A antiga sede do Cine Plaza, um dos ícones dos tempos de ouro da Cinelândia, está de roupa nova no Centro do Rio de Janeiro. Construído em 1934, o prédio em estilo Art déco chama-se agora BVEP Nigri Plaza e teve toda a estrutura modernizada. No retrofit, a fachada externa e o foyer foram restaurados de acordo com a planta original. A antiga sala de projeção deu lugar a um auditório multifuncional com capacidade para 220 pessoas. O empreendimento foi inaugurado no dia 11 de abril.
Localizado na Rua do Passeio, o edifício tem 17,3 mil metros quadrados de área construída, sendo andares de escritórios, além de estacionamento e bicicletário no subsolo. Para atrair o público corporativo, os empreendedores apostam nas opções de mobilidade urbana da região - a dez minutos do Aeroporto Santos Dumont e servida por metrô, VLT, diversas linhas de ônibus e estacionamento privado. Outro diferencial é a vista privilegiada para alguns dos principais cartões postais da cidade, como o Aterro do Flamengo, o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e os Arcos da Lapa.
Foram investidos R$ 150 milhões no projeto, desenvolvido pela BVEP, empresa de empreendimentos e participações do Banco Votorantim, e pela incorporadora carioca Nigri Engenharia, que também revitalizaram o antigo Cine Vitória, na mesma região. Além desses dois empreendimentos, outros quatro prédios da região central do Rio foram restaurados com as técnicas do retrofit: Belga Hotel e os edifícios Galeria, Serrador e Amadeus Mozart, o Amarelinho.
Sustentabilidade e resgate histórico
Ainda durante a execução da obra, que começou em 2013, o BVEP Nigri Plaza conquistou a certificação internacional LEED Gold. Concedido pelo Green Building Council dos Estados Unidos, o selo avalia o desempenho ambiental de uma edificação. O prédio possui sistemas de uso racional de água e energia (que reduzem o consumo em até 40%) e seis elevadores panorâmicos inteligentes, que armazenam energia para uso próprio. Além disso, quem alugar o 14º pavimento terá acesso exclusivo a 480 metros quadrados de área verde, com espécies nativas da Mata Atlântica, e um reservatório de reuso de águas pluviais para irrigação do jardim.
Também durante a obra, uma parceria dos empreendedores com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) revelou detalhes do passado. O terreno fica onde antes se localizava a Lagoa do Boqueirão, aterrada no século 18 para a construção do Passeio Público. Durante as escavações foram encontrados louças, moedas e objetos de uso pessoal datados dos séculos 18 e 19. O Iphan recolheu, catalogou e armazenou cerca de cinco mil peças e achados arqueológicos, um investimento de R$ 1,5 milhão.
Tendência de mercado
A escassez de terrenos disponíveis para construção de novos imóveis no Centro do Rio tem dado espaço a este processo de modernização e readequação de edificações antigas que mantém algumas de suas características originais. Esta é uma das soluções que o mercado imobiliário tem usado para atender às demandas por escritórios de alto padrão no coração financeiro da cidade.
Raphael Nigri, diretor-executivo do Grupo, diz que, além de contribuir para preservar o patrimônio arquitetônico, a opção pelo retrofit foi pensada para melhor eficiência do projeto, impactando também no custo do empreendimento. "O Plaza é um empreendimento completo, com localização privilegiada, ampla rede de transportes, vista privilegiada, preocupação com a sustentabilidade e modernidade em conjunto com o resgate histórico".
Para o diretor da BVEP, Luiz Renato Paim, o projeto é a consolidação da visão da instituição que é trabalhar por um desenvolvimento urbano mais humano, prezando pelo diálogo e pela sustentabilidade. "O mundo está repensando a forma como as cidades são ocupadas e o projeto de retrofit do Cine Plaza traz soluções inovadoras para empresas, cidadãos e investidores, tornando-se alternativa funcional no Centro da cidade do Rio", afirmou.