Estamos vivendo um momento único para a humanidade, em que o que era importante perdeu importância e o que não era pensado agora é vivido no cotidiano das pessoas. Essas mudanças são tão latentes que estamos presenciando a expansão e descentralização do conhecimento, da economia, da maneira como nos relacionamos, como fazemos negócios, inclusive em nosso estilo de vida. Nos próximos vinte anos, o mundo vai mudar mais do que nos últimos 200 anos.
Até 2030, o mercado de trabalho estará baseado em tecnologias de economia colaborativa, e entre 2030 e 2040, a geração do milênio, que já nasceu na era tecnológica será a primeira geração da terceira idade high-tech. Presenciaremos rmudanças impactantes a cada dia. Até 2040, 50% dos empregos no Japão serão ocupados por robôs e sistemas de inteligência artificial - computação cognitiva; até 2045, um grande percentual da população já terá experimentado o mundo da realidade virtual; e a partir de 2050, teremos uma nova forma de comunicação: brain-computer interface.
Com base nessas estatísticas e tendências, vou convidá-los a uma viagem pelo presente com um olhar no futuro. Há pouco, ninguém sequer poderia se imaginar entrando numa loja, pegando os produtos e saindo da loja com tudo pago. Ou que a maior empresa virtual de varejo não possuiria produtos em seu estoque, ou que a maior empresa de mídia do mundo não produziria nenhum conteúdo, que a maior empresa hoteleira do mundo não seria dono de nenhum quarto, e que a maior empresa de transportes de pessoas, não teria sequer um automóvel. Paradigmas estão sendo quebrados e as formas conhecidas repensadas.
Poderíamos imaginar que um time de futebol, que não possui jogadores e treinador, venderia todos os seus ingressos para a temporada inteira? Poderíamos imaginar uma universidade sem professores, lojas totalmente operadas por robôs, carros que dirigem sozinhos, e postos de combustível sem combustível?
Pois bem, estou falando das empresas Amazon Go (just walk out), Google, Alibaba, Facebook, Airbnb, Uber, San Francisco Deltas, 42 University, The Beam Store, Tesla. Essas são apenas algumas empresas que estão reescrevendo a história e mudando a forma como vivemos.
Vamos analisar fatos que estão ocorrendo no mundo nesse momento:
Em 2013, 13 prisões holandesas foram fechadas porque o país não tinha criminosos suficientes para elas. No final de agosto de 2016, cinco outras prisões tiveram o mesmo destino e várias outras serão desativadas neste ano. A Suécia recicla 1,5 bilhão de garrafas e latas anualmente, uma quantidade impressionante para uma população de 9,3 milhões de pessoas. Os suecos produzem apenas 461 kg de lixo por ano e menos de 1% dessa quantidade acaba em aterros sanitários. Incrível! Os cidadãos controlam sua própria geração de lixo.
No âmbito de reciclagem temos o lançamento do Zera - criada pela WLab - incubadora da Whirlpool Corporation - que é capaz de transformar os restos de comida em adubo orgânico através do processamento desses alimentos. Tudo isso em apenas 24 horas e na sua residência!
Outra ideia projetada foi espelhada em filmes como Star Wars e James Bond. Uma empresa baseada em Estocolmo está desenvolvendo um aparelho intitulado Triton, que permitirá aos humanos respirarem debaixo de água, funcionando como um sistema de guelras artificiais através de uma fibra microporosa responsável pela captura de oxigênio diretamente na água. Imitando Star Trek, uma empresa americana promete resolver um dos grandes problemas da humanidade: a dificuldade de se comunicar com pessoas que falam outras línguas. Isso, graças a um par de fones de ouvido inteligentes. O produto foi batizado de Pilot pela sua desenvolvedora, a Waverly Labs - que fica em Nova York.
Do outro lado do mundo, japoneses inventaram um holograma que pode ser sentido e tocado. Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, construíram uma máquina capaz de transformar hologramas em palpáveis.
Essa invenção do fim do ano passado soma-se a um crescente corpo de protótipos "tele-hápticos" lançado em 2015. Chamada "HaptoClone", a máquina holográfica é composta de duas caixas, uma contendo um objeto e a outra exibindo um holograma desse objeto (seu "clone"). Se um usuário coloca a mão na segunda caixa para interagir com o holograma, consegue senti-lo, graças à pressão de radiação ultrassônica emitida em sua mão.
Também vindo do Japão, um Zoológico usa tecnologia "7D" de holograma ultrarrealista. A empresa Magic Leap que assina a iniciativa, criou uma tecnologia para o público interagir com o que está vendo.
Na área robótica, o primeiro robô tripulado por humanos, METHOD-2, deu seus primeiros passos, mesmo ainda ligado a uma fonte de energia. Com quatro metros de altura, seus braços são controlados por um piloto humano. A empresa coreana Hankook Mirae Technology, em parceria com o designer conceitual Vitaly Bulgarov, desenvolveu e criou esse robô futurista.
Falando em robôs, cientistas do MIT desenvolveram um novo tipo de fibra muscular artificial de nylon que poderá em breve, tornar os robôs mais realistas, para que os futuros androides sejam capazes de flexionar e mover o corpo como fazemos, de acordo com informações da Science Alert. Voltando para a Europa, a Alemanha apresentou recentemente ao mundo o primeiro trem de passageiros totalmente movido por hidrogênio para viagens de longa distância.
Do oriente médio: Dubai inicia projeto Hyperloop One proposto inicialmente pelo cofundador da Tesla, Elon Musk em 2013. O Hyperloop One é um sistema conceitual de transporte de alta velocidade que corre em um tubo de baixa pressão. Os organizadores sugerem que o tempo de viagem entre Abu Dhabi e Dubai pelo Hyperloop One seja de apenas doze minutos, 139 km em 12 minutos!
Inspirado em uma cena clássica do filme Jornada nas Estrelas IV, que apresenta uma invenção do personagem Scotty, o Engenheiro-Chefe da Enterprise - um alumínio transparente chamado Spinel deu força para pesquisadores da U.S. Naval Research Laboratory (NRL) desenvolverem um material transparente que pode ser quase tão resistente quanto a safira. No âmbito da inteligência artificial, a notícia da vez é que o sistema de aprendizagem de uma máquina ganhou a habilidade de escrever seu próprio código. Criado por pesquisadores da Microsoft e da Universidade de Cambridge, o sistema, chamado DeepCoder usa a técnica "síntese de programa", ou seja, cria novos programas reunindo linhas de código retiradas de softwares existentes.
Seguindo relatos sobre Inteligência Artificial (IA), cientistas da IBM criaram neurônios artificiais que "pensam" sozinhos. Em estudo publicado recentemente, pesquisadores revelaram a criação de um conjunto de mais de 500 neurônios artificiais, capazes de interpretar informações e aprender sozinhos. A descoberta permitirá desenvolver um sistema computacional capaz de se comportar como o cérebro humano.
Simultaneamente tivemos a apresentação de robôs com aparência humana nos Estados Unidos e no Japão, como Sophia, um androide com inteligência artificial projetado para replicar expressões faciais humanas com precisão e que ouve frases e responda uma pessoa real.
A androide usa uma pele artificial chamada Frubber, que é à base de silício, com 62 arquiteturas faciais e no pescoço. As câmeras nos olhos permitem que ela seja capaz de reconhecer rostos e manter contato visual. Sophia é mais um passo natural no desenvolvimento cada vez mais veloz de máquinas indistinguíveis de seres humanos. Isso lembra os anfitriões da série Westworld ou os replicantes de Blade Runner.
Em uma linha diferente, a Sony cria a patente de uma lente de contato capaz de gravar vídeos. Diferente de outras lentes e óculos que permitem acesso à internet e criam uma realidade aumentada, a nova patente da Sony é um sistema capaz de gravar vídeos. A gravação é ligada e desligada com o piscar de olhos do usuário e sensores podem detectar se é intencional ou não.
Na área de energia limpa e quase infinita, uma máquina de fusão nuclear alemã assou por testes que confirmam seu funcionamento e pode resolver o problema de abastecimento energético na Terra. Outros países estão realizando testes em paralelo. A máquina faz a mesma coisa que o sol: funde átomos para gerar energia, assim teremos uma fonte inesgotável de energia, estamos muito próximos de conseguir.
Na área de saúde, pesquisadores do National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos disseram ter descoberto um anticorpo produzido por um paciente soropositivo que neutraliza 98% de todas as estirpes de HIV testadas, incluindo a maioria resistente a outros anticorpos de mesma classe.
Em paralelo, brasileiros criam nanopartículas que podem inativar o vírus HIV. Para se reproduzir no organismo, um vírus passa por um processo de ligação das suas partículas às células infectadas, conectando-se a receptores da membrana celular. Com o objetivo de impedir essa ligação e, consequentemente, a infecção, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cepem) desenvolveram uma estratégia que utiliza nanopartículas carregadas de grupos químicos capazes de atrair os vírus, ligando-se a eles e ocupando as vias de absorção que seriam utilizadas nos receptores celulares.
Novamente no Brasil, cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram uma vacina contra o vício em cocaína. A droga ainda está na fase de testes em animais, mas promete acabar com a dependência química do crack também. Esperança para milhões de pessoas que estão na fila de espera por um rim, cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos EUA, pretendem lançar em 2017 o primeiro rim artificial biônico, que imita com perfeição o rim humano.
Cientistas da Universidade de Manchester encontraram a cura para cegueira por meio da substituição de células de visão nos olhos, por intermédio de um novo tipo de terapia genética que é capaz de reprogramar células profundas nos olhos de ratos, que conseguiram perceber luz.
Por fim, um grupo de cientistas franceses criaram uma fita protética, equipada com eletrodos e esticada ao longo da medula espinhal, que em breve permitirá que humanos com paralisia sejam capazes de andar sozinhos após algumas semanas de treinamento. Espero que tenham gostado! Criarei em breve um segundo capítulo das novidades ao redor do mundo. Novidades positivas!
*Ricardo Cancela é co-fundador e CVO (Chief Visionary Officer) da GBDN - Global Business Development Network