brasil é gigantesco e está começando a incomodar pessoas da geração Y que estão entrando no mercado de trabalho. Que entender como lidar com uma geração socialmente e emocionalmente diferente de 15 anos atrás é o grande desafio dentro das empresas.
Vicentini informou que ao contratar um profissional, é preciso levar em conta quais são as suas inteligências múltiplas, pois cada pessoa tem uma preferência e capacidade emocional. Que a liderança precisa saber tirar de cada colaborador aquilo que ele tem de melhor, sem que o colaborador fique traumatizado e tenha grandes esforços.
Para isso, o líder precisa ter maturidade, ou seja, um acúmulo de experiências que auxiliem em tomadas de decisões que sejam rápidas, assertivas e que não impactem negativamente nos seus colaboradores. Além disso, precisa trabalhar a responsabilidade compartilhada com a sua equipe e dosar o grau de habilidade x grau de dificuldade.
Na prática, significa que, se o líder tem uma equipe com grau de habilidade pequena, e compartilha uma tarefa com um grau de dificuldade grande, a tarefa causará ansiedade em seus colaboradores. Já na contrapartida, se a equipe for extremamente capacitada, e a tarefa for com um grau de dificuldade pequeno, o resultado será o tédio.
Outro desafio é que, segundo o conceito da singularidade, hoje é possível viver até os 150 anos. Nesse sentido, como o ser humano está vivendo o dobro do tempo que viveu anos atrás, ele também está demorando o dobro do tempo para amadurecer.
Neste caso, a dica do especialista é criar lideranças que sejam capazes de lidar com os jovens da geração Y, pois são pessoas com fácil acesso a informação, mas que não conseguem filtrar o que realmente importa com o nível de maturidade que têm.
E ressalta que para defender aquilo que acredita, o jovem precisará estar socialmente estável, com uma liderança muito bem apurada e com formação técnico suficiente.
Que para alcançar esse resultado, será preciso desenvolver suas competências socioemocionais, segundo esquema proposto por John e Srivastava (1999) e citado em Almlund et al (2011), conhecido como BIG FIVE: Extroversão (Mundo Externo) / Amabilidade (Cooperativo) / Abertura a Novas Experiências (sem convenções) / Consciência (Eficiência) = Estabilidade Emocional.
Por fim, o líder precisa conhecer quais as preferências do sistema nervoso central, e quais os estilos de aprendizado, para que assim não sejam impactadas negativamente as suas relações com os jovens da geração Y, sem conseguir atingir os seus objetivos.
Certificação WELL
Sobre a Certificação WELL, o engenheiro civil Eduardo Straub esclareceu que esta tem duas variações, a Wellbeing, que trata da mudança comportamental de líderes e de colaboradores para promover o bem-estar no ambiente, e a Wellness, que visa trazer melhorias para o espaço que tragam por consequência mais saúde e qualidade na vida das pessoas.
Straub mencionou que o ser humano passa 90% do tempo em ambientes fechados, e que isso desencadeia uma série de problemas de saúde, levando médicos especialistas a estudarem como o ambiente afeta os sistemas do corpo humano, tendo na Wellness uma opção para promover melhorias.
Segundo o engenheiro, do custo de vida de um edifício, 2% são ativos de projeto e construção, 6% é a parte de operação e manutenção, e 92% é o que se paga de salário para as pessoas que trabalham no edifício. Neste sentido, investir no bem-estar das pessoas é fator fundamental para preservar o maior ativo das companhias.
E exemplificou, "aumentando 10% o bem-estar para as pessoas, aumenta-se a performance para o trabalho e diminui-se a abstenção, assim como as visitas em salas de emergências, impactando em retorno positivo para a empresa".
Para complementar a certificação LEED, a certificação WELL, desenvolvida no Instituto Internacional de Edificações WELL, é um novo padrão voltado inteiramente para a saúde e o bem-estar dos ocupantes do edifício. Ou seja, enquanto a certificação LEED aborda sobre questões ambientais, a certificação WELL trata, por exemplo, da qualidade da água e os seus pontos de consumo.
O WELL possui 105 métricas divididas em sete categorias: qualidade do ar, qualidade da água, alimentação, iluminação, atividade física, conforto e mente. Além disso, o processo de certificação é dividido em três elementos: projeto, políticas internas e facilities.
Straub explica que quando se fala de projetos, se fala de dados materiais de ergonomia, acessibilidade, circulação interna para incentivar que as pessoas caminhem internamente, iluminação adequada, uso de plantas, promovendo o efeito visual integrado a natureza etc. Dentro dessas dimensões, o profissional de facilities management se envolve para implantar as melhorias no ambiente. "Quando você traz o Wellness para dentro da empresa, o funcionário se sente melhor e transmite isso para o cliente dele".
Severiano Santos, Presidente do Grupas, durante a abertura da reunião