19º Congresso InfraFM
 

Do auxiliar de limpeza ao presidente: segurança é responsabilidade de todos

Para especialista, prevenção de incêndios é urgente e negligência pode ser explicada através dos três pilares da manutenção.

Por Natalia Gonçalves

Do auxiliar de limpeza ao presidente: segurança é responsabilidade de todos

Foto: Canva.com/ Irontrybex


A mudança de mentalidade sobre a prevenção de incêndios precisa mudar. Para Alberto de Souza, especialista em gestão de manutenção e operação, a segurança é uma responsabilidade de todos, do auxiliar de limpeza ao presidente da empresa. Durante 15 anos, Alberto atuou como técnico volante em grandes empresas do ABC paulista, de montadoras a universidades, mas revela que nunca presenciou treinamentos ou simulações de prevenção a incêndios nesses empreendimentos.

Contudo, segundo o profissional, ainda existem empresas empenhadas em realizar treinamentos, unir brigadistas e aprimorar o departamento de manutenção e operação. “Agora, existem outras que, infelizmente, são a maioria e teimam em desvalorizar as manutenções periódicas e as intervenções para melhoria dos sistemas”, afirma.

Do auxiliar de limpeza ao presidente: segurança é responsabilidade de todos

Para ilustrar, Souza cita o reconhecimento da deficiência do Sistema de Incêndio somente quando o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiro (AVCB) está prestes a vencer. “Assim, a ‘toque de caixa’, liberam as verbas, mas isso tem uma consequência. Aliás, tudo que é feito nas pressas nunca sai perfeito: fica mais caro pela correria; impossibilita o planejamento; é difícil de fiscalizar; e se perde uma oportunidade de conhecer melhor o sistema”, diz.

Leia também: A saúde dos edifícios e do corpo devem ser tratadas da mesma forma, defende especialista


​“Em todas as empresas que trabalhei, posso dizer que o ‘problema’, ou melhor, os fatores que sempre estão em pauta nas discussões entre uma boa manutenção ou uma má manutenção são: dinheiro, equipe e indicadores de performance (KPI’s)”, observa Alberto. Neste sentido, ele analisa cada um dos pilares da manutenção:

- Dinheiro:  a maioria das empresas ainda tem o conceito de que a manutenção só gasta. Em partes, existe um pouco de verdade nessa colocação, afinal a manutenção não produz diretamente, como o setor produtivo da empresa, e não vende, como o departamento comercial. No entanto, indiretamente, se não tiver o eletricista para ligar a chave geral da empresa, os outros departamentos não funcionam. Eu tenho uma frase que resume bem isso: “o departamento de manutenção só é lembrado em eventos da empresa, se faltar energia no local ou se o microfone do CEO, na hora que ele estiver falando, não funcionar”. Isso mostra que um departamento sem reconhecimento sofre com falta de verbas, pois ao economizar em uma manutenção programada, vai gastar em uma manutenção de correção e o custo é bem maior - dependendo da urgência do problema.

- Equipes: ao ser admitido como coordenador de serviços, na matriz de uma das maiores varejistas do Brasil, dei de encontro com um funcionário que era chamado de “senhor faz tudo”. Inclusive, ele acionava o disjuntor de média tensão (13,8kv) sem nunca ter feito um curso de eletricidade básica. No meu pouco tempo de empresa, consegui um curso gratuito ao lado da casa dele. Assim, após anos de empresa, ele foi conhecer um pouco do que era eletricidade. Antes da minha admissão, o eletricista oficial teve um acidente em um painel elétrico que deformou o próprio rosto. Apesar disso, essa grande varejista não mudou o jeito de pensar em relação aos profissionais. Isto é, quero dizer que profissionais capacitados e treinados, com ferramental adequado (EPI’s e EPC’s) e em dia são uma segurança para todos, assim como a manutenção tem tudo para ser regular e sem sobressaltos.

- KPI’s: os indicadores de desempenho são ferramentas maravilhosas e as empresas em geral apostam na melhoria da conservação dos ativos. Só que para isso funcionar, precisamos dos dois primeiros itens para formar um tripé.  O problema é que as empresas possuem a visão do resultado pelo resultado: não importa como foi feito, mas a entrega do resultado.  E se essa entrega não chegar, independente se o “tripé” estiver manco, alguém vai pagar. É como no futebol, quando o time começa a perder, não importa qual o problema, se é incompetência do técnico ou não, ele perde o cargo.

De pequenas empresas a grandes multinacionais, a mentalidade em relação ao assunto deve mudar a nível cultural. “O ideal seria que o funcionário ao chegar na empresa, no primeiro dia de trabalho, não vá para o setor dele, mas, sim, faça um tour pela edificação para conhecer as saídas de emergência, os locais de extintores, os hidrantes, o reservatório de água, a equipe de manutenção e os bombeiros civis, assim como conhecer os quadros espalhados com o layout da companhia”, ressalta Souza.


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