O Museu do Amanhã, museu de ciência que se dedica a explorar, pensar e projetar as possibilidades de construção do futuro, localizado na região portuária do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio internacional MIPIM na categoria "Construção Verde Mais Inovadora". O museu tem, entre seus diferenciais, a tecnologia empregada na captação da energia solar e o uso das águas geladas do fundo da Baía de Guanabara no sistema de ar condicionado. O evento de premiação foi realizado no dia 16 de março em Cannes, na França. Com 11 categorias, o prêmio internacional MIPIM Awards 2017 selecionou projetos de 22 países, foram quatro finalistas por categoria. O Museu do Amanhã concorreu com a sede da Siemens, em Munique; o edifício residencial 119 Ebury Street, em Londres; e a fábrica da Värtan Bioenergy, em Estocolmo.
Em 2016, as diretrizes sustentáveis do Museu do Amanhã também foram reconhecidas com o selo Ouro da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design ou Liderança em Energia e Projeto Ambiental, em português). Foi o primeiro museu do país a obter este reconhecimento no segundo mais alto nível de classificação. "Em um museu onde se busca entender as possibilidades de futuro, a questão ambiental torna-se protagonista", afirma Rosana Correa, diretora da Casa do Futuro, que acompanha o desenvolvimento do projeto desde 2010.
O empreendimento é preparado para ser totalmente monitorado e automatizado por meio do seu sistema de medições e automação; conta com sistema de painéis fotovoltaicos que se movimentam de acordo com a posição do sol, para maximizar a geração energética e o sombreamento da cobertura; apresenta sistema de troca de calor com as águas da Baía de Guanabara, recurso que traz economia de milhares de litros de água por dia. O resultado das ações é uma edificação que economiza até 50% de energia se comparado a construções convencionais.
Sobre a destinação de resíduos, foi feito o reaproveitamento de sobras das estacas das fundações para a construção dos barracões, ação que poupou toneladas de aço. Além disso, durante as obras, quase 90% dos resíduos foram encaminhados para reciclagem.
A metodologia integrada no desenvolvimento dos projetos resultou em ganhos com eficiência e desempenho nas questões ambientais, que fazem parte da missão e do DNA do museu. "A premiação do museu é um ganho para o mercado da construção civil brasileira. Começa a cair o mito de que a sustentabilidade é apenas ambiental e não tem viabilidade técnica ou econômica. Trabalhamos desempenho, segurança, custos, retorno de investimento, ganhos de cronograma, ganhos na operação, entre outros", ressalta Rosana.
A construção do Museu está incluída no conjunto de obras da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro realizadas pelo Consórcio Porto Novo, através da maior Parceria Público-Privada (PPP) do país. O Museu do Amanhã é uma iniciativa da Prefeitura do Rio, concebido e realizado em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo, tendo o Banco Santander como Patrocinador Master e a Shell como mantenedora. Conta ainda com a Engie, IBM e IRB Brasil Resseguros como Patrocinadores, o Grupo Globo como parceiro estratégico e o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Ambiente, e do Governo Federal, por intermédio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A instituição faz parte da rede de museus da Secretaria Municipal de Cultura. O Instituto de Desenvolvimento de Gestão (IDG) é responsável pela gestão do Museu.
Segundo Felipe Faria, diretor-executivo do Green Building Council Brasil e presidente do Comitê dos GBCs das Américas pelo World Green Building Council, os benefícios da certificação LEED, em seus diversos níveis, se refletem no campo ambiental, social e econômico. "Do ponto de vista ambiental, obras certificadas garantem a extração racional de recursos naturais, redução do consumo de água e energia, mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e de outros impactos ambientais etc. Já os ganhos sociais são percebidos na questão da segurança e na priorização da saúde dos ocupantes, melhora no desempenho do aprendizado de alunos em escolas, no aumento do senso de comunidade, na capacitação profissional, aumento da conscientização, entre outros; e, finalmente, do ponto de vista econômico, nota-se a diminuição dos custos operacionais, dos riscos regulatórios, além da valorização do imóvel para revenda ou arrendamento, entre outros", completa Felipe.
Foto: Byron Prujansky / Divulgação Museu do Amanhã