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Encontro internacional traz o tema da limpeza profissional com capacitação

Encontro internacional promovido por ISSA, WFFSC e FACOP, traz o tema da limpeza profissional como valor absoluto, desde que haja capacitação.

Por Léa Lobo

Encontro internacional traz o tema da limpeza profissional com capacitação

Foto: Divulgação


ISSA (Advancing Clean Driving Innovation), WFFSC – World Federation of Facility Services Contractors e FACOP – Fundação de Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilities promoveram a 2ª edição do Forum Pulire America (ISSA) e a 2ª edição do Foro Iberoamericano (WFFSC) no último dia 30 de junho, no Rio de Janeiro, na sede da Fecomércio RJ.

Adonai Arruda, Presidente da Facop e Diretor do WFFSC abre o evento agradecendo todos os presentes e os convidados que estavam representando entidades internacionais do setor de Limpeza e Conservação vindos do USA, Itália, México, Colombia, Argentina, Espanha, Chile, bem como os representantes de entidades do Brasil, como a Febrac, Fecomércio RJ, Siemaco e Conascon, e políticos presentes, que juntos objetivam levar para todo o mundo o tema da limpeza profissional para outro patamar de valor. Em especial, agradeceu ao Presidente do Seac-RJ, Ricardo Garcia, por sua dedicação e contribuição para a realização do evento.

Destacamos agora temas colocados por alguns painelistas, como Toni D’Andrea, CEO da Issa Pulire Network e Diretor da ISSA EMEA – Itália. Toni D’Andrea começa: “Gostaria de dedicar alguns minutos para discutir o cenário que estamos enfrentando, os novos modelos de desenvolvimento de um setor. O mundo dos serviços passou por uma mudança de paradigma, as expectativas e necessidades mudaram, e todos nós também mudamos. Meu ponto de partida será apresentar dois dados para então traçar uma análise que visa focar no que precisaremos trabalhar nos próximos anos. Até o momento, a Covid-19 afetou milhões de pessoas em todo o mundo, um dado impressionante que descreve a gravidade do que ocorreu nos últimos anos.

Nessa circunstância dramática, concordou-se que a única maneira de desacelerar a propagação da doença seria através da instituição obrigatória do confinamento. Foi exatamente nesse período que o cenário de trabalho mudou, muitas vezes de forma reversível. O trabalho ágil está presente em 91% das grandes empresas, e 51% delas já modificaram seu ambiente de trabalho. Nas pequenas e médias empresas, esse número é de 35%, e na administração pública é 25%. Atualmente, as pessoas trabalham remotamente cerca de 9,5 dias por mês, em qualquer lugar que não seja o escritório.

Pesquisas na Europa mostram, após anos de avaliação, que o trabalho remoto costuma ser mais eficiente e é muito apreciado por aqueles que tiveram a oportunidade de trabalhar com flexibilidade, facilitando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Por isso, acreditamos que será cada vez mais difícil para as organizações forçarem o retorno ao escritório. Organizações que adotam políticas de trabalho ágil, flexível e remoto não precisam mais de espaço físico para todos os funcionários, o que está transformando os espaços disponíveis. As empresas estão abandonando as mesas tradicionais e adotando estações de trabalho híbridas e compartilhadas. Além disso, surgiram espaços de trabalho compartilhados, como coworkings, projetados para os grandes centros, a fim de promover locais de trabalho próximos e reduzir os deslocamentos.

Essas mudanças não se aplicam apenas aos serviços de escritório. A mobilidade urbana também sofreu uma redução de quase 60%, com a transformação dos carros particulares em meios de transporte alternativos, como scooters, ciclomotores, patinetes e bicicletas. Essa infraestrutura de mobilidade garantirá sua sustentabilidade econômica, com uma área de captação significativamente reduzida. Pense em uma empresa cujo principal negócio é fornecer serviços de buffet. Cantinas de empresas, bares, restaurantes e operadores de cadeias de fast food que forneciam serviços de buffet para funcionários de escritórios sofreram contrações consideráveis no número de usuários e clientes. A opção pelo trabalho em casa reduziu substancialmente o faturamento desses estabelecimentos. Durante os anos da pandemia, o faturamento caiu 90% em relação ao período pré-Covid. Atualmente, estamos cerca de 40% acima dos números de 2019. Paralelamente a esses desafios, os serviços de entrega em domicílio estão aumentando seu subsídio e cresceu mais de 55% nos últimos doze meses.

Além disso, pense na ocupação dos espaços de escritório, que se tornaram inutilizados. Grandes andares que antes eram ocupados por centenas de trabalhadores agora estão quase desertos. Todos os serviços relacionados ao local de trabalho foram drasticamente reduzidos, desde a limpeza dos espaços até o uso de serviços de entrega. As instituições de ensino e treinamento vocacional também estão sujeitas a mudanças diretas na forma de atuação. O fornecimento à distância e não presencial mudou as regras do jogo.

Em resumo, estamos enfrentando uma revolução no mundo dos serviços. A casa, a residência particular, o lugar que antes era privado e quase íntimo, tornou-se o centro de nossas atividades. Quase tudo acontece em casa. Basta ter um telefone, computador ou terminal rápido para trabalhar com o mundo. É nesse novo cenário, um tanto perturbador e inesperado, que queremos repensar nosso trabalho e nossas atividades. Os espaços em que vivemos e trabalhamos podem ser muito diferentes do passado. Eventos como o do Rio são a melhor oportunidade para repensarmos nossos negócios juntos. Nessa exortação para reformular nosso trabalho, podemos ser os melhores interlocutores. Ao longo desses anos, representamos o maior observador do setor, capturando tudo o que acontece no mundo dos serviços de limpeza.

Podemos compartilhar um modelo de desenvolvimento que analisa novas atitudes e define um período de novas ações. Os novos cuidados impostos pela experiência da pandemia, no que diz respeito à prevenção e controle, não nos permitem governar melhor certas situações, especialmente as relacionadas à saúde. Hospitais, casas de repouso, jardins de infância, todos exigem nossa contribuição e conhecimento para garantir segurança e saúde. A capacitação se torna, então, uma questão essencial que não pode ser deixada nas mãos da vontade de empresários ou governantes esclarecidos que decidem investir em suas equipes.

Permita-me dizer uma última coisa antes de me despedir: estamos dizendo que o setor de serviços que representamos tem um grande objetivo. Nosso trabalho produz qualidade de vida para outras pessoas, e nunca devemos esquecer que a promoção de um valor inegociável de fraternidade também depende de nós.

Já o Dr. Gavin Macgregor-Skinner – Sênior Director, Global Biorisk Advisory Council ISSA; enfatizou que tem como meta aumentar a conscientização e desenvolver protocolos e sistemas com educação de ponta para a indústria global de limpeza, capacitando instalações, empresas e profissionais de limpeza para criar ambientes seguros. “Precisamos de mais educação, precisamos melhorar nossos processos, afinal somos os professores da limpeza e usamos a ciência para ensinar”, defende Gavin.

Frente a ISSA (International Sanitary Supply Association), que é uma associação global que atua no setor de limpeza, higiene e manutenção de instalações, Gavin lidera uma certificação reconhecida internacionalmente chamada GBAC (Global Biorisk Advisory Council) para profissionais e instalações que desejam demonstrar o compromisso com padrões rigorosos de limpeza e segurança. A certificação GBAC é um programa abrangente que aborda os aspectos essenciais da limpeza, desinfecção e prevenção de riscos biológicos. Ela é projetada para ajudar as organizações a implementar e manter práticas eficazes de limpeza e higiene, especialmente em ambientes sensíveis, como hospitais, instalações de cuidados de saúde, instalações esportivas, hotéis e muitos outros.

Para obter a certificação GBAC, as instalações e os profissionais precisam passar por treinamentos específicos e atender a critérios rigorosos em áreas como gerenciamento de riscos biológicos, limpeza, desinfecção, práticas de segurança e resposta a emergências. Além disso, a certificação requer que as instalações tenham planos de ação para prevenir a propagação de doenças infecciosas e sigam procedimentos adequados para a limpeza e desinfecção de superfícies. Ao obter essa certificação, reconhecida internacionalmente, as organizações e profissionais demonstram seu compromisso em fornecer ambientes limpos, seguros e saudáveis para seus clientes, funcionários e comunidades em geral.

Por fim, Gavin deixa uma pergunta para a audiência do evento: Quando você paga por um determinado contrato de serviço de limpeza, como você demonstra qual é o retorno desse investimento para a sua empresa? 

Encontro internacional traz o tema da limpeza profissional com capacitação

Romeu Cancelli Baldiserra, CEO da Maxitex, Cassia Almeida e Mário Guedes,Doutor em Ciências Biológicas e professor da FACOP

 

Painel Certificação e sustentabilidade na limpeza profissional

A consultora de assuntos extra fronteiras, Cássia Almeida, inicia seu discurso compartilhando sua participação em um recente evento, destacando um dos painéis que abordou a vida útil dos smartphones. Foi mencionado que os smartphones têm a capacidade de durar até 15 anos, mas o slide seguinte informava que em 2022 foram descartados 5 bilhões de smartphones, evidenciando um consumo inconsciente e pouco sustentável. Isso ressalta a conexão entre sustentabilidade e consumo, e destaca a velocidade das mudanças ocorrendo atualmente.

A consultora brincou com os painelistas Romeu Cancelli Baldiserra, CEO da Maxitex, e Mário Guedes, Doutor em Ciências Biológicas e professor da FACOP, mencionando que, em tempos anteriores, não teria podido palestrar em um evento usando um tênis. Ela destaca que agora possui um tênis reciclado, fabricado com material totalmente reciclado, representando uma economia circular completa e sustentável, um produto sustentável da divisão Ecosolutions, da Maxitec.

Cássia Almeida menciona que nos anos 60 houve a primeira manifestação pública sobre a finitude dos recursos naturais, levando à consciência de sua escassez. Ela destaca que em junho, no início do mês, a humanidade já consumiu mais de 74% dos recursos naturais que o ecossistema pode regenerar. Isso mostra que a Mãe Natureza está pedindo socorro e que a questão da sustentabilidade não se restringe a um grupo específico, mas diz respeito a todos, inclusive às empresas.

Ela menciona o lançamento do IPO da empresa fictícia “Terra” pela Bolsa de Valores do RJ, em parceria com a B3, como uma ação do Pacto Global, braço empresarial da ONU. Embora a empresa fictícia tenha um balanço negativo, ela tem potencial para se regenerar devido aos milhões de possíveis investidores. Essa ação teve repercussão global e é possível acompanhar seu desempenho com base nas condições da natureza. Isso demonstra como a sustentabilidade está se tornando cada vez mais exigida, com a necessidade de empresas demonstrarem suas ações e impactos, além de suas intenções futuras.

A consultora enfatiza que a sustentabilidade é um assunto empresarial e destaca a importância do relacionamento interno da empresa, políticas de diversidade, combate ao racismo, capacitismo e etarismo. Ela menciona a necessidade de escolhas conscientes e alerta para relatos de empresas que se autodenominam sustentáveis, mas não fiscalizam seus fornecedores e prestadores de serviços, resultando em relatórios malfeitos ou com informações enganosas, caracterizando o greenwashing. Isso leva a uma reputação negativa, sendo mais caro recuperar uma reputação do que mantê-la.

A executiva destaca que as pessoas estão no centro das ações de sustentabilidade, pois são elas que criam regras, definem valores, implantam cultura e executam ações. Ela enfatiza que a reputação de uma empresa é definida pela soma das ações das pessoas que a compõem, e ações negativas terão impactos negativos. Ela conclui ressaltando a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como métricas do ESG, abordando temas como combate à fome, educação de qualidade, emprego e consumo consciente. Por fim, Cássia Almeida convida Romeu Baldissera e Mário Guedes a continuarem o debate. 

Mário Guedes inicia destacando a Fundação do Asseio e Conservação, Serviços Especializados e Facilites (Facop) fundada em 2002 tem se destacado como pioneira, oferecendo qualificação, capacitação e serviços relacionados a emprego, medicina e segurança do trabalho. Ele enquanto professor na entidade que tem como princípios e valores não só a parte ambiental, social, financeira, inclusive pautadas pela ciência disse que a partir disso é que começam a trabalhar em pesquisas e certificação para equipamentos de limpeza profissional. 

Romeu Baldissera, CEO da Maxitex, disse que tem como princípio deixar apenas pegadas e lembranças na natureza. Em 1993, fundou a empresa com o propósito de criar soluções sustentáveis e melhorar a vida das pessoas. A empresa fabrica fios e equipamentos de limpeza utilizando materiais naturais, ecológicos ou sustentáveis. A Ecosolutions, uma divisão da empresa, é especializada em logística reversa voltada para a reciclagem de resíduos têxteis, principalmente uniformes usados, transformando-os em novos produtos. Por meio de um processo de produção interno, garantem que todas as etapas sejam realizadas de forma ambientalmente segura, sem causar danos ao meio ambiente. “Nossa missão é auxiliar as empresas na correta destinação de seus resíduos têxteis, gerando impacto social e ambiental positivo”, destacou o CEO.

Baldissera relembra que por meio de seu relacionamento com David Drake, da Spartan, ele conheceu a Facop e propôs transformar os uniformes da instituição e os equipamentos de limpeza. Desafiou a instituição de ensino a criar uma norma para certificar a qualidade desses produtos, visando estabelecer um padrão de qualidade e comparabilidade no mercado brasileiro.

Na América Latina, várias entidades, representadas por seus presidentes, estão empenhadas em melhorar o mercado. No entanto, essa meta envolve diretamente a participação dos contratantes de serviços especializados em limpeza e conservação. Um painel, moderado por Ricardo Garcia, presidente do SEAC-RJ, reuniu Maria Del Pilar Rodríguez, da Fenaseo/WFFSC da Colômbia; Edmilson Pereira, da Febrac, representando o Brasil; Norberto Peluso, Secretário da WFFSC da Argentina; Moacyr Pereira, do Conascon; Maria Del Alba Carmona López, da Afelin da Espanha; e Richard Ivan Soriano Lopez, da ADS do Chile. Cada um deles mencionou as dificuldades sindicais e econômicas em seus respectivos países, mas concordaram que a capacitação é o maior desafio enfrentado pelo setor.


Por meio de seu relacionamento com David Drake, da Spartan, Baldissera conheceu a Facop e propôs transformar os uniformes da instituição e os equipamentos de limpeza. Desafiou a instituição de ensino a criar uma norma para certificar a qualidade desses produtos, visando estabelecer um padrão de qualidade e comparabilidade no mercado brasileiro.

A Facop vê os profissionais de limpeza como agentes de saúde e promotores do bem-estar da população, mas também propõe que sejam agentes de sustentabilidade ambiental. Em parceria com a Maxitex eles se propuseram a responder quanto tempo duram os equipamentos de limpeza e estabelecer uma norma para avaliar sua durabilidade.

Após um ano de pesquisa, utilizando uma metodologia própria, testaram os equipamentos em dois locais: na sede da Facop e em uma unidade básica de saúde. Eles coletaram dados mensalmente, como peso, comprimento e largura, para obter informações sobre a durabilidade dos equipamentos.

Descobriram que a durabilidade dos equipamentos pode chegar a quatro meses, dependendo de fatores como gramatura, local de uso e o uso adequado de produtos químicos. Além disso, perceberam que a capacitação dos profissionais e o uso de produtos corretos podem aumentar a durabilidade dos equipamentos em até quatro vezes.

A Facop se propõe a certificar equipamentos de limpeza em uso próprio, utilizando sua infraestrutura e know-how científico. Eles estão abertos a realizar estudos em prol dos produtos químicos e a testar outros equipamentos de limpeza. O objetivo é qualificar o mercado brasileiro e estender essas práticas para a América Latina, estabelecendo um laboratório com ensaios de lavagem e testes físico-químicos.


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