Você já parou para pensar o que faz um Gerente de um Clube? Posso garantir que, em média, 60% do seu tempo é Facility Management, dependendo da tipologia do empreendimento - se é esportivo, social ou misto. Em um clube social, por exemplo, o core business é entretenimento, ou seja, o que um associado busca é justamente serviço.
Conforto, tecnologia, atendimento, segurança, qualidade das instalações são premissas básicas da atenção de um bom gestor de clubes e esse perfil se vê em um profissional de FM. Além disso, outras matérias compõem o dia a dia de atribuições e responsabilidades desse gestor, como finanças, eventos, suprimentos, RH, alimentos & bebidas etc.
Normalmente as estruturas administrativas dos clubes são justas, simplificadas. E o peso para a operação desses empreendimentos recai sobre quesitos como: manutenção, limpeza, piscinas, quadras, áreas de lazer, áreas verdes, salas de cinema, bares e restaurantes, controles de acesso - sendo essas as principais meninas dos olhos dos clubes, é a maior fatia na cabeça de um Gestor de Clube.
Pensando em gestão de clubes como oportunidade de mercado para quem é da área de FM, tomo a liberdade de tecer alguns comentários. Existem cerca de 11 mil clubes no Brasil, sendo 5 mil somente na região Sudeste, cerca de 800 no Rio e 2 mil em São Paulo. Se considerarmos que cada empreendimento detém de 50 a 1.000 funcionários, não preciso me alongar muito para mostrar que esse é, sim, um potencial mercado.
Some a esses dados, infelizmente, a violência que assola o brasileiro, levando cada vez mais famílias a procurarem empreendimentos onde possam ter lazer, esporte e convívio em único local, e com segurança. É importante ressaltar que, na contramão da crise brasileira, os serviços premium não demonstram nenhum pouco de queda. Pelo contrário, vem crescendo a passos largos. Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), em 2017, o mercado de luxo cresceu de 11% a 13%.
Mas se existentes oportunidades neste mercado, também há os desafios. E a escassez de opções de profissionalização para a gestão desse tipo de instalação (ou até mesmo inexistência) é um deles. Por acaso você, leitor, já participou de algum curos de administração de clubes? Em caso positivo, peço que nos enviei uma carta compartilhando a direção, pois desconheço qualquer treinamento focado nessa área em todo o Brasil.
O mercado é potente, mas carece de profissionais preparados para atender e não se vê bibliografia sobre a matéria, o que encontramos são cursos e livros sobre gestão de esportes, a maioria de futebol. O que acontece quando um clube precisa encontrar um profissional preparado para atuar? Tenta encontrar na hotelaria, que se assemelha muito. Mas na realidade são universos muito diferentes e normalmente quem estudou e se concentrou em turismo e hospitalidade quer se manter nessa área.
O trabalho é árduo para um headhunter encontrar um gerente, superintendente, gestor de clube no geral, quando na verdade o perfil profissional de um Gestor de Facilities é o que mais tem a oferecer para o gerenciamento de um clube pelas razões citadas acima - se este ainda coleciona experiência na hotelaria - melhor ainda!
Nosso grande ideal é, em um futuro bastante breve, tenhamos criado possibilidades de treinamentos e leituras sobre os temas específicos desse tipo de administração. Estamos nesta luta, trabalhando para que em breve o mercado de FM possa ouvir mais sobre este segmento da administração, que permeia a gestão de esporte, a hotelaria, mas que precisa de você: um especialista em Infraestrutura.
Henrique Martins é presidente do GEC Rio (Grupo de Gestores de Clubes Rio) e Gerente Geral do Paissandu Atlético Clube, retratado nas imagens. [email protected]